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Digimon twitter RP Oneshots
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Digimon twitter RP Oneshots
~Digimon twitter RP Oneshots~
Tópico dedicado à criações a partir do roleplaying
Tópico dedicado à criações a partir do roleplaying
Yosh! Pensei que deveria existir um tópico especial e centrado em apenas oneshots relacionados ao rp.
O tópico é comunitário, ou seja, todo mundo que participa do roleplaying tem total liberdade de postar suas invenções aqui xDD
E aos que desejam participar da maluquice: https://digitalzone.forumeiros.com/t218-digimon-twitter-rp-br-pt#3851
Idéias, logs, trechos - Vão para este tópico: Guião de idéias
Regras:
- Só será postada aqui criações que envolvam o rp.
- Respeite as criações dos outros.
- Peço por gentileza que não façam comentários do tipo "legal", "gostei", etc. Evitem flood, por favor.
- Caso um membro do rp quiser postar uma criação de outro participante, peça permissão antes (apenas para evitar brigas...)
- Ao postar, coloque no topo do post um link para o Índice.
Copie e cole no início do post:
- Código:
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Última edição por Nina Geijutsushi em Qua Dez 07, 2011 9:47 am, editado 4 vez(es)
Convidado- Convidado
Re: Digimon twitter RP Oneshots
Yosha!!
Esta fanfic nasceu umas semanas depois do @Ishida_Yamato e do @Yagami_Taichi começarem à porrada. Motivo? Aparentemente, o Taichi foi ver uns filmes na casa da @Takenochi_Sora e o Yamato não gostou. A fic está um bocado diferente do que aconteceu no twitter, mas não faz mal. xDD
Os tweets que inspiraram esta história...
http://twitter.com/#!/Takenochi_Sora/status/29197292256
http://twitter.com/#!/Yagami_Taichi/status/29196681151
http://twitter.com/#!/Ishida_Yamato/status/29196781342
http://twitter.com/#!/Yagami_Taichi/status/29200943703
http://twitter.com/#!/Takenochi_Sora/status/29200040176
Enjoy!
- Sora!!
A escolhida do amor piscou os olhos ao perceber que aquela voz lhe era familiar. Teve que deter-se no meio da estrada para perscrutar com o olhar a multidão de alunos vestidos de verde - os mesmos que conversavam e se aglomeravam em frente ao portão da escola secundária de Odaiba...
Quase pensou que estava a imaginar coisas, mas foi então que o descobriu: Taichi Yagami, ligeiramente mais alto do que a média dos alunos, fez notar-se pelo seu habitual sorriso, ao vê-la. Veio a correr, com a sacola de desporto ao ombro.
- Taichi! - ela ficou aliviada... mas não o demonstrou. Em vez disso, pousou a mochila pesada no chão, indignada - Onde raio estiveste? Passei a última hora à tua procura, e nada...!
- Desculpa, desculpa! - o escolhido interrompeu-a, na ansiedade de não a se fazer zangar. Parou à frente dela, ofegante, e induziu o gesto nervoso de quem o lamenta profundamente - É que o Daisuke saiu lesionado do treino. Estive com ele até agora...
Resultou. A expressão facial dela suavizou-se um pouco, ao vê-lo acalorado e de colarinho desabotoado. Parecia que se tinha vestido à pressa, nos balneários.
- Ele está bem?
Taichi fungou.
- Hikari estava a vê-lo.
O ar preocupado da escolhida fez-se substituir a um gemido de frustração. Percebeu exactamente o que o amigo queria dizer, mas Taichi não pareceu queixar-se. Em vez disso, riu-se da reacção dela.
- Só desta vez, deixei-o estar...
- Podias ter-me dado um toque - ela suspirou - Se soubesse, tinha ido com o Yama...
Mas ele não deu sinais de que a estivesse a ouvir. Curvou-se para apanhar a mochila dela e puxou-a, para pendurá-la ao ombro, com desenvoltura, e pôr-se a andar. Sora ficou a olhar para ele, encabulada, até que percebeu o que ele tinha feito. Teve que protestar.
