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Digimon Synthesis - Página 10 Empty Re: Digimon Synthesis

Mensagem por LANGLEY002 Sáb Nov 11, 2017 12:32 pm

Não acho que é uma desvantagem tão grande. Os inimigos dentro da Ellada estão em maioria em nível adulto e perfeito. Poucos são aqueles que superam o nível perfeito, o que Lunamon deixa a entender quando diz que, no tempo em que vivia nos palácios, só haviam dois Digimon de nível mega para defender a Ellada. Talvez o número tenha aumentado, mas muita coisa pode acontecer.
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Digimon Synthesis - Página 10 Empty Re: Digimon Synthesis

Mensagem por LANGLEY002 Sáb Nov 11, 2017 12:34 pm

Capítulo 14: A Poderosa LadyPumpkinmon.


Mako sentiu como se sua pele estivesse se desprendendo do corpo, como se os olhos e o coração fossem saltar dela em algum momento, girou tantas vezes que se esqueceu de tudo, se esqueceu quem era e o que fazia. Quando tudo parecia estar bem, veio aquela sensação de ter uma espiral no estomago, de o corpo se esticar e de fato era isso que acontecia num primeiro olhar. O corpo de todos parecia se esticar e se comprimir diante dela.
Sachi foi a única que encontrou diversão naquilo e embora Lunamon e Dorumon parecessem habituados, também se enjoavam um tanto com a situação. Daiki começou a azular. Mako e Daniel arregalaram os olhos, começaram a gritar “não!”, mas era tarde, o jato esverdeado voava da boca do menino. SlashAgumon se impulsionou no espaço e empurrou todos para longe do vômito.
Um suspiro de alívio.
– Estamos entrando no Limbo! – Lunamon apontou, havia um enorme espaço vazio e lá embaixo, muitos quilômetros abaixo, estava o padrão que lembrava uma placa de computador. Parecia sólido. Mako fechou os olhos com força, ao que a princesa tocou em seu ombro. – Calma. Aquela barreira não é sólida.
Ao menos, naquele momento já não sentiam mais as sensações estranhas de antes. Seguiam por aquele caminho, um feixe de luz azul que os guiava para algum lugar que ela não sabia ao certo o que seria. Olhou para trás e viu o vômito de Daiki se desmanchando em dados, como faziam os Digimon. Aquilo intrigou muito a garota.
– Aconteça o que acontecer, continuem dentro da rota. – Dorumon esticou braços e pernas para trás, caía como uma de suas bolas de canhão. – Ninguém sabe onde irão parar se acabarem se desviando.
– Ei, está escurecendo! – Sachi apontou para a luz que atravessava o padrão de placa de computador. Ela se apagava lentamente.
– É noite? – Daniel estremeceu. – Droga... É noite!
Mako o alcançou, segurou seu pulso.
– Ei, o que tem? – Mal escutou a própria voz, tamanha era a resistência que recebiam ao se aproximarem da placa.
– Não sei. Um sentimento ruim.
Assim que ele terminou de falar, um vulto vermelho atravessou perpendicularmente à rota. Se infiltrou no meio deles, a capa girou revelando o Digimon mascarado.
– Não! – O moreno agarrou logo o Digivice. – Twillimon!
Dorumon se impulsionou para cima, na direção de Twillimon, num instante as asas laminosas de sua evolução se abriam, seu corpo pesado acertava o cavaleiro negro com força, a boca metálica se abrindo muito próxima do oponente e soltando as esferas de metal quebradas e explosivas.
Os dois foram lançados pelo impacto. Giraram no espaço.
– Continuem na rota! – Dynalepmon irrompeu, o martelo girando para atingir o mascarado.
– Agu! – Mako puxou o Digivice.
– Não! – Gritou Daniel. – Ele vai ficar grande demais, vai jogar todo mundo pra fora!
Mas a menina não teve tempo de cessar, Sgarfirdramon já surgia atirando uma espiral de fogo contra Twillimon. Naquele momento, Daiki e Dynalepmon foram lançados para fora. Twillimon aproveitou o momento em que os dois gritavam para acertar os pés contra Sgarfirdramon. Quando o Digimon negro passou por Mako, ela teve certeza de ver alguém se agarrando nas costas dela, nessa distração, fora atirada também para fora da rota azul junto de Sgarfirdramon. Um corte enorme se abrira atravessando todo o tronco do parceiro e seu corpo se instabilizou.
Quando Sgarfirdramon se desmanchou e Mako segurou a pata de SlashAgumon, rodando para conseguir trazer o corpo até ela, percebeu que não conseguiria voltar para a rota sozinha. Gritou para Dorugrowlmon e Daniel, os últimos dentro da rota além de Sachi, mas eles também não puderam ajudar, se confrontavam agora com Twillimon, vazaram os dois para fora da rota e caíram juntos. Mako já não conseguia ver ninguém.
– Não, a Sachi! – Se lembrou que a amiga era a única que restou dentro da rota. Estava sozinha. Como poderiam iniciar aquela jornada daquele jeito?
Atravessou a placa. Uma onda elétrica atravessou todo o seu corpo. Ao ver a altura que restava cair, desmaiou.
 
 
 
