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Digimon Adventure: 30 Memórias Perdidas

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Digimon Adventure: 30 Memórias Perdidas - Página 3 Empty Re: Digimon Adventure: 30 Memórias Perdidas

Mensagem por Rayana Seg Abr 09, 2012 12:14 pm

LOL!! Isso foi um mega epic fail que eu dei no RPG, para variar. xDDD Ninguém reparou se não a Robyn Yume, que fazia de Sora na época, mas acabou por ficar mesmo assim.

Maf, THANKS!!
E já que estou numa de posts... segue a memória com o PIE



17ª Memória


Título: Destino
Género: Geral, Drama
Dia de Publicação: 3 de Agosto 2010
Temporada: Antes de Digimon Adventure
Personagem(ns): Gennai, Kentarumon, Piemon
Classificação: K (todas as idades)

Destino

O silêncio apoderava-se da escuridão. Não havia sinais de luar… apenas uma névoa estranha que cobria o bosque e rodeava a silhueta de um enorme castelo longínquo. Um sopro de vento frio ondulava no ar, como se tivesse soprado algumas das poucas estrelas do céu… espalhando nuvens densas e carregadas no céu nocturno…

Então, no meio das sombras da floresta, apareceram duas silhuetas. A figura de um idoso baixinho, escoltado por outra enorme figura de perfil bizarro. Ele parecia ser metade de um cavalo e metade de um homem.

Ambos apareceram como por magia frente a um lago, de onde irradiava uma misteriosa luz – a única fonte de iluminação daquele lugar, que se extinguiu rapidamente e devolveu ao lago a sua aparência normal, assim que os dois saíram do seu interior.

- Então… é verdade – murmurou a gigantesca criatura com uma voz masculina e séria. A cabeça estava protegida por um elmo prateado, com uma viseira. Foi através dela que o centauro olhou para o céu, com o seu único olho.

O homem velho não pronunciou uma palavra. Ambas as suas mãos permaneceram unidas atrás das suas costas ligeiramente curvadas, enquanto observava a superfície silenciosa do lago, atrás de si, com uma expressão muito preocupada.

- Peço desculpa. Não consigo acreditar ainda que os quartos guardiões tenham sido capturados. Os Digimons mais poderosos de toda a Digital World… Parece mentira! - acrescentou a criatura, olhando para baixo para observar o idoso.

O interlocutor deixou fluir um vago suspiro, cabisbaixo.

- Sim… - murmurou ele - …e aquilo que me deixa perturbado é que… não estou certo de que a profecia possa ser cumprida sem a presença e preciosa ajuda de Quinlongmon-sama…

Mais uma vez, caiu silêncio entre eles. Ouviu-se um suave remexer molhado de água, provavelmente provocado por algum peixe do lago. A atmosfera sinistra era quase palpável no ar.

- Gennai… Não é Minotarumon quem está encarregado de guardar o labirinto da Ilha File? – perguntou a criatura intrigada – Ele conhece muito bem aquelas ruínas. Talvez possa dar-nos uma mão para descodificar a profecia…

Todavia, para sua surpresa, seguiram-se alguns momentos de tensão, que obscureceram ainda mais a expressão de Gennai. A brisa gelada aumentou, de algum modo, sincronizada com o teor da sua resposta…

- Kentarumon… Lamento imenso. Mas receio que Minotarumon tenha perdido a vida a tentar proteger aquele lugar…

A suave brisa intensificou-se, transformando-se num vento revolto, que soprou forte. Kentarumon fitava Gennai, chocado. O velho respirou fundo, observando o seu próprio reflexo na água ondulante.

- Parece ter sido obra de um dos Mestres das Trevas… - murmurou com tom sinistro – Devimon nunca se incomodou tanto com a profecia como os companheiros dele…

- Mas… - Kentarumon tentava falar, profundamente abalado com a notícia – G-Gennai! Eu pensava que a ilha File estava escondida dos Mestres das Trevas! Os digimons escolhidos estão lá!

Gennai olhou inquieto para o digimon centauro.

- A ganância de governar este mundo é tão grande, que não poupam o mais pequeno território além do continente. Mesmo que as ilhas dispersas sejam pequenas… elas estão sob controlo das trevas.

- Então… os digimons escolhidos estão?

- Eles estão em segurança… ainda. Mas o tempo urge.

Trocaram olhares por segundos silenciosos. Foi então, que o vento mudou bruscamente, ficando mais forte e formando uma espiral em redor deles.

- O que..?

Um pequeno furacão acercou-se deles. O centauro retraiu-se e protegeu Gennai mecanicamente, impedindo que o vento o empurrasse.

- O que se passa? – exclamou.

Uma gargalhada cruel e abrupta estalou, fazendo Kentaurumon e Gennai sobressaltarem-se, alarmados.

- Nós temos os nossos próprios recursos. E aquele digimon… Tsk! Não passava de uma ratazana no nosso caminho – interrompeu uma terceira voz zombeteira.

Gennai e Kentarumon ficaram inquietos e apressaram-se a tentar encontrar o dono daquela voz. Não encontraram ninguém à vista…

- Quem está aí? – ordenou a voz poderosa e masculina de Kentarumon.

- Oh, por favor… Perdoem a minha falta de maneiras. Que vergonha! – a voz proferiu em tom provocante – O Gennai já sabe quem eu sou… Porém, deixem que eu me apresente.

Devagar, uma terceira criatura apareceu diante deles, sobressaindo da escuridão da floresta. Kentaurumon e Gennai viram-no.

Era a silhueta de um homem magro e muito alto, que levitava suavemente a vinte centímetros do chão, aproximando-se calmamente. Apesar das suas roupas aberrantes de cores vermelhas, verdes e douradas, iguais a um palhaço italiano, os olhos dele eram vermelhos como o sangue e frios como o gelo. Tinha o rosto pintado de branco, parcialmente coberto por uma máscara de pierrot, de cor preta e branca. Os seus lábios finos torciam-se num sorriso sarnento. O palhaço tinha uma postura demasiado teatral e afectada para inspirar confiança.

- Que bom ver-te nesse estado, velhote! - o recém-chegado cumprimentou-o, e curvou-se com uma vénia profunda e exagerada.

Gennai pousou o seu olhar no digimon, calmamente.