- Taichi! - avançou - Deixa que eu levo!
Yamato Ishida estava à entrada da porta principal da escola, em pé, encostado à parede, e de mochila no chão. Já tinha passado alguns minutos desde o último toque da campainha, e o loiro continuava à espera dela...
Cansado de esperar, suspirou e agarrou na mochila, que colocou ao ombro. Será que ela já tinha ido embora? Dirigiu-se aos portões da escola ao ocorrer-lhe que a rapariga podia ter saído já, sem ele ter dado conta. Talvez por isso, mal os transpôs, a primeira coisa em que reparou foi exactamente a pessoa que procurava. A meros metros de distância, encontrou Sora e Taichi, a conversar entre risos e brincadeiras, a caminho de casa...
- Mas o que é que aqueles dois...?
Começou a encaminhar-se para junto deles, curioso por saber o motivo de tanta alegria...
- Taichi, hoje é Sexta-feira! Que tal vires a minha casa hoje à noite para fazemos uma sessão de filmes?
Yamato parou subitamente de andar, ficando a alguns metros deles.
“Sessão de filmes à noite?” questionou-se, um pouco indignado, enquanto via Taichi a aceitar o convite animadamente e os dois a seguirem caminho.
- Yamato! - um rapaz passou pelos portões e correu até chegar ele.
- Hum?... - o loiro virou-se, surpreendido e confuso - Takashi? O que se passa?
- Ensaio, agora! - recuperou o fôlego antes de continuar - Anda lá! O Yutaka afinal pôde vir!
Antes que Yamato pudesse responder, o rapaz deu-lhe um ligeiro puxão no braço para o fazer começar a andar. Yamato ainda olhou para trás, para os dois amigos, por míseros segundos... mas deixou-se conduzir pelo colega...
- Então, qual vai ser?
Ela ergueu uma sobrancelha, inspeccionando a pilha de DVDs que o amigo lhe tinha passado para as mãos. Era uma filmografia generosa. Taichi seleccionara-a a dedo antes de ir a correr para casa da família Takenouchi.
- Ring, Mirrors, O Exorcista... - Sora enumerou, até obrigar-se a fazer uma pausa para observá-lo, espantado - Por que é que só tens aqui filmes de terror?
Taichi atirou-se para o sofá, como se estivesse na própria casa. Visitava aquele lugar desde que se lembrava como gente, e, talvez por isso, não reparou no olhar que ela lhe deitou. Ele simulou um ar de inocente.
- Qual é o problema? - esboçou um leve sorriso - Se tiveres medo, podes agarrar-te a mim que eu protejo-te!
- Taichi!! - Sora exclamou, indignada. Desviou o olhar, algo acalorada... mas, de algum modo, aquilo mexeu com o seu orgulho. Lá por ser mulher, tinha de passar por fraca?! Ela não era a Mimi, e podia provar isso. Fez má cara para um DVD qualquer, e agarrou-o com os dedos.
- Pronto! Vamos a isto!
Taichi esticou-se para aceitar o DVD e houve uma pausa, antes de piscar os olhos para o título. Um leve sorriso tomou-lhe os lábios.
- Actividade Paranormal?
Sora não gostou da forma como ele se riu: parecia-lhe demasiado contente... e o modo entusiasta com que saltou para o sofá confirmou-o. Viu-o precipitar-se sobre o leitor de DVDs, a titubear baixinho.
- Apaga aí a luz!
- Yamato, qual é o teu problema? O que se passa contigo hoje?
Yamato parou de afinar o baixo e pousou-o no chão, suspirando impacientemente...
- O meu problema? É que pensava que ia ter esta tarde livre e alguém lembrou-se de aparecer à última da hora!
Levantou-se em seguida para pegar na sua mochila e para se ir embora...
- Yamato! Ei! Vais-te já embora?
- Já olhaste bem para as horas? Já é de noite e já estou cansado... Até Segunda!
O loiro dirigiu-se para a saída, de mochila ao ombro. Ainda chegou a ouvir os restantes membros da banda sussurrarem algo a seu respeito, que não conseguiu entender bem. Ignorou-os; resolveu ir para casa...