 
Quando Mako se levantou no meio da areia quente, já era de manhã. Alguns pássaros voavam muito ao longe e ela não sabia se eram Digimon ou não. Não sabia nada sobre aquele mundo, o que poderia esperar daquele lugar e que tipo de habitantes ele tinha. Não tinha mesmo certeza se só Digimon viviam ali.
Ergueu a cabeça, cuspiu o monte de areia que se acumulava dentro da boca e se levantou. Tinha areia em todos os lugares de seu corpo. Começou a balançar e espalmar até se sentir ao menos um pouco mais limpa. Depois disso, tampando o rosto com um dos braços, foi contra o vento até uma duna. Olhou em torno. Procurava por SlashAgumon, mas não o via.
Percebeu algo se mexer ali perto, pouco abaixo da duna. Os olhos grandes e verdes se abriram. Tudo o que a dificultou de encontrar o parceiro naquele monte dourado de areia fora a sua cor e a luz forte do Sol. Do Sol? Olhou para cima com dificuldade, a mão acima dos olhos para não confrontar a luz diretamente. Haviam duas grandes estrelas aparecendo e ainda um globo verde muito distante.
– O que é aquilo? – Se lembrou que havia trazido um binóculo, mas se o usasse com tanta luz poderia acabar cega. Desistiu da ideia. Se inclinou para trás e deslizou até o fim da duna, muita areia se levantando atrás dela e sendo dissipada pela ventania forte que vinha de onde pensou ser o Norte.
– Mako! – SlashAgumon a ajudou a parar quando ela chegou bem perto. A menina deitou de costas na areia quente e ofegou. – Desculpe Mako, eu não pude te defender dele...
– Tá tudo bem... – Mako acariciou a cabeça do réptil. – O Daiki e o Daniel disseram mesmo que Twillimon era muito forte.
O dragão rugiu quando um daqueles pássaros passou voando. Seu corpo, muito parecido com o de um águia, incluindo as penas marrons, avermelhadas e a cabeça branca, mas era demasiadamente grande e tinha chifres que se curvavam se projetando para frente. As asas contribuíram com a ventania e levantaram uma nuvem de poeira. Por sorte, o Digimon ou os ignorou, ou não os notou. Apenas continuou o seu caminho em direção ao horizonte.
Mako se aliviou, afrouxou os dedos que já pegavam firmes no Digivice, como que por instinto. Soltou todo o ar dos pulmões, depois se levantou, ainda com dificuldade para caminhar na areia.
– Espero que eles estejam bem... – Lhe vinha a última imagem de Dorugrowlmon, todo emaranhado contra o Digimon mascarado. Depois se lembrou de Sachi. – A Sachi! Consegue sentir o cheiro dela?
SlashAgumon ergueu o queixo. Com o focinho apontado para o céu, começou a farejar. Coçou a ponta do nariz esfregando as mãos. Depois baixou, olhou para a parceira, aqueles olhos castanhos com esperança na resposta do amigo.
– SlashAgumon não consegue farejar a Sachi.
– Ah.
– SlashAgumon queria ajudar a encontrar a Sachi.
– Está tudo bem, Agu. – Procurou o celular no bolso do short. – Vamos ver se... – Então percebeu o quão idiota era aquela ideia. – Ah, é mesmo. – Baixou o aparelho, sem esperança. – Eu só consigo localizar Digimon e Digivices com isso.
– Então tenta achar o Daniel e o Daiki.
– É mesmo! – Acendeu a tela. A maioria das funções do celular pareciam estar bloqueadas. Se lembrou de quando Noriko disse que os celulares não funcionariam. Contudo, o aplicativo ainda funcionava, embora cheio de bugs, notou a menina. Além de pontos vermelhos indicando Digimon lotarem a sua tela, encontrou os pontos azuis que representavam Daniel e Daiki muito distantes dela e num mapa vazio. – Não tem nenhum mapa... – Ficou olhando para a tela na esperança de alguma coisa carregar, mas não acontecia. – Não tem mesmo nenhum mapa... Como vou saber a distância? Como vou saber como chegar?
Com isso, parte de sua esperança se foi. Só lhe restava caminhar.
– Tem um aglomerado de Digimon por perto... Eu acho que é por perto. – Disse com nenhuma noção das escalas daquele aplicativo. – Nessa direção. – Apontou ao nordeste. – Talvez a gente encontre alguma coisa que nos ajude por lá.
SlashAgumon balançou a cabeça. Ela começou a caminhar, os pés sempre afundando nas areias. Era uma caminhada extremamente difícil, o calor a fazia suar muito, ter dor de cabeça e ainda muita sede. O vento não ajudava, sempre resistindo contra o avanço dos dois e empurrando areia em seus olhos.
Quando avistaram pela primeira vez a silhueta de umas casinhas de madeira, algo ao estilo velho-oeste, o Sol avermelhado já subia ao meio do céu, o sol azulado permanecia um pouco atrás sempre menor que o primeiro. Pensou ela que deveria estar mais distante, mas não conseguia entender como deveria ser o comportamento de um planeta que gira em torno de duas estrelas.
Talvez não girasse em torno das estrelas. E se fossem as estrelas que giravam em torno daquele mundo? Poderia esperar qualquer coisa daquele lugar. No caminho mesmo vira estruturas gigantes lembrando teclados saindo da areia, outras vezes cabos conectados aos terminais coloridos. Muito distante dela estavam as silhuetas, azuladas pelo horizonte, de pirâmides metálicas de ponta cabeça. Algumas pareciam flutuar no céu.
O deserto começava a mudar conforme se aproximava do vilarejo. Surgiram estradas, as dunas baixaram, levantaram-se cactos, alguns formados por pequenos cubos, como se feitos de pixels. No horizonte estavam as estranhas formações de pedra que vira quando viajara com a mãe para Nevada.
Os dois alcançaram o arco de madeira da entrada da cidade. Não havia ninguém nas ruas, apenas esferas luminosas que eram sopradas pelo vento como se fossem emaranhados de poeira e restos de vegetação. Atravessaram pelo meio da cidade fantasma. Ao menos encontraram uma fonte, onde beberam água.
Mako aproveitou para trocar a água de sua garrafa, que da noite para o dia havia se aquecido. Torceu para que a garrafa térmica demorasse a ganhar temperatura ao guardar novamente o vidro dentro da bolsa.
– Seja lá o que procura, não irão encontrar aqui. – Vasculharam todo o espaço com os olhos, buscando pelo autor da frase. SlashAgumon, utilizando o seu faro para o encontrar, apontou para o Digimon baixinho que se deitava relaxado sobre um telhado. Ele era roxo e usava luvas e um lenço no pescoço vermelhos. Os chifres tortos se projetavam como o chapéu de um bobo da corte. Seus olhos verdes, dentro daquele rosto branco, a expressão brincalhona e malvada, encontraram os de Mako. A menina sentiu um gelo na espinha. – Ninguém mais vive aqui. A Ellada destruiu aqueles que não adotaram o seu modo de vida.
– Impmon. – Leu ela no Digivice.
– Ao seu dispor. – Deu um sorriso. SlashAgumon rosnou. – Controle o seu cãozinho, humana.
– Sabe onde eu posso ir?
– Como uma humana? A nenhum lugar. Os minions da Ellada irão te devorar viva.
– Mako, SlashAgumon não confia nele.
– Certo... Então... – Se lembrou da pessoa de que Daniel falara, aquela que estava junto de Twillimon. Ela se disfarçava de Digimon. – E seu eu me disfarçar.
– Uma loja ambulante passou por aqui esses dias. Não devem estar longe.
– Mako... – O réptil continuava rosnando.
– Eu também não sei se ele é bom, Agu... – A menina olhou para cima, franziu o cenho. O encarou de modo firme. – Mas nós podemos fazer um acordo para ele nos guiar.
– Guiar vocês? Vão precisar me dar alguma coisa muito boa para me convencer.
– Bem... Eu posso te dar um... – Abriu a bolsa, começou a vasculhar, não achava nada de interessante além de sua comida. Decidiu pegar o binóculo. – Isso!
– Hmmm... – Impmon pulou do telhado, o som de seus pés batendo contra o chão soou como o barulho de um brinquedo de borracha com apito. – O que essa coisa faz? Isso pode me fazer evoluir?
– Não, mas pode te ajudar. – Mako olhou através do binóculo. Viu nitidamente os sinais que haviam nas pirâmides. – Você sempre poderá enxergar além do alcance de seus olhos. Vai poder prever quase qualquer inimigo!
– Deixa eu ver! – O diabinho púrpuro se aproximou dela. Colocou o binóculo nos olhos dele e ele ficou boquiaberto. A garota puxou o objeto de volta e SlashAgumon rosnou. – Um acordo é um acordo! – Levantou a sua mão. Mako balançou a cabeça em afirmação e apertou sobre a luva vermelha do pequeno demônio.
A partir dali o Digimon começou a guia-los na direção em que, teoricamente, a loja ambulante teria ido. Mako tinha esperança em encontrar algum Digimon sem ligação com a Ellada, que a ajudasse a se disfarçar. Começou a montar em sua mente as inúmeras possibilidades de como faria para se parecer com um Digimon. Na verdade, aquela ideia era bastante divertida, o que levantou o seu ânimo e refletiu em SlashAgumon, que gostava de ver a amiga comentando com ele sobre aquilo, sempre sorrindo.
O céu começara a se pintar de alaranjado quando avistaram um outro vilarejo, havia, no extremo, uma estranha casa que não se encaixava. Seja lá do que era feita, parecia um grande cogumelo amarelado, o topo era lilás com bolinhas brancas. Tinha enormes rodas encostadas em uma das paredes e uma tenda se estendia na entrada.
– Estão vendo. Trato é trato. – Impmon esticou a mão para receber o seu pagamento, como combinado.
– Hm... – Mako hesitou, mas concordou que era justo entregar o binóculo. O fez. Os dois apertaram as mãos novamente e depois Impmon começou a caminhar em direção ao deserto até que sua silhueta roxa desaparecesse em meio a areia levantada por aquela ventania.
– Vamos, Mako. – SlashAgumon a puxou na direção da loja. A menina não suportava mais andar, as panturrilhas fervendo e a cabeça doendo muito. Os joelhos pareciam com máquinas sem graxa e óleo, estralavam a cada movimento, resistindo aos passos ada garota.
Quando SlashAgumon forçou-a a vir junto dele, os dois caíram sob a tenda. Ali havia um tapete. A menina agradeceu por não ter engolido areia novamente. Três Digimon muito parecidos com gatos apontaram, tinham o corpo em três cores: marrom, preto e branco, sendo o branco, que tomava toda a parte frontal, a metade debaixo do rosto e os braços, a cor dominante. As luvas, porém, eram marrons. A cauda com a ponta muito peluda balançava de forma rítmica, miaram ao mesmo tempo, como se aquilo fosse um sinal de boas-vindas.
– Mikemon. – A menina já estava com o Digivice na mão para descobrir o que eram aqueles Digimon. – Está brincando que eles são adultos?
– Ela veio.
– Ela veio mesmo.
– Com certeza veio.
– Nos disseram que ela viria.
– Que viria uma humana.
– Mas faz tanto tempo que disseram...
– ...não é mesmo?
– Que estranho que logo agora...
– ...uma humana apareça.
– Depois de tantos anos.
– Mas ela é bem-vinda...
– ...com toda a certeza.
– A heroína da Morpheus!
Mako não compreendeu bem o que estava acontecendo. Tinha certeza de que não poderiam se referir a ela com suas frases ritmadas. A primeira vez que vira o nome Morpheus fora no comunicador que Noriko a entregou logo antes de entrarem no Mundo Digital.
– Desculpem, mas eu não sei o que é Morpheus... – A menina levantou uma das mãos, muito sentida em decepcionar os gatos.
– Você não sabe? – Franziu as sobrancelhas, as garras surgiram das luvas.
– Como você não sabe? – Eriçaram os pelos.
– Você é igual a ela, não é? Aquela humana com o Twillimon! – Contraíram os joelhos, prontos para saltar. SlashAgumon tomou a dianteira da parceira.
– N-não! Esperem. – Mako segurou o parceiro. – Nós fomos atacados pelo Twillimon. Só não sabia que havia uma menina com ele.
– Mas há! E se ela anda com aquele Digimon, ela não é nada decente!
– Mas se não está com eles, então está tudo bem.
– Sim. Está tudo bem.
– Vovó! – Gritaram os três. Uma velha de boca costurada apontou na porta. A franja grisalha cobria os olhos, se é que existiam olhos. Uma manta verde e muito grossa cobria o corpo baixinho, um avental colorido descendo por debaixo dos colares montados em esferas exageradamente grandes. As mãos azuladas e nodosas, com unhas que de tão longas se curvavam, apertavam uma vassoura.
– Uma menina... – A velha ficou boquiaberta. – É mesmo uma menina humana?
“Babamon, Digimon antigo do tipo vírus. Nível Mega.”
– M-mega? – A menina empalideceu.
– Não é problema. Essa velha é muito velha para lutar! – Um dos Mikemon levantou a pata. Assim que terminou de dizer, levou uma vassourada na cabeça.
– Vamos, entre. Entre para um chá! – A velha sinalizou. – A noite pode ficar muito perigosa nessa região. Os guerreiros do lixo costumam saquear nesses horários.
– Guerreiros do lixo?
– É só um nome pelo qual os chamo. – Babamon entrou, os três gatos a seguiram. Mako viu logo um paralelo entre ela e as mulheres velhas e solteiras de seu mundo que enchiam suas casas de gatos. Segurou o riso antes de acompanhar Babamon e os Mikemon junto de SlashAgumon.
Percebera antes que a casa de cogumelo era bastante grande, mas não esperava por nada como aquilo. Além de o lugar ser amplo, a primeira sala estava abarrotada de roupas em prateleiras e fantasias dependuradas em todos os lugares: teto, cabides e muito mais. Além disso, também haviam os manequins que se moviam como que animados por magia.
– O que exatamente a trouxe aqui, querida? – Babamon continuou até uma porta, se sentou numa poltrona, os Mikemon deitaram aos seus pés. Apontou para outras duas poltronas que haviam de frente com ela, separadas dela apenas por uma mesinha de centro com uma bandeja, xícaras, pires e uma chaleira de porcelana muito brilhante e bonita.
– Nós viemos atrás dos nossos amigos, Lazulitemon e Terriermon... Digo, Rapidmon. – Ela percebeu que o clima ali dentro era totalmente ameno mesmo que a noite nem tivesse chegado de vez para resfriar o deserto.
– Hmmm... Lazulitemon. – A velha se inclinou, pegou uma xícara, encheu de chá, encheu mais duas, empurrou com os pires na direção da menina e do réptil. – As Lazulitemon são muito raras e só nascem dentro da Ellada, comentou. São sempre tão lindas e graciosas.
– Elas são sempre... Meninas?
– Sim. São sempre “meninas”. – Levou a xícara até a boca, que mais parecia um rasgo num espantalho. – Agora, veja bem, esse Rapidmon, ele era dourado?
– Sim, ele era... – Uma preocupação acometeu a menina. – Você o viu? Aconteceu alguma coisa?
– O vi há alguns dias. O pobrezinho estava muito machucado, mas se esforçou para voar em direção ao norte.
– Por que ele iria ao norte? – A mão da menina tremeu, o chá escapou pelas beiradas da xícara e se acumulou no pires, um pouco se espirrou nos braços dela. Ela deu um gemido quando o líquido quente entrou em contato com a pele.
– Não sei. Ele parecia perseguir um dos Cinco Generais da Ellada. – A velha devolveu o pires e a xícara à mesa. – Coisa muito perigosa de se fazer, embora eu não duvide do poder de uma evolução tão bela quanto um Rapidmon de corpo dourado. Afinal, só um dos generais excedeu o nível perfeito.
– Foi o que Lunamon disse, Makoooo. – SlashAgumon engoliu todo o conteúdo da xícara de uma vez, tamanha era a sua boca.
– Nós precisamos da sua ajuda para atravessar o Mundo Digital. – A menina se levantou. – Você tem muitas fantasias, se puder me emprestar alguma.
– Eu não vou lhe emprestar nada, querida.
– Ham? – O rosto de Mako se contorceu, a sua esperança se esgotava. Sentiu que estava prestes a chorar. Mas não queria sempre chorar em qualquer ocasião. Cerrou os punhos.
– Só se empresta aquilo que se pretende receber de volta. – Babamon deu um sorriso. – Receba isso como um presente, minha filha.
– S-sério? – A menina levantou as mãos na frente do rosto, como se apertasse algo ali. Deu um sorriso e se soltou sobre o corpo baixinho de Babamon, a abraçou. – Obrigada.
– Está tudo bem, menina. – Quando a garota se afastou, Babamon continuou: – Tenha uma boa-noite de sono e amanhã pensamos em como vamos disfarçar você. – E apontou para os Mikemon. – Preparem um banho quente e camas macias para nossos convidados.
Os gatos saíram correndo de quatro aos tropeços e subiram as escadas até o segundo andar.
– B-banho quente?
– Sei que pode estranhar por causa do calor do deserto, mas aqui dentro esse problema não existe. Tenho certeza de que vai ser muito agradável.
 
