Bokura no WARGAME (2000) inspirado no filme WarGames (1983)?

Pessoal, isto foi algo que eu descobri só recentemente. Até peço desculpas se alguém já sabia, mas acontece que fui surpreendida e gostaria de saber a vossa opinião.

Como vocês sabem, o 2º filme da franquia é Digimon Adventure: Bokura no WARGAME (2000), realizado pelo Hosoda Mamoru. Várias vezes eu tenho elogiado o trabalho dele, mas recentemente fui surpreendida por uma pequena "chapada na cara". xDD

Li um livro que foi escrito tendo por base um filme americano chamado WarGames (1983), feito por John Badham. O livro que li é da autoria de David Bischoff. Ora, este livro tem muitas coisas demasiado parecidas com o filme do Hosoda Mamoru para deixar escapar. xD (e o filme, como é óbvio, também)


A história de WarGames acontece durante a Guerra Fria, quando a União Soviética ainda era considerada uma ameaça para os Estados Unidos da América, e ainda no tempo em que as disquetes e o Pacman era o último grito da tecnologia.

O filme narra a história de um rapaz de 17 anos chamado David Lightman, que é completamente fanático por jogos de computador. Mas ele é também um hacker genial. David aborrece-se muito facilmente da escola e dos seus professores (que ele considera "arrogantes"), sendo alguém que adora computadores a tal extremo que acaba exibindo as suas capacidades à sua colega de turma, Jennifer Mack. Ela é a primeira rapariga a entrar no quarto dele.

Um dia, este rapaz encontra uma porta-dos-fundos (backdoor) que lhe dá acesso à central militar dos EUA e faz com que o WOPR corra uma simulação de guerra nuclear... mas o problema é que David não sabe disso. David pensa que está apenas a jogar um jogo de computador. Mas não é. Este "jogo" que ele está a disfrutar é de facto até mais do que apenas uma simulação: é uma forma de A.I (Inteligência Artificial) digital criada por um homem chamado Falken, um génio que deu o nome do seu falecido filho (Joshua) àquele programa.

Este A.I., Joshua, está programado para aprender mediante algoritmos, e ele adora jogar. Mais do que jogar, Joshua adora ganhar, e o seu maior defeito é que não sabe desistir. Os militares dos E.U.A. decidiram usar estre programa porque pensavam que seria capaz de cuidar do sistema de mísseis nucleares (porque, no livro, nem mesmo os generais treinados com grande experiência militar são capazes de rodar a chave que lança as ogivas - e então os superiores pensaram que um computador seria perfeito para o trabalho; porque computadores não hesitam ao pensar nas pessoas que estão a matar)…

No filme, este simulador desencadeia um medo nacional por mísseis nucleares e quase desencadeia mesmo a 3ª Guerra Mundial. David e Jennifer são os únicos que sabem toda a verdade sobre este software e eles têm que fazer alguma coisa antes que seja tarde demais.



Devo alertar que as histórias são diferentes uma da outra. Mas se vocês compararem o final de ambos os filmes, não há como recusar que o filme de digimon teve forte inspiração de em WarGames. É claro, isto também se aplica ao filme de maior sucesso do Hosoda Mamoru, Summer Wars (2009) - que alguns fãs de digimon até chamam de "remake de Bokura no WarGame".

Os pontos comuns são ao nível do conceito e ao nível da estrutura da história:

1) Entre os protagonistas há um génio que percebe de computadores (David / Koushirou / Keiji)

2) Existe um programa de computador que é uma forma de Inteligência Artificial que opera dentro da rede (Joshua / Diaboromon / Love Machine)

3) Um problema desencadeado por via da Internet, e que pode provocar o caos mundial (WOPR / Digital World da net / OZ)

Ao nível da estrutura, as semelhanças são mais gritantes:
4) Quando o programa A.I. é vencido e toda a gente pensa que o problema está resolvido, os personagens são surpreendidos porque o programa mostra uma "última carta na manga". O programa faz disparar um míssel nuclear e mostra uma contagem decrescente que coloca os personagens sobre pressão. Os personagens têm 10 minutos até o míssil ser detonado. (isto acontece nas 3 histórias xD)

5) O protagonista "nerd" (David/ Koushirou/ Keiji) é o único capaz de compreender o que está a acontecer e usar o seu teclado para interagir com o A.I, num confronto final. Este é o momento em que o Homem vence a Inteligência Artificial. (David desafia Joshua para jogar tick tack toe / Koushirou envia um e-mail que atrasa Diaboromon e o torna um alvo fácil para Omegamon / Keiji usa formulas matemáticas para hackear o núcleo de OZ e ajudar Kazma a destruir Love Machine).