Ele sabia que o colega da banda não tinha culpa, mas não conseguia evitar... Não conseguia pensar noutra coisa. Como esconder o facto de que a ideia de Taichi e Sora estarem tão chegados o incomodava? Notava que a sua proximidade com Sora estava cada vez mais comprometida, desde que estava na banda, enquanto que ela e Taichi sempre tinham sido amigos de infância e sempre se davam muito bem, unidos pelo futebol, unidos pela escola... por aquele forte laço de amizade.
Amizade...
Emitiu um suspiro de impaciência. Todo o tipo de pensamentos circulavam pela sua mente, por isso, quando deu por si, já tinha chegado.
Tirou as chaves do bolso das calças e com elas abriu a porta do apartamento... que, tal como esperava, estava vazio. Gabumon estava na Digital World e o seu pai ainda não tinha chegado do trabalho, provavelmente, disposto a ausentar-se a noite inteira...
Sem a mínima paciência para cozinhar ou fazer trabalhos de casa, Yamato resolveu ir para o quarto, para ligar o computador e ouvir música. Talvez aquilo ajudasse a passar o tempo...
Mal o ambiente de trabalho carregou, abriu a pasta das músicas. Lembrou-se de abrir uma página da Internet, à parte, e ir espreitar o Twitter. Mas, ao aceder a sua conta, a primeira coisa que lhe saltou à vista foi um par de nomes familiares: @Yagami_Taichi e @Takenouchi_Sora.
Tinham estado no Twitter nessa tarde e Yamato não perdeu tempo; quando deu por si, estava a ler a troca de tweets entre os dois amigos... Tinham estado a falar sobre qual o filme que deveriam ver, e tinham estado até a perguntar a outros colegas da escola se tinham alguma sugestão de filme para uma noite de Sexta-feira.
Não podia negar que se sentia um pouco incomodado à medida que ia lendo os tweets por ordem, dos mais antigos, para os mais recentes. O último que leu dizia:
@Yagami_Taichi: A ir para casa da @Takenouchi_Sora para a noite de filmes! Sayonara!
Começou a crescer dentro de Yamato uma sensação estranha... Uma ligeira mistura entre ciúmes e raiva...
“Vá lá, Yamato...”, pensou para si próprio, enquanto fechava a janela, pondo à mostra o ambiente de trabalho. Ele achava que já tinha maturidade suficiente para não ter aquele tipo de sentimentos... Sabia bem que o Taichi não era pessoa de intrigas. Tudo bem que às vezes podia agir sem pensar mas, com todo o tempo que tinham passado no mundo digital, não tinha ele provas da fidelidade dele? Com Sora não era igual? Como duvidar dos sentimentos da escolhida do amor? Se eram só bons amigos de infância, ele, escolhido da amizade, devia saber...
Mas aquele laço entre eles dificilmente podia ser quebrado. A verdade era que os sentia demasiado próximos um do outro, e ele... cada vez mais afastado...
Uma penumbra azulada isolava a sala de estar, imersa em escuridão. A única fonte de luz e também único foco de atenção dos dois escolhidos era o grande ecrã da televisão. Taichi sentia a respiração contida da amiga... com um sorriso miudinho nos lábios. Sentia-o. Sentia o suspance que ele sentira no primeiro contacto com aquela parte do filme. Um plano fixo, de uma câmara de vigilância a filmar uma sala. Uma sala muito parecida com aquela que eles ocupavam... e um silêncio de morte. Um silêncio de sinistra expectativa. No ecrã apenas se via um cão a dormir, quieto... que acordou. Mas Taichi já assistira àquele filme pelo menos umas duas vezes. Ele já sabia o que vinha a seguir. Só não esperava... sentir uma mão agarrará-lo, instintivamente, pelo braço...
Olhou discretamente para o lado... e viu, sentiu, o braço dela. Elevou o queixo... e arriscou uma espreitadela ao rosto da amiga. Mas Sora tinha os olhos muito abertos, pregados à televisão.... Não percebia exactamente o que estava a agarrar... quando, de repente... um enorme estrondo ressoou pela casa...