 
 
 
A poeira se levantava. Os Digimon em forma de javalis corriam com inúmeros cavaleiros em suas costas, todos de aparências estranhas, muitas vezes grotescas. Eram sujos e suas roupas e armas, cheias de metais enferrujados, pareciam ter sido retiradas do lixo. Liderava um que tinha um corpo de homem: era magricela, mas de músculos muito definidos, pernas compridas como ninguém e usava aquelas calças bege que pareciam balões em suas pernas. Seu rosto, porém, era coberto por pano, como um espantalho, olhos cor de fogo brilhavam através dos furos.
Os javalis derraparam. O líder se pôs em pé em cima da montaria e, colocando a mão sobre os olhos e inclinando o corpo para a frente, observou o horizonte dali, daquele barranco de pedra vermelha em que estava.
– Dessa vez atacaremos pela manhã!
Todos balançaram as mãos e gritaram.
– Esses miseráveis já nos acham coisa fácil? Vamos mudar os hábitos e vamos deixá-los tão limpos quanto nunca fomos!
 
 
 
 
 
SlashAgumon aguardava dentro da banheira enquanto Mako retirava as roupas para entrar. Ela afundou o corpo ali, as pernas, braços, pescoço e rosto ardendo pelo Sol. Sempre se considerou um pouco clara demais e, se pensasse positivamente, aquilo era a chance de ela conseguir o bronzeado que não conseguira nas praias da América.
De certa forma, tivera sorte. Tivera sorte de o Impmon não a trair e de Babamon ser boa e deixa-la passar a noite ali. Ficou se perguntando como estavam os outros, principalmente Daniel que continuou na rota junto de Twillimon e provavelmente a garota encapuzada. Depois seu pensamento vagou até Sachi. Sachi não tinha um parceiro Digimon. Estava sozinha agora.
– Mako. SlashAgumon vai encontrar a Sachi, vai sim. – O Digimon a encarava com aqueles grandes olhos verdes e inocentes, aquilo sempre a comovia.
– Eu sei que vai. – Ignorando qualquer pudor, se achegou e apertou o parceiro num abraço. Ele também envolveu seus braços nela, mas ele não tinha nenhuma hesitação em fazer isso, pois ele não tinha os mesmos pudores de um humano.
 