6) No supremo final, um rapaz reconcilia-se com a rapariga, e há um beijo. xD (David e Jennifer beijam-se / em digimon Taichi e Sora reconciliam-se, não é bem um beijo, enfim / Keiji e Natsuki beijam-se no final e tornam-se namorados a sério)


Então, eu não acho bem que isto possa ser considerado um "plágio" no sentido formal do termo. Nota-se que o Hosoda apenas usou o esqueleto da história, e adaptou e melhorou tudo o resto ao dar origem aos seus 2 filmes animados.
Mas devo admitir que descobrir isto deixou-me um pouco com aquela cara de "meh"... LOL Confesso que ainda não sei muito bem como reagir a isto. Acho que não tira o mérito do Hosoda, mas começo a voltar à minha teoria de que "Japoneses não são bons a criar coisas, eles são bons é a melhorá-las". xDD

O que é que vocês acham?

Já ouvi falar neste filme... mas nunca o vi melhor e nem parei para pensar na semelhança dos títulos xD

Este não é o primeiro filme a usar a mesma estrutura dum outro filme ou livro, ou seja lá o que for. Pegar "emprestado" o roteiro mais básico é algo muito comum, o que torna a coisa original e até disfarça o suposto plágio são os detalhes e o desenvolvimento da trama.

Interessantíssimo essa informação.

Eu comecei a ler o livro por causa do título, justamente! Sinceramente não é a cópia da estrutura que me deixa frustrada, mas sim descobrir só agora que o título "O nosso Jogo de Guerra" era alusão a outro filme que só conheci na semana passada!! Lol É um fail para quem já escreveu sobre a película em questão...

Muito interessante, aliás, enquanto lia percebi que já vi outros desenhos fazendo referência a essa história e não havia percebido...

E não sei, me parece longe de ser um "plágio" (entra aspas mesmo). Acho que o Mamoru gostou da história e percebeu como os seus elementos podem funcionar bem em outras histórias. Vejo isso como um Shout-Out, ou uma inspiração. Ele conseguiu usar aquela ideia de seu jeito próprio, sem precisar simplesmente dar um Ctrl C Ctrl V. Bem, eu me interessei mais pelo filme após descobrir isso.

Não foi plágio, foi inspiração... #ladygagafeelings

Falando sério, acho que a intenção era essa mesmo, adaptar a história que já existia ao universo de Digimon, e acho que funcionou muito bem xD

Eu chamaria de recontar: "E se essa história acontecesse em Digimon?"
Ele pegou os pontos básicos, os separou da história, e os colou denovo sob o conceito de Digimon; fez isso MUITO bem, que a história anda por suas próprias pernas.

Só tenho uma dúvida: O Wargame, seja o livro ou o filme, é bom?

Acho que todos nós temos aquela história que nos impactou de forma diferenciada, que ficou garrada na mente e que queremos fazer uma igual, acho que esse é o caso xD Não podemos dizer que os filmes de ação com tomadas em câmera lenta copiaram Matrix por exemplo.

Agora se for olhar o Summer Wars é bem mais parecido, até a forma como a inteligência artificial foi derrotada o.o No final, Summers Wars não é um remake de Bokura no War Game, é uma animação desse livro huahauhauhauha

Seiryuumon escreveu:Eu chamaria de recontar: "E se essa história acontecesse em Digimon?"

E reforço que o título do filme é "A nossa WarGame". Não parece ser um dado escondido.

Mark escreveu: Só tenho uma dúvida: O Wargame, seja o livro ou o filme, é bom?

É um filme de ficção científica dos anos 80, acho que isso já diz tudo. Vais encontrar algum daquele artificialismo típico da época, mas eu achei-o bom. A verdade é que o ambiente "hacker" daquele tempo estava envolto numa certa mística e entusiasmo. Dá para perceber que incidiram talvez um pouco demais nessa parte. Mas não se nota muito porque, apesar de tudo, ainda é ficção científica. xD
As bases estão lá: linguagem basic, o acesso à rede era feito ainda por impulsos e ligado a uma rede de telefones, e há veracidade naquela parte de ser possível hackear sistemas electrónicos pela reprodução de deterinadas ondas sonoras. O filme Hackers (1995) explica até melhor esta parte do que WarGames.

Mas não é nada de outro mundo, principalmente porque eu já lancei spoilers neste tópico, e pior ainda para quem já viu Summer Wars e Bokura no WarGame.

Pessoalmente, gostei mais deste final. Não tem termos cinematográficos (Summer Wars é melhor nisso). O que gostei foi da forma como resolveram o problema do "Joshua" com lógica e simplicidade. Tão simples, que te perguntas como não pensaste naquilo antes. kk

PS.: Achei o livro melhor, tem mais informação, tem cenas que não vêm no filme; é simplesmente mais completo xD

São estas coisas que me fazem ter orgulho de Digimon. "Orgulho? Onde?" Pois no "convívio" com outros media.

Nota: Já arranjei um filme (lazer) e um livro para ler (obrigação/tinha que escolher um).