- Lamento não poder partilhar do mesmo prazer, Piemon…

Kentarumon teve um espasmo ao ouvir aquele nome.

- Piemon? Este é o digimon de que você me falou? – ele exclamou, fitando nervosamente Gennai.

A expressão do homem velho mudou e ele franziu o sobrolho, para encarar o sorriso frio do palhaço, que expandiu quando ele se endireitou.

- Oh? - Piemon sentou-se numa espécie de cadeira invisível no ar, e olhou para eles muito divertido - O cavalinho aqui já me conhece? – esboçou outro sorriso afectado e perigoso. Começou a brincar com aquilo que parecia uma das suas luvas brancas, com os dedos finos e compridos das suas mãos – Tss, tss, Gennai… quanta malícia! Gosto que as pessoas me conheçam directamente, sabias disso?

A informalidade dele teve a faculdade de irritar Kentarumon. Gennai olhou severamente para o centauro para adverti-lo que ficasse quieto. Fez-lhe sinal para que permanecesse atento e voltou-se novamente para o digimon das trevas.

- Posso perguntar a que devo a honra da visita? – perguntou Gennai, agora que se recuperara da surpresa.

- Uau! Quanta formalidade! – o digimon exclamou, pousando as duas mãos no seu peito, dramaticamente – Estou comovido!

- Tu! Responde-lhe imediatamente! - Kentarumon grunhiu corajosamente, atiçado pela atitude do Mestre das Trevas.

O sorriso fino de Piemon expandiu ainda mais, de forma perigosa, enquanto os seus olhos encaravam o digimon centauro, muito abertos.

- Em compensação, temos aqui um menino muito mal comportando. Enfim… - o olhar dele regressou a Gennai muito devagar, e acabou erguendo o seu queixo com arrogância e altivez – Sou muito curioso. E para satisfazer a minha curiosidade, vim saber… Porquê que paraste de fugir, velhote? - pausa – Depois de fugir por tantos anos do Exército do Pesadelo, o que te fez parar?

Sem desviar o olhar, Gennai simplesmente sorriu. Outra pausa antecedeu a sua voz.

- Como posso explicar? Acho que fiquei cansado de fugir – respondeu ele com educação.

- Ficaste cansado? – Piemon repetiu, pestanejando com interesse redobrado nele – Oh? Isso é como música para os meus ouvidos! Será isso uma declaração de rendição?

- De modo algum… - o idoso respondeu com a mesma formalidade, sacudindo delicadamente a cabeça.

Esta atitude pareceu divertir imenso Piemon.

- Ah! Sim, esqueci-me que vocês, guardiões da luz, têm um modo diferente de fazer as coisas… Tenho certeza que preferes morrer no lugar de te render. Estou errado? – disse ele com um riso mórbido.

Caiu um par de momentos silenciosos, durante os quais Piemon continuava a sorrir maniacamente, em sinal de triunfo. Mas o homem velho surpreendeu-o, com uma resposta pacífica:

- Ninguém vai render-se, Piemon. Estou apenas a responder à sua questão, esclarecendo que agora existe um raio de esperança. É verdade que tenho um certo método diferente de fazer as coisas. E com esse método, pretendo derrotá-lo a si, e aos seus seguidores.

O sorriso de Piemon desapareceu gradualmente dos seus lábios. A expressão gélida dos seus olhos assassinos tomaram conta de todo o seu rosto. Ele torceu a luva branca que tinha nas mãos, com ódio.

- Eu sabia… Sempre soube! – rosnou, com a sua respiração furiosa, e colocou-se de pé, no meio do ar – Finalmente, as crianças escolhidas vão chegar. CORRECTO?

O vento soprava perigosamente, quase fazendo com que Kentaurumon e Gennai quase fossem levantados do solo…

- Posso perguntar-te a TI, velho arrogante, o que um grupo de crianças pode fazer contra NÓS? NÓS, os digimons das trevas mais poderosos do mundo? - Piemon vociferou, vermelho de cólera. O vento agiu em sincronia com o seu ódio, numa explosão de energia, que atirou tudo em todas as direcções.

- Gennai! – Kentaurumon gritou, ao ver o idoso ser derrubado e projectado a um metro de distancia. A força do vento só acalmou quando Piemon pareceu tranquilizar-se um pouco, ainda que respirando de fúria.

Surpreendentemente, Gennai levantou-se devagar… colocando-se de gatas no chão, e deslizando as suas mãos trémulas pela relva. Ele sorriu quando levantou a cabeça para olhar para Piemon. Sustinha um sorriso calmo que ignorava as consequências do ataque no seu corpo frágil.

- O Mundo Digital está programado para chamá-los aqui, a qualquer momento. Mesmo que eu morra, não há nada que se possa fazer para evitar isso… - Gennai disse com convicção.

Muito gradualmente, a brisa que os rodeava acalmou… e o vago sorriso do velho desvaneceu-se um pouco. Kentarumon recuou um passo, assustado.

Ambos viram Piemon a rir… primeiro, um risinho mudo; depois um riso frenético que culminou na sonora gargalhada de um psicopata. Vibrava crueldade e poder.

- Ele é louco… - Kentarumon balbuciou, sentindo-se todo arrepiado.

Piemon tentou controlar o seu riso, voltando o olhar para Gennai, como se não houvesse coisa mais divertida no mundo.

- Sabes o que é tão engraçado? – ele ladrou e pôs-se a rir outra vez – A vossa estupidez e ingenuidade!

Gennai fulminou-o com o olhar, zangado.

- O que isso quer dizer? – demandou.

Piedmon revirou os olhos, e começou a brincar com a sua luva mais uma vez.

- Depois de roubar aqueles digiovos, pensaste mesmo que íamos ficar à espera do vosso jardim de infância? Sempre pensei que tinhas miolos, Gennai… Que grande desilusão!

Por alguns instantes, Gennai ficou a estudá-lo, sem perceber, intrigado. Mas… pouco depois, teve um espasmo de compreensão. Uma hora antes, havia chamado Kentaurumon para discutirem sobre um pequeno detalhe que o intrigava nos últimos dois dias: as estrelas tinham parado de se mover, no céu.

Kentarumon, de facto, estava aterrorizado:

- Foram… foram vocês! – exclamou, arrasado – Vocês usaram o poder de Quinglongmon para mudar a passagem do tempo na Digital World!