 
 
 
 
Mako foi acordada muito cedo. Os Mikemon se aninhavam em cima dela. Começou a espirrar por causa dos pelos e os Digimon gatos saltaram assustados, os pelos muito eriçados. Grudaram no teto com as suas garras afiadas. A menina rolou da cama antes que eles começassem a cair e acabassem por arranhá-la.
Saiu no corredor, não sabia se Babamon estava acordada. Viu uma porta entreaberta e de lá vinha uma canção muito bonito, numa voz doce como nenhuma outra. Também era de lá que vinha o ringido de uma velha cadeira de madeira balançando. Os Mikemon pararam atrás da menina, imóveis, expressões duvidosas.
A menina começou a caminhar até a porta, ao que eles tentaram segurar os seus pés, errando por pularem todos juntos e baterem um contra o outro, voltando para trás como um bolo de gatos. A menina empurrou a porta e viu uma mulher muito alta e alva, o corpo coberto apenas por um leve tecido branco que muitas vezes revelava suas formas sinuosas, ela estava encolhida, a cabeça, com um capacete de metal tampando metade do rosto, pendia para baixo. A cabeleira dourada escorria e se espalhava pelo chão.
Quando a menina chegou mais perto, viu que haviam cicatrizes horríveis nas costas daquela Digimon, entendeu então o motivo de ela estar nua e só aquele tecido cobrir o seu corpo. Foi acometida por uma forte vontade de chorar, um aperto no peito sem igual. As mãos frias de Babamon tocaram em seus ombros que se encolheram. A menina começou a soluçar.
– Uma Angewomon tão linda. – Os braços da velha se cruzaram sobre a menina, a abraçando detrás. – Sua voz ainda é doce.
– O que aconteceu com ela?
– A vingança de um dos Cinco Generais da Ellada. – Foi interrompida por um soluço da menina. – Ela era da família real e de repente não era mais nada.
– Não tem um jeito de curar as cicatrizes dela?
– Precisaríamos saber que tipo de arma fez essas cicatrizes. – Babamon a soltou. – Eu nunca vi nada igual antes. Apenas depois...
– Como assim? – Mako se virou para visualizar a velha, ela apontava para SlashAgumon. O réptil estava paralisado, o corpo tremendo muito, um som gutural superando a boca e os dentes cerrados. – Agu... – Olhou para a cicatriz dele.
A menina, antes de ir escolher o seu disfarce, se ajoelhou perto de Angewomon. Apertou o Digivice entre as mãos e desejou que a mulher de aparência angelical se recuperasse. Depois, ainda hesitante em abandonar aquele quarto, abandonar o canto de Angewomon, desceu as escadas junto do parceiro, Babamon, e os três Mikemon.
Babamon pediu que ela retirasse todas as roupas de cima e então ficou zanzando por toda a loja procurando por algo. Jogou para a menina o que pareciam ser roupas íntimas pretas, depois veio arrastando o macacão alaranjado e sem mangas com botas de mesma cor e algo que se parecia com uma coleira. A menina se perguntou se a Babamon a queria transformar num Punk. Enfim vieram as manoplas, a longa espada vermelha que Mako duvidou que conseguiria erguer e uma máscara de abóbora.
– Isto vai ficar perfeito.
– M-mas isto? – A menina apontou para o macacão aberto, e as roupas pretas. – Mas, eu... vou ficar...
– Ora, vamos... – A velha esfregou os ombros em Mako, que cruzava os braços tampando toda a região do busto. – Você não deveria ter tanto medo. Duvido que tantas meninas humanas tenham um corpo tão bonito quanto esse.
– Mas... – Encontrou os olhos verdes de SlashAgumon. – Agu...?
O Digimon franzia o cenho.
– Vamos, se vista! Experimente.
Babamon e os Mikemon empurraram a menina para o provador, onde ela trocou as roupas debaixo pelas novas e vestiu o macacão. Seu busto e barriga ficavam amostra e isso a incomodava.
– Deixe que eu cuido disso! – Babamon abriu o provador.
– O-o que? – A ponta do dedo dela brilhou, e onde o macacão ficava aberto, surgiu um zíper. A menina se aliviou.
– Só não vá querer se encher de roupas enquanto usa isso. Pode acabar ficando muito quente, mesmo que os tecidos sejam especiais.
– E essas coisas? – Apontou para a espada de lâmina vermelha e as manoplas.
– Eu não sei mesmo o efeito em humanos, mas isso pode acabar te ajudando a se defender. – E ajudou a menina a encaixar as manoplas na mão. Apesar de a roupa ser tão grande, tão grossa, era bastante leve e fresca. Ao colocar as manoplas, a menina se sentiu mesmo mais forte, se perguntou se era apenas imaginação, mas era como se pudesse percorrer quilômetros antes de sentir sede e cansaço. Encaixou a espada numa bainha nas costas e colocou a máscara de abóbora.
– Ficou... bom, Agu?
– Ficou muito bom em Mako.
– A menina sorriu.
– Isso não vai dar certo. – Babamon abaixou o zíper até a barriga de Mako aparecer.
– E-ei!
– Agora sim... – Estralou os dedos. – LadyPumpkinmon!
– Certamente mais alta e bonita que um Pumpkinmon de verdade! – Disseram os Mikemon entre miados.
– Poderosa! – Mako não via os olhos de Babamon, mas sentia como se a velha tivesse piscado para ela.

– Poderosa... é... – Abriu um sorriso por debaixo da máscara. – Poderosa!


Nota:
LANGLEY002
LANGLEY002
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Digimon Synthesis - Página 10 Empty Re: Digimon Synthesis

Mensagem por LANGLEY002 Sáb Nov 11, 2017 4:39 pm

KaiserLeomon escreveu:Bom Pines então nesse caso eu devo dizer que seria uma novidade inesperada uma fanfic em que os Digimon inimigos não excederam ainda o nível Ultimate / Perfect e que só existem uns pouquissimos contados Digimon nível Mega no Digital World . Eu realmente estou acostumado a ver adversarios absurdamente poderosos enfrentando os heróis das series de Digimon seria uma coisa totalmente inesperada se os inimigos fossem só do nível Champion e Ultimate/ Perfect e só houvessem pouquissimos Mega Levels.

Bem... O que estou fazendo é não deixar de lado inimigos como eram os Deva em Digimon Tamers. Uma coisa de cada vez. E vamos parar de falar sobre o nível de evolução de cada grupo da Ellada para evitar entregar a trama.

Em mente que a maior parte dos oponentes em Digimon Adventure e Tamers se encontravam em nível adulto e perfeito. Tirando alguns poucos como Babamon, Jijimon, Belzebumon e as 4 Bestas Sagradas (posso estar me esquecendo de alguns), quem é que tinha nível mega antes do Culumon liberar o cheat de evolução pra geral?

KaiserLeomon escreveu:E mais um capitulo . Desse jeito eu fico sem folego de tanto ler . Mas estou adorando =D . E a travessia do espaço virtual foi algo bastante diferente de tudo que estamos acostumados a ver nas series de Digimon . Achei interessante o efeito da distorção na estrutura do espaço . Kkkkkkk Daiki vomitar durante a transição foi hilario . Mas o que aconteceu a seguir não foi nada agradavel . Eles foram atacados em pleno cyberespaço por Twillimon e o coitado do SlashAgumon ao evoluir para Sgarfirdramon para tentar ajudar Daniel e Dorumon atirou todos para fora do feixe de dados fazendo com que os Tamers fossem separados e lançados em locais diferentes do Digital World . Mako e SlashAgumon acabaram por cair num deserto com um monte de Aquilamons selvagens voando pelo céus e as ignorando e tiveram que atravessa-lo a pé . Fiquei surpreso quando eles chegaram na cidade assombrada e se encontraram com o Impmon solitario . Eu por um momento cheguei a pensar que esse Impmon fosse trai-las mas graças a " troca " que ele fez com Mako de guia-las até o acampamento onde tinha visto um monte de roupas usadas pelo binoculo de Mako elas conseguiram alcançar o acampamento das Mikemons . As Digimon Gatas Rajadas parece que confundiram ela com a Professora Noriko . Não sabia nem imaginava que ela tinha sido uma especie de " heroina " para os Digimon oprimidos no passado que acreditavam que ela voltaria para derrotar a Ellada . Muito gentil Babamon como uma atenciosa vovó Digimon . Eu sempre tive a imagem de que as Babamons eram todas velhinhas muito sabias e atenciosas cujo maior " poder " esta na sua sabedoria . Por outro lado fiquei triste com a Angewomon . Pelo que você descreveu me parece que os Soberanos da Ellada arrancaran-lhe suas asas de Anjo Digimon o que para uma Angewomon deve ser um castigo horrivel . Morri de rir com a escolha das roupas do " disfarce " da Mako em LadyPumpkinmon me lembrou  Ohanamon de Digimon Xros Wars . Agora resta saber como ela fara para encontrar Daiki , Daniel e Sachi . Otimo capitulo Pines .

Roupas usadas?

Bem, bem... Não é a primeira vez que um Impmon cumpre (ou tenta cumprir) um acordo. 

E a história é a seguinte, alguém chegou até eles e falou sobre essa menina que viria. Ela nunca apareceu. Eles ainda tinham a história em mente e pensaram que seria a Mako. Talvez em algum momento tenham começado a encarar a coisa toda como uma profecia. De qualquer forma, as coisas se explicam. Só lembrando que esses Mikemons eram todos masculinos. 

E desde que vi o desenho de Pomodorosa eu pensei, eu tinha que ver uma personagem que usasse isso. E caiu bem em Mako que precisa de um modo para passar desapercebida pelo Mundo Digital. Difícil é a vida para aqueles que não tiveram a mesma ideia que ela.
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Mensagem por LANGLEY002 Sáb Nov 11, 2017 11:07 pm

Capítulo 15: O Digimon Tocado pela Sombra. 