BANG!
Os dois gritaram; um grito agudo escapou-se da garganta de Sora, e Taichi só teve tempo de olhar para trás, alarmado.
- TAICHI!!
Alguém abraçou-se a ele com muita força.
- Tadaimaaa!! - uma voz feminina ressoou, anunciando a sua chegada. Nem Sora nem Taichi perceberam quem era, até que um vulto, surgido do nada... acendeu a luz.
Os dois ficaram especados a olhar. A iluminação do tecto da sala revelou nada mais nada menos que o semblante de Toshiko Takenouchi. Era a mãe de Sora.
- Mãe!! - a escolhida do amor exclamou, com um profundo suspiro de alívio, mas ainda francamente chocada.
A senhora ergueu uma sobrancelha ao perceber que os dois tinham estado às escuras, sozinhos. Tinha uma mala na mão, o que significava que tinha acabado de regressar ao seu lar. Sora engoliu em seco ao sentir o olhar espantado da senhora fixo neles... e percebeu nesse instante que estava abraçada ao amigo. Olhou para Taichi, atrapalhada, e largou-o imediatamente, vermelha como um tomate.
- Oh! Taichi-kun! - Toshiko sorriu um pouco, entrando - Pensei que fosse o Yamato que estivesse cá... Bem estranhei os sapatos à entrada serem diferentes.
Taichi gaguejou, tentando a todo o custo não olhar para Sora, também ele atrapalhado. Fez um esforço épico por parecer que tudo aquilo era muito natural... ainda que, por alguma razão, se sentisse culpado. Não sabia bem porquê...
- O... Okaeri! - esboçou um sorriso nervoso - Desculpe não ter avisado...
- Ora, fica à vontade! - Toshiko entrou, para pousar a mala na mesa da sala de estar, num tom jovial - Já comeram?
A embalagem vazia de piza que estava em cima da mesa devia ter sido suficientemente eloquente para responder àquela pergunta... mas Taichi teve que admitir que não se importava de ingerir mais qualquer coisa. Só que...
- Ele... - a voz de Sora respondeu primeiro - Ele já está de saída! Não é, Taichi?
- Eh? - Taichi disparou o olhar para ela, sem perceber.
Sentiu um mau presságio. A amiga não olhou para ele quando proferiu aquelas palavras. Em vez disso, mostrou-lhe as costas, desviou o olhar para a televisão, e foi simplesmente desligar o aparelho. Por alguma razão, parecia chateada... e Taichi não gostou nada da entoação de voz dela. Ali de pé, com ela afastada... teve a sensação que estava a mais.
Um vago suspiro escapou-se-lhe dos lábios... Talvez aquilo não tivesse sido tão boa ideia...
- E... Etto... - começou a dizer - É! - exclamou e sorriu para a senhora Takenouchi, que piscava os olhos, confusa - Obrigado! Mas já se está a fazer tarde, não é?
Na verdade, nem sabia que horas eram. Mas não ficou propriamente à espera que a anfitriã insistisse; relanceou para trás. Foi rapidamente seguido por Sora, que apareceu sabe-se lá de onde, para vir empurrá-lo. Quando Taichi deu consigo, estava no hall de entrada. Até que conseguiu, por fim, dialogar com ela.
- O... oi! - murmurou - O que é que te deu?!
Sora engoliu e permitiu-se uns segundos de silêncio. Quando ergueu a cabeça e finalmente tomou contacto visual com ele, Taichi descobriu-a com um ar sério. Não parecia zangada. Notava-se apenas que não estava à vontade.
- Desculpa... - foi o que ouviu da parte dela. Taichi piscou os olhos - A minha mãe tem razão. Tu... - ela hesitou. Foi o tempo suficiente para conseguir forçar um sorriso - ...amanhã, vais estar ocupado, não é?
Taichi não soube exactamente o que dizer. Não percebia o que se passava. Por que ficara ela tão... distante?