- Uau! Wahaha! Bravo! – o palhaço riu e aplaudiu vivamente, embriagado de contentamento. Ele parecia adorar os olhares chocados que Kentarumon e Gennai dirigiam a si – Oh, que pena! Infelizmente, não sou o responsável directo por isso. Foi o nosso mestre que achou que seria sensato dar-nos mais tempo! Mas, estou satisfeito de qualquer forma! – exibiu os seus dentes brancos, num sorriso lascivo.

Tremendo de raiva, Kentarumon virou-se desesperado para o velho.

- Gennai! Não haverá outra forma? Não há forma de pará-lo? Se isto continuar, as Crianças Escolhidas só vão chegar a este mundo quando tudo estiver destruído e coberto pela escuridão!

Gennai respirava de forma desconfortável. Engoliu em seco.

- …Já houve uma esperança… mas…

- "Mas" o quê? – Kentarumon cuspiu com impaciência.

Muito lentamente, o velho começava a manifestar o seu nervosismo frente a Piemon.

- Piemon roubou os meus poderes há quarto anos… Não há nada que eu possa fazer agora…

O digimon centauro piscava o seu olho, sem perceber.

Outra gargalhada sonora estalou, obrigando-os a voltarem as cabeças, assustados, mas… Piemon tinha desaparecido. Apenas podiam ouvir a sua voz maligna, que ecoava por toda a floresta:

- Temos muito tempo! Aproveitem… enquanto o mundo desaba aos vossos pés!

A gargalhada de Piemon ecoou fundo nas suas almas arrepiadas… e o eco do seu riso ressoaria durante muito tempo… nos próximos anos… e nos seus piores e mais temerosos pesadelos…





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Digimon Adventure: 30 Memórias Perdidas - Página 3 Empty Re: Digimon Adventure: 30 Memórias Perdidas

Mensagem por Merz Seg Abr 09, 2012 1:01 pm

THIS. IS. JUST. FODA.

O Pie ficou genial Ray, você merece uma torta inteira por isso. Já tinha lido essa história várias vezes, mas é sempre bom reler e nunca perde a foderosidade xDD

Só não estou tão certo quando a este trecho:

Ray escreveu:– Oh, que pena! Infelizmente, não sou o responsável directo por isso. Foi o nosso mestre que achou que seria sensato dar-nos mais tempo! Mas, estou satisfeito de qualquer forma!

Não me recordo se alguma vez ficou claro se os Mestres tinham ou não consciência da existência de Apokalymon... Na minha cabeça o Pie se achava o top top top, nada acima dele

Great, keep on!
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Digimon Adventure: 30 Memórias Perdidas - Página 3 Empty Re: Digimon Adventure: 30 Memórias Perdidas

Mensagem por Rayana Sex Abr 13, 2012 5:18 pm

Thaaank you! =D Lol!
essa eu tinha escrito até originalmente em inglês, essa foi a tradução para pt... xD

Petyr Baelish escreveu:Não me recordo se alguma vez ficou claro se os Mestres tinham ou não consciência da existência de Apokalymon... Na minha cabeça o Pie se achava o top top top, nada acima dele

Verdade.
Eu gosto da ideia de Apocalymon como o líder supremo das trevas, mas não da mesma forma como o Piemon ou Etemon ou Devimon, ou esses digimons "do mal". Apocalymon apareceu no anime, não como um digimon, mas principalmente como uma metáfora, um ideal, com vida própria. Ele é a união de todos os dados dos digimons que tiveram que desaparecer. Ele é a "razão" que une todos os dados dos digimons maléficos, que se revoltaram contra o sistema da evolução e contra a luz.
Apocalymon não é classificado como um digimon no anime - o narrador diz mesmo "nem sequer se pode dizer que ele seja um digimon". Então ele é bem mais do que isso, e dá para imaginar e tomar algumas liberdades. É que não entra na minha cabeça um motivo verdadeiramente convincente para que 4 digimons maléficos como os Mestres das Trevas decidam unir forças, formando um quarteto, sem que acabem traindo-se mutuamente. Então, Apocalymon é o ideal que os justifica... algo assim.


Eeeee segue a próxima one-shot~!



18ª Memória


Título: Laços
Género: Geral, Drama
Dia de Publicação: 29 de Janeiro 2011
Temporada: Início de Digimon Adventure 02
Personagem(ns): Taichi (um pouco do Agumon, Tailmon e Yamato)
Classificação: K (todas as idades)

Laços

O pobre digimon não ousou mexer-se. Não ousava sequer pensar, com medo que até isso pudesse denunciar o seu esconderijo. E ele sentia o farfalhar das folhas dos arbustos, como se o próprio Perigo tivesse adquirido corpo e serpenteasse por ali. Mas não... o perigo era muito maior. Grande o suficiente para que a sua sombra o cobrisse, sem dar conta. A criatura gigantesca estava perto e remexia na vegetação... snifava o ar com ruído, à procura dele...

O digimon fechou os olhos, aflito. Sabia que já não lhe restavam chances de escapar. Passara os últimos minutos a gritar por ajuda... mas ninguém o ouvira. Havia muitas emoções que lhe preenchiam a alma, naquele momento. Agora, não ousava sequer gritar... não ousava...

- Socorro! - foi uma outra voz, muito aflita, que materializou todos os seus pensamentos num grito. Isto fê-lo acordar; fez Agumon abrir os olhos verdes, em sobressalto.


O digimon moveu-se antes que percebesse o que estava a fazer. O seu corpo recusou-se a ceder ao medo: simplesmente disparou a toda a velocidade pelos arbustos, conforme as suas pernas fracas e exaustas lhe permitiam. A criatura monstruosa que estava ali viu-o. Os seus grandes olhos verdes e bolbosos brilharam na direcção da sua presa, que se afastava sem o seu consentimento. A criatura não gostou disso. Esticou o pescoço para emitir um ruído de irritação e sacudiu os braços. Os seus braços eram duas grandes lâminas afiadas, e lembrava um louva-deus.

- O KAISER ESTÁ PERTO! FUJAM! - a voz vociferou, indignada, para outras criaturas que fugiam.

Agumon disparou o olhar na direcção oposta da floresta. Para seu espanto, viu a silhueta ágil de um felino correr na sua direcção; os olhos azuis dele dilataram, ao reconhecê-lo.

- Agumon?