Quatro corpos caíam do céu do mundo Digital em direção ao deserto. O cavaleiro negro, Twilimon, foi o primeiro a atingir o solo, impulsionado pelo golpe de Dorugrowlmon. Assim que o Digimon tocou o chão, este último abriu a boca de sua máscara metálica e cuspiu inúmeras esferas. A explosão levantou um monte de areia e impulsionou o corpo de Dorugrowlmon para cima. Daniel pisou sobre ele e, em pé, conseguiu agarrar o corpo da pessoa encapuzada. Assim que o fez, o dragão azul meia-noite girou no ar, recomeçou a descer e deu uma guinada quando chegava perto da areia.
Twilimon ressurgiu das sombras, rodopiou acertando um chute por baixo do queixo de Dorugrowlmon. Os três caíram. Daniel tentava ao máximo imobilizar a pessoa encapuzada enquanto o parceiro lutava contra o mascarado. Daniel sabia que estavam em desvantagem ao lutar durante a noite. Temia que a qualquer momento o Digimon poderia aparecer atrás dele, as lâminas de rubi já apertando o seu pescoço, sussurrando com aquela voz fria.
Agora mesmo ele saltava, as duas espadas desenhando a luz vermelha do ar e atingindo a barriga de Dorugrowlmon com um corte superficial. Daniel gritou. Os pés do guerreiro tocaram o chão, os braços cruzados, na prontidão de se abrirem passando as lâminas com precisão cirúrgica na barriga do dragão.
– The Bowel Destroyer! – O menino ainda não conseguia evitar. Aquela voz sempre se manifestava como o gelo tocando a sua pele, fazendo todos os nervos reagirem, os músculos se contraírem. Um intenso brilho emanou das lâminas, começou a abrir os braços. Daniel via tudo em câmera lenta, se distraiu, permitindo que o encapuzado o chutasse e rolasse escapando.
Antes que o golpe de Twilimon se concluísse, entretanto, surgiram fortes roncos de motor. A poeira se levantava no horizonte, fazendo com que mesmo o mascarado parasse intrigado com o que ocorria.  Logo podiam escutar os solos de uma guitarra, as batidas de uma bateria e um grave barulho de um baixo entoando uma música lenta de heavy metal.
Os estranhos veículos, com suas rodas desproporcionalmente grandes, enfim, estavam pertos o bastante para que pudessem ver a figura de um homem gigante, muito musculoso. Vestia calças de couro onde foram estampados desenhos de chamas, as botas terminavam em grandes caveiras prateadas. No lugar do rosto tinha uma máscara de metal com uma abertura que pensaram ser a boca, dela vinha um riso numa voz grossa. O cabelo, todo arrepiado para trás era escuro. Os olhos vermelhos se iluminaram através do metal, seu tronco robusto, onde se enrolavam as correntes, começou a brilhar, seguido dos braços que balançavam as mesmas correntes. Parecia estar em chamas.
Chamas azuis.
– Agora estamos no MadMax?
– Vamos! Toquem a minha música! – As correntes começaram a rodar, de quando em quando as pontas tocavam o solo e enormes faíscas surgiam. – Go! Go! Go!
Os joelhos se flexionaram, o veículo quase empinou para frente, tamanho o seu peso. Pulou, caiu muito perto de Twilimon que já tentava assassinar aquele Digimon com as suas espadas de rubi, mas foi impedido porque as correntes se enrolaram em seus braços. Então tentou se desmanchar em sombras, mas a luz do fogo o impedia de afundar no chão de areia.
“DeathMeramon, Digimon chama do tipo data. Nível perfeito.”
– Huuuurray!!! – Puxou as correntes. Twilimon girou e caiu de frente com o chão de areia. Tentou se levantar, mas as botas calçaram em suas costas.
Outros muito parecidos com ele desceram dos veículos. Eram todos mais baixos ou mais esguios, alguns deles não tinham uma aparência masculina, mas sim feminina. Todos batiam as correntes, saltavam e cercavam o grupo. Alguns até carregavam pacotes de papel com enormes garrafas de bebidas alcoólicas e, de tempos em tempos, levavam aquilo até a boca, bebiam e balançavam a cabeça.
–  Twi...twi...twi... –  Estava tremendo muito. A imagem do cavaleiro negro sendo pisado por aquele enorme DeathMeramon era perturbadora.
–  Olha o que temos aqui! –  Uma DeathMeramon com os seios tapados por cinturões de couro se aproximou, empurrou o capuz e revelou um rosto assustado de menina. O cabelo que mal passava da altura do queixo, muito escuro e liso, refletia a luz azul do fogo de DeathMeramon. Do maior DeathMeramon, que pisava em Twilimon.
–  Twilimon! –  Gritou. Os dedos afundaram nos cabelos e ela foi se retraindo até cair de joelhos, toda torta.
Twilimon fez esforço para se soltar, não conseguiu. Tentaria de outra forma. As mãos começaram a brilhar e um padrão geométrico foi se espalhando pelo chão. Daniel se lembrou do que aconteceu quando Twilimon fizera aquilo com Trailmon que ficou sob seu controle.
–  Nem pensar, baby!
Vários DeathMeramons se juntaram em torno dele. Não conseguiam mais ver o que acontecia ali, apenas escutavam o barulho das correntes e a voz fria de Twilimon ao soltar o ar sempre que recebia um novo golpe.
– Twilimon! – A menina continuava gritando de desespero, as lágrimas escorriam sobre o rosto contorcido, os olhos púrpura se distorciam, trêmulos sob as lágrimas.
– Dorugrowlmon.
Dorugrowlmon tentou levantar voo. Sua boca se abriu liberando mais projéteis do que poderiam contar. Desceu ofegante. As correntes começavam a ser atiradas contra ele. Se enrolavam em suas pernas e braços, mas ele resistia. Os pés foram se arrastando pela areia enquanto suas lâminas retrateis se abriam e seus dentes ringiam ao morder algumas das correntes na tentativa de as quebrar.
Com a distração de seus tiros, Twilimon conseguira se livrar os pés de DeathMeramon. A multidão começava a se abrir para um círculo maior, apenas os quatro ali no meio e alguns corpos de DeathMeramon que começavam a se distorcer antes de se desmancharem em dados.
– Então você é durão? – O maior entrou novamente no círculo. Um soco colocou o cavaleiro de joelhos, o segundo soco o fez cair de vez ao chão. – Você só não morre aqui... – Desceu o pé sobre o pescoço do Digimon. – ...porque você vale mais no coliseu!
– Dorugrowlmon! – O menino gritou.
O dragão abriu as asas e levantou voo com dificuldade, saiu arrastando todos aqueles DeathMeramon. Sua voz artificial veio nos moldes de um rugido, um rugido de botar os cabelos arrepiados daqueles inimigos ainda mais em pé. Ganhava altitude, os oponentes já não conseguindo tocar os pés no chão.
– AAAAAAHHHH! – Os pés de Daniel pisaram forte, afundaram na areia batida. – AAAAAAAAAHHH!
A cauda de Dorugrowlmon se abriu e um forte relâmpago roxo desceu pelas correntes, atirando os DeathMeramon para longe, com exceção do maior que permanecia firme com seu pé sobre o pescoço de Twilimon, cada vez apertando mais ao que os sons guturais atravessavam a máscara.
Começou a rir do esforço dos dois Digimon. Um riso alto. Todos davam pulos e batiam nas pernas, o som de heavy metal começou a ficar mais alto. A mente de Twilimon já parecia não funcionar, a sua voz fria se foi e um rosnado atravessou a máscara. A mãos seguraram na bota de couro de DeathMeramon, começou a empurrar.
– Twilimon!
DeathMeramon pendeu para trás com o empurrão. As espadas de rubi, recuperadas a tempo de um novo golpe, partiram as correntes e deixaram o seu peito nu. Depois entraram as duas, ao que o Digimon começou a urrar. Suas mãos envolveram o pescoço de Twilimon, mas antes que pudessem fazer qualquer coisa contra ele, DoruGrowlmon desceu rodopiando. As lâminas retráteis manifestaram uma grande descarga e DeathMeramon estourou em dados.
A multidão se silenciou, os veículos pararam de roncar e até mesmo os instrumentos cessaram. Daniel olhou em volta, Twilimon ofegante, muito debilitado por ter de lutar contra tantos Digimon de nível perfeito ao mesmo tempo, DoruGrowlmon também cansado, o tronco se expandindo e se contraindo rápido com aquele com inorgânico de respiração.
Agarrou a mão daquela menina e a puxou, ela se levantou cambaleando, ainda perdida. Olhou com estranheza para ele, que desviou o rosto para a multidão de DeathMeramon. Sabia que eles não deixariam assim. O líder deles estava morto. O líder deles foi destruído. Eles não deixariam algo assim barato.
Puxou a garota e ela resistiu. Puxou mais forte.
– Vem!
Ela se deixou levar por um momento. Saltaram os dois contra Dorugrowmon e conseguiram se segurar nas costas dele. Os pés se levantaram do chão e foi muito rápido para a direção contrária a que os veículos haviam chegado. Twilimon, segurando as costelas, saltou com dificuldade e se segurou nos pés do dragão.
Quando começaram a ganhar distância, os fogos azuis se espalharam pelo céu guiados pelas correntes e explodiram contra o grupo. Eles caíram, mas os DeathMeramon não viram onde exatamente. Correram para os veículos. E saíram em disparada.
 
 
 
 
Twilimon havia desaparecido. Era como se a menina tivesse ordenado que fizesse aquilo. De certa forma entendia o que ela fez, pois o fez para salvar ao parceiro. Por mais que fossem inimigos, ele faria o mesmo, ordenaria que fosse para um lugar seguro, que se recuperasse antes de voltar. Pois ela, ela já estava segura. Confiava nisso, pois o seu inimigo interveio e a salvou da gangue de DeathMeramon.
Daniel, apesar de tudo, não queria quebrar o gelo. Lutava contra a vontade que tinha de perguntar o nome dela. Se perturbava com o seu pensamento que volta e meia se encontrava nela, na batalha que tiveram no Mundo Real, no momento em que ela invadiu o seu quarto. Sempre soube que era ela, apenas tinha medo de confirmar, porque tinha medo do que ele mesmo estava sentindo.
Caminharam em silêncio, o menino e o Dorumon muito machucados por terem sido atingidos pelas correntes, a menina com algumas escoriações. Chegaram a uma estação aparentemente abandonada. Daniel se impressionou com o fato de haverem máquinas vendendo bebidas por ali.
– Isso não é refrigerante. – A menina sibilou. Estava de braços cruzados, o rosto virado para o outro lado.
– O que é? – Ela não respondeu.
– Nós nunca soubemos. – Dorumon encostou o focinho na máquina. – Essas coisas só brotam do chão como se fossem árvores. Aparecem em todo tipo de lugar. Nunca sabemos que sabor esperar quando pegamos uma.
– Como eu faço pra comprar? – Não encontrava nenhum lugar em que pudesse colocar dinheiro.
– Com bits. O dinheiro oficial desde que a Ellada se expandiu. – O dragão se virou para o amigo. – É estranho que não saibamos quando essas coisas surgiram, mas saibamos quando é que começamos a usar dinheiro. Mesmo assim a maior parte dos Digimon ainda vivem de modo menos organizado e esse tipo de bebida não existe para eles.
– O Mundo Digital é estranho. – O menino começou a enxergar aquilo como um algoritmo. Naquele caso era como um sistema de condições, de eventos. A condição de aquela bebida existir era o Digimon saber o uso do dinheiro. – Mas por que eu consigo ver a bebida?
– Porque no seu mundo as pessoas usam dinheiro. – Se entreolharam. Ela desviou o rosto depois de um soluço. – Não... é óbvio?
– Por quanto tempo ficaremos com ela? – Dorumon soprou para o parceiro.
– Vocês não pre...
– Nós ficaremos com ela até o Twilimon voltar. – Colocou a mão acima dos olhos, observou as a areia vermelha que os cercava e as estranhas pirâmides invertidas que não pareciam estar muito longe.
– Mas, Daniel.
 
 
 
 
 
Dynalepmon demorou a alcançar a orla. Assim que o fez, fatigada e arfante, abandonou Daiki sobre a areia e se deitou ao lado dele. Não demorou para que seu corpo se desmanchasse em cubos coloridos. Lunamon virou-se para o dono. Nadara a noite toda e ele... Temia pela vida dele. E se tiver se afogado. Por que não acordava.
Seus olhos estavam muito moles, a qualquer momento sentia que iria fechá-los e não abriria antes de umas doze horas de sono. Mas não poderia dormir agora. Não sabia o real estado do parceiro e não conhecia bem aquela região.  Que tipo de perigos poderiam estar escondidos ali entre as palmeiras, as vegetações tropicais. A única coisa familiar eram as pirâmides, mas a cor azulada que tomavam era decorrente de um fato: estavam longe demais. Nunca as poderia alcançar com Daiki desacordado.
Infelizmente seus olhos se fecharam. Tudo se apagou por um breve momento. Acordou depois do Sol de meio-dia. Para seu alívio, estava balançando nas costas de alguém. Daiki retirara os sapatos e dobrara a barra da calça, mas a roupa ainda estava encharcada.
– Você vai se resfriar, Daiki.
– Está tudo bem. Está quente. – O menino continuo andando. – Desculpe por deixar você sozinha.
– Eu fiquei muito preocupada.
– Mas vai tudo acabar bem. – Mesmo que, esperançoso, dissesse aquilo, um forte temor invadia o seu coração. Daniel ficara na rota e de alguma forma cairia próximo de algum objetivo do grupo de Dorumon, mas ainda assim, ficara com Twilimon.
– Lazulitemon gostam de praias como essas. – Lunamon relaxou o rosto no pescoço de Daiki. – Será que ela poderia estar por aqui? Qual a chance?
– É isso! – Daiki puxou o Digivice. – O Dorumon não tinha conseguido rastrear?
– Os dados. Eu também tenho os dados!
Balançou o Digivice e o aparelho começou a reagir.
– Por aqui! – Apontou para a mata aberta que se iniciava ali. – Ele pede uma linha reta, mas a gente tem que contornar aquele rochedo.
Começou a caminhar na direção das árvores e palmeiras. Percebeu que haviam esferas coloridas presas no topo de algumas delas, talvez fossem coqueiros.
– Essas coisas são comestíveis? – Apontou.
– Sim. E são muito boas. – A princesa esfregou o rosto no cabelo do parceiro. – Mas são muito difíceis de quebrar. Se eu pudesse evoluir, faria isso fácil. Se eu fosse um Guilmon, mandaria um Rock Crusher com uma dessas na mão e também seria fácil. Mas sou só uma Lunamon. Sou frágil demais para a batalha.
– Mas quando você evolui, você é poderosa. – Apalpou as mãos de Lunamon. – Você salvou a todos de Ignifatumon, se lembra. E você com certeza vai libertar a Lazulitemon.
– Por que eles queriam capturar o Agu? Por que queriam capturar a Lazulitemon? Nada disso faz sentido para mim.
– Mas nós vamos descobrir logo. Estamos perto.
Lunamon balançou a cabeça, mesmo que não estivesse totalmente confiante de que estavam chegando ao fim, ao ponto onde todas as perguntas eram respondidas. Será que realmente havia um ponto assim em alguma história ou era uma invenção dos contadores mais românticos?
 
 
 
 
 