- Tailmon, cuidado! - Agumon exclamou, mas, uma vez mais, os seus músculos reagiram muito antes da sua voz: atirara-se furiosamente contra Tailmon, para impedir de uma pata gigantesca de um Snimon os cortasse ao meio.

Os dois digimons pequenos rebolaram e aterraram dolorosamente três metros daqui, forçados pela inclinação do terreno íngreme - até irem contra uma árvore. Tailmon tossiu ao sentir o abdómen quase esmagado, mas percebeu imediatamente que ainda não estava a salvo nem em situação para se queixar ainda. Viu a silhueta de Snimon estrebuchar e lutar para libertar a sua pata afiada, que ficara enterrada e presa no chão. O felino soprou e empurrou o corpo de Agumon de cima de si
.
- Devo-te uma...! - cerrou os dentes de dor - Rápido, Agumon!

Agumon sacudiu a cabeça, desnorteado. Ofegava, aflito, mas não ousou desobedecer. Mesmo que não tivesse metade da agilidade da amiga, conseguira salvar-lhe o pêlo, e ficar para trás estava totalmente fora de questão. O dinossauro atirou-se em corrida, serpenteando pelas moitas e mantendo-se atrás dela. Mas Tailmon corria agora sobre as quatro patas, acelerava o ritmo, e Agumon podia só acompanhá-la à distância, seguindo apenas a ponta roxa da sua cauda.

- Tailmon! - Agumon piscou os olhos, sem fôlego, ao perceber que já se tinham afastado um pouco e que o Snimon ficara para trás. Mesmo naquela confusão, o dinossauro laranja percebera que Tailmon estava diferente... e só segundos depois conseguiu descobrir o que era: ela não tinha o anel sagrado dourado, que geralmente balançava na ponta da sua cauda.

Tailmon não parou, todavia. Ela dirigiu um olhar intenso para trás, durante a corrida, para avisá-lo que aquele não era o melhor momento para explicar detalhes. Mas quando ela se dirigiu para trás, ambos os olhos azuis dilataram de medo. Ele só viu uma grande sombra cobri-lo.

- AGUMON, CUIDADO!

ZÁS!

- SENHOR YAGAMI! Se vai dormir, sugiro que o faça fora desta sala! – rosnou uma voz zangada e poderosa.

Taichi deu um salto na cadeira, ainda ofegante.

Quando abriu os olhos, ficou perplexo... porque não estava mais numa floresta. Ou pelos menos, não havia sinais de ter sequer estado numa. Descobriu-se a si próprio debruçado sobre uma secretária de madeira, com a cabeça pousada em cima do braço e... um teste de matemática, mesmo em frente ao seu nariz.

- Fracamente! Recomponha-se! – rugiu uma voz severa ali perto.

Taichi sentia o suor cobrir-lhe o rosto. Engoliu, confuso. Empurrou-se contra a mesa, para pôr-se direito na cadeira da sala de aula... e só então olhou para cima.

A cruel silhueta da professora estava mesmo à sua frente, de pé, de braços cruzados e com o ar majestoso de um comandante militar. O reflexo do sol fazia os óculos dela brilharem intensamente, mas pouco escondendo a expressão furiosa nos seus olhos. A cara dela contorcia-se de desagrado…

- Teve bons sonhos, Yagami-san? – perguntou ela friamente.

Houve alguns risos da turma. Taichi engoliu em seco, desviando o olhar para baixo, e anuiu com a cabeça muito devagar - mais por confusão do que exactamente por qualquer espécie de constrangimento - o que raio...? A professora fungou, abanando a cabeça em sinal de desaprovação. Deu meia volta e afastou-se para voltar a fazer a ronda por entre as filas de alunos.

Taichi respirou de alívio, piscando os olhos castanhos para observar uma equação que estava mesmo na ponta da sua caneta, ali abandonada. Lembrava-se perfeitamente do exame. E lembrava-se que teria que completar muitas equações daquelas até poder finalmente sair daquela sala. Estava cheio de suores frios, e a gravata que usava ao pescoço parecia quase sufocá-lo. Não se lembrava de se sentir tão desconfortável desde...

Aquele pesadelo que acabara de ter... fora muito real. O que raio lhe acontecera? O coração ainda lhe cavalgava no peito..
Noutra circunstância, o coração dele teria disparado em pânico ao ser apanhado a dormir, mas por alguma razão, aquele exame era-lhe naquele momento completamente indiferente. Havia alguma coisa de diferente. Ele tinha que sair dali… e tomar ar. Além disso, sentia-se meio febril...

Levantou o braço. A professora ajeitou os óculos no seu nariz de coruja, com dois dedos longos, para o observar melhor.

- Sim, senhor Yagami?

- Professora, posso... - hesitou – dar um salto à enfermaria?

Sentiu-se um perfeito idiota ao dizer isto em voz alta, mas não sabia o que mais dizer. O ar severo da professora pareceu desvanecer-se suavemente, porque as sobrancelhas dela deixaram de fazer sombra sobre os seus olhos verdes. Ela ficou alguns segundos a observá-lo, como se o estivesse a avaliar.

- Sabe que isso implica-lhe a anulação da prova, não sabe?

Taichi olhou para baixo para o teste, por instantes. Engoliu. Ponderou nas consequências que aquilo lhe traria, mas... tudo o que queria era sair daquele sol insuportável. Precisava de molhar a cara em água fria...

Anuiu.

- Sei...

A professora demorou-se alguns segundos, antes de fechar os olhos e respirar fundo.

- Muito bem… eu escrevo-lhe uma carta para entregar à enfermeira.

Taichi baixou o olhar e, sem perder tempo, levantou-se. Os olhares dos colegas de turma cruzaram-se, sussurrando discretamente. Não longe, encontrava-se Ishida Yamato, que observava atentamente o amigo, com os olhos azuis dele penetrantes.

- O que se passa? – quis insinuar com o movimento dos lábios. Mas se Taichi tinha olhado para ele, não deu sinais de o ter percebido, porque ignorou-o completamente. Yamato viu-o simplesmente agarrar na mala e caminhar entre as duas filas de carteiras, passando por um ou outro risinho da turma.

A professora bateu na mesa com ruído.

- Silêncio! Quero silêncio absoluto! Têm trinta minutos para acabar a prova e nem mais um segundo!

Conseguiu acalmar a turma imediatamente. Cada rosto voltou-se aflito para o enunciado para acabar de responder às perguntas, um ou outro protestando baixinho. Só dois rostos permaneceram alheados… Sora tentava chamar a atenção de Yamato, mas este estava tão confuso quanto ela, e limitou-se a encolher os ombros num sinal de "não faço ideia".

De pé, frente à mesa da professora, Taichi esperava que ela acabasse de escrever a carta; olhos fixos na caneta que escrevia.

- Tome – a docente estendeu-lhe o papel dobrado com secura. Taichi viu-o e agarrou-o com a dextra, sentindo alguma apreensão... mas por alguma razão, a mão da professora não largou o papel; o que o obrigou a levantar o queixo para tomar contacto visual com ela.

A professora fitou-o por segundos. Se Taichi jurava que ia ouvir algum tipo de sermão, todos esses pensamentos se esvaíram quando lhe viu o vago sorriso nos lábios dela. Foi mesmo surpreendido pela voz amável da senhora, que lhe segredou: - Se precisar de mim, sabe onde estou. Quando se sentir melhor, venha falar comigo.

Taichi surpreendeu-se com este súbito tom amável. Não esperou encontrar aquela pessoa por debaixo da máscara da autoridade da professora de matemática. Mas, por uma vez, sentiu-se grato por não lhe gritarem. Anuiu e, aceitando a carta, dirigiu-se para a saída. Sem uma palavra, e ignorando totalmente os olhares curiosos da turma, saiu da sala o mais rapidamente possível. Fechou a porta atrás de si…

Durante todo o caminho, não conseguiu pensar em nada... Atravessou os corredores numa direcção incerta... mas quando deu consigo, estava a deixar cair a mala para o meio do chão de um quarto de banho masculino. Apoiou-se no lavatório e ligou a água fria no máximo...

Agumon... será que ele estava bem? Há muito tempo não ouvia falar dele. Parecia-lhe... bizarro.

Piscou os olhos para a água que escorria da torneira. Molhou as mãos e mergulhou o rosto no fresco líquido, que lhe diminuiu o desconforto e afastou o calor. Aquilo permitiu-lhe suspirar vagamente de alívio... e com isto, desapertou o nó da gravata, que só incomodava. Fechou a torneira... e parou...

Silêncio...

- Agumon... - balbuciou.

A voz dele soou solitária, no vazio e silêncio do quarto de banho. Não se preocupava se o ouvissem, mesmo que soubesse que estava sozinho. Ao engolir, observou o seu reflexo no espelho. O reflexo de um adolescente japonês de catorze anos, de cabelo castanho selvagem... um adolescente que, dois anos e meio atrás, usara aquelas goggles que tinha ao pescoço, caminhando ao lado de um monstro laranja, pelas florestas de um mundo paralelo... aquele monstro, que se tornara um dos seus melhores amigos... e cujo destino agora não fazia ideia qual seria...

O uniforme verde do instituto de Odaiba dava-lhe um ar mais adulto do que alguma vez se sentira... e ele não sabia se gostava muito disso. Antes de o usar, não tinha que se deixar amedrontar por sonhos estúpidos... podia olhar para o lado e perguntar, directamente, se o amigo estava bem...

Fechou os olhos e respirou fundo, sentindo uma gota de água escorrer-lhe do queixo. Mentalmente, insultou-se a si mesmo, porque estava a ser dramático à toa.

Não mentira quando pedira para sair da sala. Talvez devesse mesmo ir tomar qualquer coisa à enfermaria... mas simplesmente dar-se por satisfeito por hoje. Afastar-se, rumo até casa, jogar um bocado no computador, quem sabe, e deixar de pensar naquilo...

Reabriu os olhos, um pouco mais motivado perante a ideia de faltar o resto do dia... mas então, foi surpreendido pela imagem que o espelho lhe ofereceu. Pestanejou, e viu aparecer atrás dele a silhueta de Yamato, com a mochila às costas e um ar aparentemente perdido – uma expressão facial que se modificou completamente quando entrou no WC e o encontrou.

- Taichi! - exclamou, espantado.

- ...Eh? - Taichi ignorou o espelho para observá-lo directamente. Yamato parecia ter estado a correr. O cabelo dourado estava meio desalinhado, e ofegava. Sem saber, estava a modificar completamente a postura com que tinha estado, largando o lavatório e endireitando-se, com um vago sorriso de satisfação – Ah, és tu!

Mas a expressão facial de Yamato não abandonou o perfil sério e espantado.

- Queres explicar-me o que raio aconteceu? - foi a única coisa que ouviu dele. Tinha os olhos azuis muito abertos, fixos em si, quando se aproximou. Taichi sacudiu as mãos molhadas no ar e murmurou qualquer coisa que pareceu um "Não foi nada".

- Adormeci ao sol, e estava a sentir-me abafado ali – completou evasivamente. Nisto, sorriu-lhe num tom provocador - Não me digas que saíste do exame por minha causa?

Yamato revirou os olhos.

- Não sejas parvo. Mas quando saíste eu já tinha terminado... - viu-o secar o rosto molhado - Mas não respondeste à minha pergunta...

Ouviu uma pancada, que supostamente, pertencia ao barulho do amigo a deixar o papel usado no lixo. Mas Taichi murmurara qualquer coisa. Não foi, todavia, o que ele disse que o preocupou. Na verdade, a única coisa que Yamato percebeu fora que o amigo ficara estático...

Um barulho. Um ruído crepitante, muito familiar. Yamato só teve a percepção de ver Taichi tirar um aparelho digital no bolso direito das calças...

Aquele aparelho, que poucos naquela mundo sabiam do que se tratava. Yamato era uma dessas pessoas...

Um digivice...

Os dois escolhidos entreolharam-se mecanicamente... mas só Taichi teve o reflexo e a rapidez suficientes para perceber – para compreender, exactamente, o que se passava... o que aquilo significava...

- Agumon... Só pode ser ele!

Yamato pestanejou, confuso. Teve o reflexo, o instinto, de procurar imediatamente o seu próprio digivice... mas este, ao contrário do que esperava, estava completamente normal...

- Taichi... - ia começar a falar, mas nunca chegou realmente a fazê-lo. Yamato percebeu que, naquele instante, algo para além da sua compreensão acabara de ocorrer. Quando olhou em frente... estava completamente sozinho... naquele lugar.