A armadura se curvou, caiu de joelhos. Se arrastava pelos corredores escuros com dificuldade. Uma porta entreaberta, a luz que vinha dali denunciou a presença de alguém. Ele sentia a luz sobre o seu corpo, sentia as vibrações vindo de dentro do quarto, o calor. Seguiu naquela direção, ainda segurando as costelas, ainda com os pés dificilmente saindo do chão.
As costas estavam num estado horrível. A armadura estava partida e um líquido viscoso e vermelho vasava por ali. Quando se distanciava demais dos ferimentos, era desintegrado. Os dados eram a única coisa brilhante naquele corredor.
Esticou o braço e tocou na porta. Era pesada. Aproximou o rosto. Tentou distinguir quem eram através das vibrações. Mas logo teve a resposta sem necessidade de tanta concentração. As botas bateram e um corpo sinuoso se formou no epicentro do som, outro corpo estava logo atrás daquele. Eram corpos femininos.
– Jeannemon, me perdoe. Me perdoe. – Se colocou de joelhos. – Tem que me escutar.
– Não sei se posso lhe escutar. – Ouviu o tilintar de uma armadura, os fios de uma cabeleira se desprendendo, escorregando, desenhando as costas magras. – Você não selou apenas o meu destino com suas ações. Você também selou o meu destino. – O rosto se abaixou. – E o meu destino... – O que era aquilo? A vibração indicava uma forma líquida, era quente e tinha alta concentração. Estava chorando? – ...é ser julgada diante dos Cinco Generais da Ellada e ser petrificada diante do poder de Medusamon.
Deu um de seus suspiros frios. A segunda figura, que se ajoelhava, não reagiu, mas a outra, a figura quente e imponente de Jeannemon, essa se moveu.
– Quem está aí?
Ouviu o tin tin tin da armadura. A mão tocando sobre a superfície lisa da tinta que cobria aquela porta de madeira. Um som abafado se espalhando pelo interior da porta e chagando até ele. Se escondeu atrás quando a porta ringiu e a luz invadiu o corredor. Não tinha forças, mas teve de tentar se esconder nas sombras.
Sentiu a gravidade pesar sobre o seu corpo e afundou. Era um só com aquele meio. Era fluido como água. Todas as vibrações do mundo chegavam até ele de alguma forma. Ali conseguia definir imagens e cores com facilidade mesmo que não tivesse o dom da visão. Viu o rosto de Jeannemon. Era bela, o cabelo era prateado e uma tiara brilhante o fazia se projetar para trás, onde descia solto até as tranças que haviam nas pontas. A armadura dela também era bela.
Ela era uma existência linda e aquilo o horrorizava. Se lembrou de quando era apenas um Digimon criança, mas não conseguia saber nem mesmo que Digimon fora. Então pensou que aquela memória era criação de sua imaginação, ele sempre fora assim, cego. Um Digimon tocado pelas sombras e ao qual recai todo o dever que nenhum Digimon belo como Jeannemon poderia carregar. O dever de fazer a voz do rei, a voz do deus dos elladianos ser ouvida sem interferências.
Fazia o que era preciso.
Jeannemon olhou para as sombras, teve a impressão de que ela olhava para ele. Era impossível, nenhum Digimon como ela poderia enxergar através das sombras. Só havia um membro da corte, com exceção do rei, que conseguia ver através das sombras. Um Digimon que também fora banhado nas sombras, mas este continuava belo, apesar de, como ele, enxergar apenas aqueles borrões ao receber as vibrações, o calor e as ondas de luz.
A única coisa bela que um dia realmente olhara para ele foi uma humana. Os humanos que tinha de ensinar a Ellada a odiar. Afinal, esse era o seu dever. Continuaria a fazer aquilo, por mais que soubesse que a humana era boa. Instigar o medo e a aversão aos humanos tinha um motivo. O seu rei apenas queria proteger a todos. E ele fazia parte disso como peça chave.
Sondou a garota. Ela estava junto do inimigo, o humano e o Digimon. Sentiu uma pontada quando a humana fitou o humano. Que tipo de olhar era aquele com que olhavam quando o outro não via. Saiu das sombras novamente, estava em outro ponto do palácio. Foi se apoiando na parede, até que caiu. O som de sua armadura ecoou.
Sentiu a vibração através do chão de pedra, do tapete. Os passos. Os passos de Digimon da nobreza. Ele fora visto por um Digimon da nobreza? Não deveria ser visto. Lembrou das palavras de Jeannemon. Ele também estava condenado agora.
Escutou o tilintar. Seria ela? Seria Jeannemon.
– Deixem-no. – Disse. Não era Jeannemon. – Sabem que todos os Digimon tocados pelas sombras são de meu exército.
– E o que ele faz aqui?
– Ele acaba de retornar de uma batalha difícil.
– Se isso ocorrer novamente, Medusamon, iremos reportar ao rei.
– Pois desafio que reportem.
Sentiu o seu corpo afundar nas sombras novamente, mas não o fez por conta própria. Fora induzido pelo poder de Medusamon. Ressurgia sobre uma enorme maca. Escutou o ringir do metal. O doutor se aproximou dele, o cientista que controlava a evolução do reino sob o plano do rei.
– Steelmon... preciso... proteger a Misaki...
– Não se preocupe. O outro humano está a caminho.
– Outro... humano? Por quê?
– Mas isso é um segredo nosso.
 
 
 
 
 
 
Daiki e Lunamon conseguiram ir através da mata. No caminho o menino se impressionou com os Digimon que viviam por ali, como aquela estranha bola de pelos roxa com asas de morcego e quatro patas que Lunamon apontou ser um Tsukaimon e um anfíbio verde com uma membrana laminosa e vermelha sobre o corpo que descobriu ser um Betamon.
Também haviam os Piximon, Digimon fada de corpo redondo e rosa, as asas pareciam muito com as asas de um inseto. Estavam sempre com uma lança em mãos e pareciam apreciar a presença de um Digimon como ela. Ela disse que isso acontecia porque ambos eram Digimon mágicos. No reino de que as Lunamon vieram, haviam muitos Piximon. Mas ela não sabia muito sobre esse lugar, pois quando nasceu, a Ellada já controlava todo o território.
Ao descerem o caminho de pedras lisas em direção a outra praia, perceberam que havia uma cabana. A fumaça subia por uma chaminé toda torta e com ela vinha o cheiro de peixe assado. O estômago dos dois começou a roncar. Tinha comida na bolsa, mas era apenas comida comprada em lojas, não era como algo feito na hora, não era como a comida que servem na mesa de casa quando se sentam em família.
Foram abeirando a cabana muito devagar, desconfiados. Quando a alcançaram, perceberam que a porta estava semiaberta. O Digivice de Daiki começou a reagir de dentro do bolso.
– Não vai me dizer que...
– Daiki! – Lunamon saltou, o menino foi tropeçando para trás até cair de costas na areias. Alguém abriu a porta da cabana para observar o que acontecia.
Uma estrutura enorme de água começou a se erguer e, quando a água escorreu, ali estava a fusão grotesca entre Ignifatumon e Lazulitemon. De tempos em tempos Lunamon escutava um sopro, era a voz de Lazulitemon que resistia dentro daquele corpo.
Daiki apertou o Digivice desejando que a parceira evoluísse para lutar. Mas não teve resultado. A princesa ficou olhando para as mãos enquanto aquela coisa se arrastava para fora da água, agora com quatro pernas e dois braços aparecendo no corpo disforme. O cabelo prateado que caía desalinhado e cobria o rosto era igual ao de Ignifatumon. Não soube dizer se haviam olhos, só viram uma boca enorme com mais dentes do que alguém poderia contar.
O monstro abominável vinha na direção dos dois quando algo saltou metros acima da água. O pano vermelho se agitou na forte brisa da praia e os estalos podiam ser ouvidos dali. As roupas brancas giraram no ar junto de uma estranha lança onde se via uma lâmina em forma de meia lua numa das pontas e o que parecia ser algum tipo de metralhadora na outra. A armadura de escamas verdes se assentou sobre a cabeça da fera, o cabelo verde caiu sobre a bandana vermelha e o bico amarelo.
“Shawjamon, Digimon homem demônio do tipo vírus. Nível perfeito.”
Os braços compridos de Shawjamon agarraram na cabeleira e com um gesto de força, a voz se levantando num gemido, girou o monstro no ar o devolvendo metros e metros mar adentro. O Digimon guerreiro, muito alto, se aproximou de Daiki e Lunamon. O menino não sabia realmente se ele olhava para eles, já que em lugar de olhos enxergava apenas aquela bandana vermelha.
– Essa coisa tem sido um problema para o reino dos mares. Espero que não tenham se machucado.
– Aquilo... Faz muito tempo que está aqui? – Daiki tentou bater a areia do corpo, mas foi impossível. Sua roupa estava úmida, ao cair, a areia grudou toda nele.
– Não. Faz poucos dias. – Se virou. – Nunca vi tantos humanos num só lugar.
– Tantos humanos? – Daiki olhou em volta confuso. Avistou uma garota na porta da cabana, ela observava tudo com suas mexas louras ao vento.
– Vejo vocês mais tarde, eu espero. – Shawjamon saltou no mar.
– Espera! Precisamos de ajuda! A nossa amiga! A Lazulitmon! Precisa libertar ela dessa coisa! – Mais foi em vão. Shawjamon já nadara para muito longe. A princesa desanimou.
A outra menina chegou até eles. Daiki e ela ficaram se encarando por um bom tempo, até que ela acenou com a mão e caiu na gargalhada.
– Por que está rindo?
– Desculpa... É que... a sua cara... – E recomeçou a rir até ficar roxa e sem ar. – A sua cara foi hilária!
– Não sabia que haviam outros como nós por aqui.
– Como nós? – A menina se inclinou. – Isso depende muito. Você diz, crianças humanas ou tamers? Eu não sou um tamer.
– Não é um tamer?
– Então o que faz aqui? – Lunamon tomou a dianteira, encarou a menina dos pés à cabeça. Estava apenas numa camiseta longa e branca. Como a roupa estava úmida, um biquíni azul-marinho era visível além da pele rosada e sardenta dela.
– Eu só estou procurando por alguém. – Baixou. O cabelo louro escuro desceu sobre Lunamon. Ela se irritaria se não pensasse que aquele cheiro fosse tão bom. – Eu sou Amélie LeBlanc, e vocês, quem são?
– Sou Ishikawa Daiki. – O menino se curvou levemente, depois voltou. A menina segurava um riso.
– Sou Lunamon.
– Os japoneses são mesmo como dizem.
– Você é francesa?
Oui, je suis. Ravi de vous rencontrer.
– O Digivice não deveria traduzir tudo o que ela disse? – Encarou Lunamon. – Por que eu não entendi nada?
– Isso não funciona com quem não tem um Digivice. – Ela sorriu.
– Então estava falando japonês o tempo todo?
– É o que parece... –  Se inclinou na direção dele. – Causei uma boa impressão por ser fluente em japonês?
 