O amigo ausentara-se, sumindo misteriosamente. E Yamato sabia exactamente onde ele estava...




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Digimon Adventure: 30 Memórias Perdidas - Página 3 Empty Re: Digimon Adventure: 30 Memórias Perdidas

Mensagem por Rayana Sáb Abr 14, 2012 1:30 pm



19ª Memória


Título: Um pedido estranho...
Género: Geral, Amizade
Dia de Publicação: 6 de Abril 2011
Temporada: Depois de Digimon Adventure 02
Personagem(ns): Taichi, Yamato
Classificação: K (todas as idades)

Um pedido estranho...


Estava frio e, pela milésima vez, tive que dar razão aos protestos ignorados pelo indivíduo que estava à minha frente. O clima de inverno era cada vez mais agreste; mal tinha posto um pé fora de casa, comecei a tremer e a sentir o vapor que me saía da boca humedecer-me os lábios. Mas a culpa era minha. Afinal, por que raio não desliguei o telefone na cara dele? Não. Yamato Ishida tinha que fazer justiça ao brasão da amizade e deixar-se convencer tão facilmente. Tudo bem. Não podíamos estar ali para sempre. O Centro Comercial fechava dali a meia hora.

- Okay, qual é a ideia?

Taichi parou de comer para olhar para mim muito espantado; os fios de massa do tsukimi udon a pingarem-lhe do queixo.

- Ideia?

Senti-me irritado. Uma hora antes, a voz dele parecia desesperada, quase como se estivesse a morrer. Agora, parecia que estava ali como se nada tivesse acontecido.

- Sim, ideia! Ou vais dizer que me chamaste aqui para eu olhar para ti a comer?! - protestei, enquanto o maldito entupia as bochechas de massa e limpava-se à manga. Tive vontade de lhe esfregar a boca com um guardanapo, para que ganhasse modos à mesa. Controlei-me.

Taichi respirou fundo e pousou a taça na mesa. Os olhos castanhos dele vaguearam para ambos os lados do restaurante, talvez para ter a certeza que era seguro falar. Para bem dele, achei por bem que o fizesse imediatamente.

- Está bem, eu chamei-te aqui... porque...

Pestanejei. Ele estava a hesitar. Nunca era boa ideia quando Taichi Yagami hesita. As probabilidades de se avizinharem sarilhos eram imensas.

- Se for para me pedir dinheiro, esquece – resmunguei e voltei-me para o chocolate quente que eu tinha pedido. Estava a ser sincero. Não tinha um tostão, senão, talvez tivesse pedido uma dose mais cara de ramen, em vez daquela miserável bebida.

- Não é nada disso! - ele pareceu quase ofendido. Vi-o suspender a refeição para encarar-me muito sério – Tenho um favor a pedir. Diz-me que aceitas, e juro que até te ofereço a minha mesada por dois meses!

Sim, claro. E eu sou o Pai Natal.

- Não aceito.

Ele deixou cair o queixo.

- O quê?

Levantei-me e atirei duas moedas para cima da mesa.

- Yamato, vá lá! Eu ainda nem disse o que...

- Já te disse! Não aceito! - interrompi-o indignado – Estou farto de ser comprado para resolver para os teus problemas! Resolve-os sozinho!

- Yamato!! É sobre a Sora! - ele disparou isto numa tirada, tão depressa, que inevitavelmente eu caí que nem um patinho. Sim, fiquei muito espantado a observá-lo, só para ter a certeza que não estava a aldrabar-me. Mas ele parecia outra vez desesperado, e raios me partam, malditos olhos de cachorrinho perdido. Apetecia-me bater-lhe.

Respirou fundo. A paciência ia ter que durar mais um pouco.

- O que é que tem a Sora?

Ele mordeu o lábio, mas anuiu. Convenceu-me a sentar-me novamente, e assim o fiz, mas cruzei os braços e fiz má cara, para passar a mensagem de que só lhe dava uns minutos para explicar-se. Eventualmente, foi o que fez.

- A Sora pediu-me para ir ao baile de finalistas.



Confesso, senti um solavanco no estômago. Fiquei perplexo e a minha vontade de lhe bater foi ainda maior. Mas quis saber mais detalhes. Como assim, Sora convidá-lo para o baile de finalistas?! Era o baile que ia tomar lugar naquele fim-de-semana. Não estava combinado que ela ia comigo?!

- ...e então? - tentei com muito esforço não parecer afectado com essa informação.

Taichi resmungou.

- Não é nada disso que estás a pensar! - exclamou – Ela pediu-me para eu acompanhar a prima dela! - disparou isto com amargura – O que é justamente o meu problema! Por que raio EU tenho que acompanhar a prima dela?

Senti-me um idiota. Acho que fiquei mais vermelho do que o normal. Tossi e desviei o olhar, fiz os possíveis por não parecer aliviado. Mas houve alguma coisa de muito estranho naquilo. Sora não era o tipo de rapariga que simplesmente decidia-se por tomar aquele tipo de atitude sem uma boa razão. Franzi o sobrolho.

- Ela pediu-te isso? E não explicou porquê?

Se o olhar matasse, Taichi já me tinha fulminado.

- YAMATO, tu és o namorado dela, não é? Eu estava à espera que me dissesses porquê! Ela só me enviou uma carta a implorar que eu lhe fizesse um favor, e falou que queria que eu acompanhasse uma prima dela! Estava com pressa para ir ao clube de ténis e não me disse mais nada! Disse-me que devia perguntar-te a ti, se não quisesse esperar!

- Mas... Espera aí, como é que ela pode ter dito isso? - encarei-o abismado – Eu nem sabia que...

Interrompi-me. De repente, veio-me à memória uma frase que ouvi da Sora, cerca de dois dias antes. Eu tinha estado tão distraído a afinar o baixo, que confesso que desliguei-me da conversa. Mas lembrava-me.

- Espera... ela disse qualquer coisa sobre a prima ter tido um acidente... - murmurei.

Ouvi o som de um par de hashis a cair. Aparentemente, Taichi não esperava este tipo de informação.

- Um acidente? Com a prima dela? - a voz dele pareceu mais amena, e eu apostava que era a curiosidade a pregar-lhe partidas na consciência.

Foi então que percebi. Hesitei, a olhar fixamente para ele, porque aquilo era algo mais sério do que provavelmente ele estaria à espera. E sim, comecei a perceber, um pouco espantado, quais as intenções da Sora. Francamente, surpreendi-me que ela não lhe tivesse dado detalhes. Aliás, surpreendi-me porque EU não sabia de nada. Será que ela tinha estado mesmo com muita pressa? Ou será que era um daqueles gestos de caridade que é suposto não se dizer nada a ninguém? Que raio...

Engoli, e optei por mudar o discurso; suspirei.

- Ouve lá, tu sabes que a Sora não te ia pedir uma coisa dessas sem ter uma boa razão, não é? - atalhei, mais para defender a posição da minha namorada frente à explosão de frustração e indignação do Taichi, do que outra coisa.

Talvez não fosse a melhor escolha de palavras, mas percebi que ele não gostou que eu tivesse suspendido as explicações.

- Eu sei – ele rosnou – Caso não tenhas reparado, foi por isso que te chamei!!

Filho da mãe, não dava o braço a torcer. Percebi que não me ia safar sem detalhes.

- Ok, está bem – acedi e continuei – A Sora contou-me há dois dias que a prima dela vai passar o fim de semana aqui em Odaiba.

Vi-o rebolar as orbitas com o ar de “parabéns génio, estou esclarecido”, e tive que esforçar-me por abafar a minha irritação, falando mais alto.

- ...Não me lembro bem das razões, mas ou ouvi-a falar sobre ela precisar de se distrair. - e como raio eu podia dizer aquilo sem melindrá-lo? Dane-se, ele merecia por ser tão egoísta! – Taichi, não me lembro bem, mas a rapariga teve um acidente de carro, e está numa cadeira de rodas há meses. Não pode andar. Percebeste agora?

Não foi um gesto bonito, eu sei, mas tive um sentimento de vitória e de dominação ao conseguir magoá-lo. Aquele desgraçado ficou de boca aberta e já se estava a arrepender dos insultos que tinha largado à Sora. “Bem feito” pensei. Esse maldito egocentrismo estava a pedi-las.

- Se é isso, por que raio a Sora não me disse nada?! - vi na cara dele a mescla de remorso e de indignação. Também não sou de todo cruel. Admito que tive pena dele.

- Talvez ela não tenha tido coragem de te explicar? - sugeri.

Um empregado de mesa aproximou-se para apresentar a conta. Taichi encarou-o zangado, pela péssima hora a que tinha que interrompê-lo, mas parecia que o restaurante estava para fechar e tínhamos mesmo que ir embora. Levantei-me e encorajei-o a imitar-me, pagando pela despesa (pelo menos ele pagou-me o chocolate). Saímos e fomos caminhando juntos para fora da esplanada do Centro Comercial. A praia ficava a minutos dali, e concordámos em ir juntos para lá. Ficava a caminho de casa.

O silêncio estava tenso, e eu podia perceber que naquela cabeça revolvia-se ao vento muito mais do que cabelo. O semblante dele manteve-se franzido, queixo erguido mas aspecto totalmente absorto. Por mais que Taichi tentasse parecer calmo, de mãos nos bolsos, a forma como brincava com os lábios traía-o.

Tentei contribuir para aliviar-lhe a carga, explicando o que sabia.

- Sinceramente, Taichi, se queres saber, acho que não deves aceitar só por pena dela.

Ele ouviu-me e baixou o olhar, como se estivesse a ofendê-lo.

- E tu achas que eu sou gajo para fazer isso? Só não percebo, por que raio a Sora me convidou? Tipo... se ela está desanimada, o que raio é que EU posso fazer? Um milagre?

A postura dele surpreendeu-me. Disse que não sabia, porque a Sora não me tinha contado o plano dela. Lá no fundo, menti. Eu não sabia, embora pudesse imaginar e entender muito bem as razões. Ele continuou, com uma entoação um pouco mais exaltada do que estava habituado a ouvir nele.

- Ela deve estar à espera que eu lhe ensine a jogar futebol – agora, estava a pirar. Não se podia dizer que tinha talento para ser sarcástico, mas o pior é que a razão cobria-o. O antigo Taichi, aquele pirralho de onze anos que eu conhecera antes, talvez tivesse ficado de ego inchado, talvez, dizendo qualquer coisa como “conta comigo, vai tudo correr bem” e fazer umas quantas promessas irresponsáveis sobre “Vou fazê-la superar tudo isso!”, que ele não podia prometer.

Era por isso que eu estava admirado. A atitude dele, por uma vez na vida, fez-me lembrar a minha.

São momentos em que eu também não sei o que dizer. Este tipo de situações é do tipo: por mais que nos esforcemos para entender a dor de uma pessoa que fica paralisada da cintura para baixo, o máximo que podemos fazer é imaginar. Nada, absolutamente nada, pode garantir que vai tudo correr bem. Aquelas palavras estúpidas de condolência e “aguenta, vai tudo dar certo” servem mais para nos aliviar a consciência do que para ajudar a vítima.

Sim, eu percebia no que Taichi estava a pensar. Talvez não com o mesmo grau de complexidade (ele era muito simples a resolver as coisas) mas senti-me solidário com ele. Comecei a suspeitar que a razão pela qual Sora não me dissera nada era justamente porque este tipo de coisas também mexia comigo...

Mas... ela também conhecia o meu outro lado. Sim, eu percebi as intenções dela. Nós éramos diferentes. E se eu tinha mentido à pouco sobre não saber as razões, tinha pelo menos que me redimir agora. Resolvi ignorar os meus pensamentos. Não era de mim que estávamos a falar. Era de Taichi. E ele pensava sempre diferente de mim.

- ...isso não combina contigo.

Não sei no que ele estava a pensar, mas vi-o levantar a cabeça para observar-me muito admirado.

- O quê?

Claro que tive receio de estar a ser hipócrita, por fazer algo que não concordava, mas acho que nestas situações é quando optimismo a mais pode tornar-se um trunfo, não é? Sorri vagamente e provoquei-o, em tom de brincadeira.

- Essa cara séria tão combina contigo – repeti – Por que raio achas que a Sora foi ter logo com alguém como tu?

Esta era a alma da questão. Mas como ele é lento das ideias, tive que ouvir a voz dele indignada, porque ele não percebeu nada do que quis dizer.