 
 
 
 
 
O Trailmon começou a passar pela estação, mas não parou. Apenas diminuiu a velocidade.
– Os trens não param em estações como essas. – Explicou Dorumon. – Temos que saltar para dentro deles.
A menina já começara a correr na direção do trem, os dois a acompanharam. Então ouviram os roncos de motor, a nuvem de areia vermelha que se levantava ao longe e foi expandindo conforme se aproximava. Durante a noite não perceberam que haviam tantos veículos. Alguns DeathMeramon já saltavam balançando suas correntes para acertar os três fugitivos.
– Vai você primeiro! – Daniel empurrou a menina para dentro do trem. Percebeu tarde demais que o fizera apertando as nádegas. Ela, caída para dentro, bem na beira do Trailmon, olhava para ele com os olhos muito arregalados e o rosto muito vermelho. Ele próprio ficou vermelho também. Desviou o rosto e apertou o Digivice.
– Precisamos atrasá-los.
– Não! – Gritou a menina. Não compreendeu. – Você vai morrer!
Era verdade. O que ela disse era verdade. Não havia chances de eles vencerem aquela multidão de DeathMeramon. E já estavam tão perto. As correntes zuniram no ar e desceram flamejantes contra Daniel e Dorumon. Não viram mais nada.
– Twilimon! – Gritou a menina. – Twilimon!
Twilimon saltou das sombras e, agarrando os dois, os lançou para dentro do vagão. Puxou as espadas e feriu os DeathMeramon mais próximos antes de saltar sobre a sombra da estação abandonada e desaparecer.
Ressurgiu dentro do vagão. Embainhou as espadas e recolocou a capa vermelha. O rosto de Misaki estava quente, muito quente. Mas não era febre. Se localizava apenas nas bochechas. Não sabia o que era aquilo. A única vez que vira a menina ficando tão quente foi por ela estar com febre.
Agora ela se esforçava para colocar Dorumon e Daniel lado a lado nos bancos do Digimon trem. Parou, fadigada e se deixou afundar contra a poltrona do Trailmon. Twilimon se sentou encolhido ao lado dela e puxou o capuz da garota, lhe ofereceu o pano preto para cobrir o rosto. Não podia deixar que sempre soubessem que era humana. Deveria ser Digimon o tempo todo, humana apenas quando o seu rei decidisse que era necessário.
– Deveríamos eliminá-los. Esse é o desejo do rei.
– N-não! Não podemos.
– Por quê?
– Porque eles nos salvaram.
– Por que você... – As vibrações do Trailmon lhe davam formas e cores estranhas para o mundo. Não conseguia enxergar a expressão de Misaki nem mesmo como um borrão. – O que te faz ser assim com esse garoto.
– Não há nada com esse menino. – Ela balançou a cabeça? Não conseguia mesmo. Seria culpa do trem ou dele mesmo que não se concentrava o suficiente nos sinais que o mundo lhe mandava. – Mas não quero... dever nada a ele. Vamos deixa-lo na próxima estação. A estação de Zonian.
– Não deveria fazer isso.

– Por favor... Que diversão haverá em mata-lo agora? – Sim, ela balançava a cabeça. Também apertava os tecidos da roupa entre os dedos. Também o coração dela batia muito rápido. Também o cérebro dela se consumia pela doença.  E ele não sabia o que deveria fazer. Cumprir o seu dever como servo do rei, ou se devotar à garota? – Nós pagamos a nossa dívida e o esperamos ficar mais forte, então brincamos com ele.
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Mensagem por LANGLEY002 Dom Nov 12, 2017 7:17 am

KaiserLeomon escreveu:Puxa dessa vez você não economizou na ação Pines . DoruGrowlmon praticamente caiu do céu no Digital World lutando contra Twilimon . Mas apesar de lutarem furiosamente eles acabaram por ser interrompidos por um bando de DeathMeramons punks que fizeram um estrago devastador tanto em DoruGrowlmon quanto em Twilimon apesar de no final o Digimon das Sombras ter conseguido destruir o líder do bando de DeathMeramons e escapar . O que é este " Coliseu " do qual o lider dos  DeathMeramons falou ? E eis que a identidade da misteriosa menina Tamer parceira de Twilimon é revelada . Quem é a misteriosa Misaki como foi que ela conheceu e se tornou Tamer de Twilimon . Sera que o Guerreiro das Sombras é um Digimon mais ou menos igual a Beelzebumon digo um Digimon que apesar de " amoral " tem um codigo de honra próprio , particular e muito próprio ? E quem era aquela Jeannemon a Digimon que havia sido transformada em pedra por Medusamon ? E finalmente sabemos qual é o nome do Digimon Cientista da Ellada que cria as evoluções dos Digimon que servem ao imperador o tal do Steelmon . Ele é um Digimon Maquina Androide ? Um Digimon Cyborg ? Como ele se parece ? E o que ele quis dizer com " outro humano esta a caminho " ?Enquanto isso Daiki e Dynalepmon cairam no mar e a Digimon teve que nadar carregando Daiki até a praia . E acabaram por se depararem com Ignifatumon numa cabana na praia . Daiki não pode evoluir Lunamon para lutar porque sua Digimon estava sem forças e com muita fome o que a impossibilitava de evoluir para enfrentar Ignifatumon . Se Shawjamon não tivesse surgido para auxilia-los no ultimo instante tenho medo do que poderia ter acontecido . E mais uma menina humana ? E ainda por cima Francesa ? Quem é essa Amélie LeBlanc como conseguiu chegar no Digital World se como ela mesmo disse ela não é uma Tamer e quem é esta pessoa que ela esta procurando . E eis que Daniel e Dorumon conseguiram escapar da gangue de DeathMeramons Punks num Trailmon e ainda com a cituação constrangedora de Daniel empurrar as nadegas da menina para que ela pulasse primeiro no vagão do Trailmon . E Twilimon voltou a tempo de salvar sua Tamer que o impediu de matar Daniel e Dorumon . E agora a misteriosa Misaki parece que vai fazer um jogo perigoso com o Tamer e seu Digimon já que ela disse ao final " Nós pagamos a nossa dívida e o esperamos ficar mais forte, então brincamos com ele." . Excelente capitulo Pines .

Bem, não tinha outro jeito de começar a parte de Daniel, afinal, ele ficou junto de Twilimon. Ao cair, a luta se seguiu. Foram surpreendidos, porém, por esse bando que parecia ter saído de MadMax. Uma curiosidade sobre a gangue de DeathMeramon é que eles capturam Digimon que julgam fortes e jogam num coliseu para lutarem pela sua vida. Basicamente é assim que conseguem tudo que é necessário para sobreviverem no deserto vermelho da região de Zonian.

Jeannemon não foi transformada em pedra, mas sim teme que seja petrificada como pena pelo seu julgamento diante do rei e dos Cinco Generais da Ellada. Ela fez algo que julgava justo, mas que vai contra os interesses do rei. Sua serva acabou por entregá-la e por isso ela pensa que será logo intimada e julgada.

O Steelmon tem uma aparência baseada no gênero Steam Punk, isso por seu nome vir do músico Doctor Steel, a persona de Rion Vernon que sempre aparece em suas mídias como um cientista louco que anseia por dominar o mundo e se tornar seu ditador. Por um momento ele seria algo como Steinmon, mas decidi que o uso do Victor Frankenstein estava muito saturado em todo tipo de  história. 

A Amélie é assunto para outro momento e por isso quero dizer capítulo 17. Já darei uma explicação sobre a origem da menina por ali, embora não com tantos detalhes. 

E a Misaki, coitadinha, está completamente confusa. Exatamente como o Daniel está. Por dever são inimigos, mas... E aí?
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