- O que raio queres dizer com isso?! Posso não valer nada, mas se calhar é porque ela está desesperada, não achas? E se ela me pediu, é porque está há espera que eu faça alguma coisa!

Lá estava ele a defendê-la. Ainda há pouco estava a reclamar. Mas tanto faz, porque ele chegou sozinho exactamente onde eu queria chegar.

- Não tens que fazer nada! A Sora acha que és a pessoa ideal só para estar com a prima dela. É porque ela acha que tens alguma coisa que pode ajudá-la, não achas?

Ele ficou confuso. Lembram-se de eu falar da vontade de lhe bater? Aplica-se também nestes casos, quando ele faz aquela cara de parvo.

- ...e como? - ele não estava a ser irónico, estava simplesmente a descarregar o nervosismo.

- Ninguém te está a pedir para fazê-la esquecer os problemas dela – disse já farto da modéstia dele; às vezes penso que faz de propósito para não parecer convencido. Foi a mesma treta quando na Digital World o Joe sugeriu que ele assumisse o controlo do grupo, e ele fez-se de desentendido.

Só que desta vez eu não tive que lhe esfregar na cara as razões que motivavam a escolha de Sora. Vi-o ficar calado por uns instantes, até ganhar alguma firmeza no olhar. Sim, foi a primeira vez que o vi ganhar algum fogo no olhar. A expressão facial dele mudou vagamente.

Algo tinha surgido debaixo daquela enorme cabeleira, e sim, ele estava finalmente a tomar as rédeas. Pensei comigo mesmo que talvez eu sempre pudesse ir para casa mais cedo, mas antes tinha que me certificar que não precisava mais de mim.

- E então?

Vi os lábios dele torcerem-se num vaso sorriso. Talvez estivesse a concluir que era um idiota. Obviamente, se ele me perguntasse, eu concordaria. Ouvi-o dizer qualquer coisa...

- Acho que já percebi o que a Sora quer...

Bom, já era uma conquista. Será que eu tinha que lhe perguntar, só para confirmar se ele tinha realmente percebido?

Ele saltou da estrada para a areia. A praia estava deserta, num dia de inverno como aquele. Engraçado, a paisagem era-me algo familiar. Se Gabumon estivesse comigo, ele teria invocado as memórias de um certo dia passado à beira mar.

O vento gelado soprava com força, e quando Taichi se voltou, viu-o a sorrir feito de parvo. Ergui uma sobrancelha. Bom, pelo menos ele estava a recuperar o humor. Bom sinal?

- Vou dizer à Sora que aceito! Achas boa ideia levar o Agumon comigo?

Admito, não achei má ideia.

- Se achares que ele cabe no smoking... por que não?

- Ah, eu peço à Hikari para fazer um! - ele respondeu com um sorriso mordaz. Não tive a certeza se ele tinha entendido a minha deixa.

Estava frio. O meu cachecol teimava em querer voar...

- Obrigado - ouvi.

Olhei fixamente para ele. Taichi sorria e estava a agradecer-me. Um gesto bem lamechas, devo dizer, porque eu não tinha feito absolutamente nada. Ele era o idiota que se tinha esquecido da característica do seu próprio brasão. Resmunguei e chamei-lhe mil nomes entre os dentes, por ter-me feito perder tempo com as inseguranças dele. Virei-lhe as costas.

- Vou para casa – foi a única coisa que lhe respondi. Ele não pareceu achar o meu gesto grosseiro, bem pelo contrário. Acrescentei, em voz alta – Vai para casa! Vai chover!

- Okay! - ouvi-o dizer alguns metros atrás. Mas pelo parecer da coisa, talvez ficasse ali durante algum tempo. Até que ele gritou, novamente, para eu o ouvir:

- Ah, Yamato!

Parei e voltei-me para trás. A uns dez metros, ele lutava contra o barulho o vento e das ondas, gritando com as mãos em concha, à volta da boca.

- Como é que ela se chama?

Se a minha memória não me traísse, eu sabia a resposta. Fiquei uns segundos a tentar invocar o nome, até que fez-se uma luz. Sim... No mesmo tom, gritei com a resposta.

- Saiba! Saiba Rei!

Ele pareceu satisfeito. Acenou e não disse mais nada, afastando-se rumo a casa.

E eu? Eu voltei também o mais rápido possível. O chocolate tinha-me feito azia. Estava ansioso por um aquecedor e uma boa manta...




Amo referências ao manga Digimon V-Tamer. :D
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Mensagem por Merz Ter Abr 17, 2012 9:36 pm

Ray...

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Confesso que ao passo que fui chegando pela metade da história já lembrei-me do final, and guess what? Continua genial. Fora a alusão muito bacana ao V-Tamer (ainda precisamos de uma fic com o Neo, talvez calha-se escrevermos juntos xDD) o que mais me impressiona nessa fic é a narração do Yamato. Fica tão fiel, tão bem caracterizada! Consigo até enxergá-lo falando, pensando, agindo... muito foda mesmo!

O único erro de atenção que encontrei:

- Essa cara séria tão combina contigo – repeti – Por que raio achas que a Sora foi ter logo com alguém como tu?

E esta frase me fez rir sozinho:

Algo tinha surgido debaixo daquela enorme cabeleira, e sim, ele estava finalmente a tomar as rédeas.

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Mensagem por Hikari no Hana Qua Abr 18, 2012 8:42 am

Petyr Baelish escreveu:Ray...

Digimon Adventure: 30 Memórias Perdidas - Página 3 132924850615

Confesso que ao passo que fui chegando pela metade da história já lembrei-me do final, and guess what? Continua genial. Fora a alusão muito bacana ao V-Tamer (ainda precisamos de uma fic com o Neo, talvez calha-se escrevermos juntos xDD) o que mais me impressiona nessa fic é a narração do Yamato. Fica tão fiel, tão bem caracterizada! Consigo até enxergá-lo falando, pensando, agindo... muito foda mesmo!

O único erro de atenção que encontrei:

- Essa cara séria tão combina contigo – repeti – Por que raio achas que a Sora foi ter logo com alguém como tu?

E esta frase me fez rir sozinho:

Algo tinha surgido debaixo daquela enorme cabeleira, e sim, ele estava finalmente a tomar as rédeas.

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O seu Yamato é ainda mais amável do que eu me lembrava dele no anime. Gente, que perfeito! *.*
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