- É... vou ter jogo com a escola de Tamashi - respondeu, pressentindo que aquela não era exactamente a pergunta que ela queria ter feito. Sora pareceu todavia satisfeita com o que ouviu... e como ele não imaginou como reagir, ponderou que era melhor não insistir. Respirou fundo e deixou-se ir. Sentou-se para calçar os ténis. Sentiu os olhos dela acompanharem cada movimento seu... até dar o último nó aos atacadores... e apoiar as mãos nos joelhos, para se levantar. Pôs-se de pé num salto e abriu a porta... mas estacou.
Teve que olhar para trás, com o sorriso que lhe era característico.
- Ah! Da próxima vez, tenta não gritar, ok?
- O... o quê? - Sora foi completamente apanhada desprevenida. Piscou os olhos... mas quando percebeu do que estava ele a falar, sentiu o rubor subir-lhe às faces, e perdeu a compostura - B-baka!!! Quem é que gritou?!
Taichi não conteve uma gargalhada.
- Jaa ne!!
Saiu, e fechou a porta atrás de si, sem mais cerimónias... secretamente aliviado, por vê-la ir aos arames com ele no último segundo.
Saiu do apartamento da família Takenouchi com um vago sorriso nos lábios, quando foi saudado pela noite e pelo sopro frio de Novembro. Sabia que anoitecia sempre mais cedo no inverno, mas tinha certeza que já passava da hora das onze. A casa de Sora ficava a três quarteirões do lote de apartamento que ele habitava... mas não longe o bastante que justificasse apanhar um transporte. Por isso, foi a pé...
Pensou no que dizer a Hikari, quando o visse mais cedo. Será que ela ainda estava em casa, com o Takeru? Oxalá não ficasse chateada. Agora que pensava nisso...
Caiu-lhe um pingo de água na cabeça. Taichi bloqueou mentalmente, para piscar os olhos e pôr-se a observar as nuvens... quando mais um pingo de água lhe caiu em cima.
- Bolas... - praguejou.
Começava a chover... mas não um chuva qualquer. Percebeu que o céu estava carregado, e até ele conseguia prever que vinha aí um temporal dos bons.
Engoliu, e não pensou mais. Tinha que acelerar o passo. Sem mais, desatou a correr pela estrada fora.
Os minutos passavam devagar no apartamento dos Ishida. O pai do Yamato ainda não tinha regressado do trabalho e o loiro continuava sozinho em casa, deitado na sua cama, fitando o tecto, pensativo.
Sentia-se ainda incomodado por ter o pressentimento de algo lhe estar a escapar acerca de Taichi e Sora... ao mesmo tempo que conseguia sentir-se um pouco ridículo pela situação fazê-lo sentir-se assim.
De relance, olhou para o relógio digital sobre a sua mesa de cabeceira que marcava já a madrugada e em seguida concentrou-se no barulho da chuva a bater contra a janela do seu quarto. Talvez aquilo o pudesse distrair de alguma maneira...
Mas quando ia a fechar os olhos, ouviu a campainha da porta...
Não estranhou muito ao princípio. Podia ser o seu pai que tivesse chegado a casa e que tivesse esquecido das chaves para entrar.
Yamato levantou-se da cama, saiu do quarto, atravessou toda a sala até chegar à porta.
Estranhou estarem a bater com tanta força e resolveu espreitar pelo olho de boi, para confirmar quem estava do lado de fora...
- TAICHI?! - exclamou, perplexo, não só por não estar à espera daquela visita, como também pelo estado lastimável em que o amigo se encontrava.
O som da voz de Taichi era abafado pela porta fechada e pelo barulho da chuva e do vento, mas Yamato percebeu claramente que ele estava a pedir para entrar, por causa da chuva.
O loiro ia a abrir a porta mas foi quando, no momento em que agarrou a maçaneta, hesitou...
Afinal... Ele estivera todo este tempo com a sua namorada, certo?
- YAMATO! Que raio te deu?! Sei que estás aí! Abre a porta ou ainda morro de frio aqui fora!
Taichi continuou a insistir, batendo à porta com força e fazendo-se ouvir por cima do barulho ensurdecedor da chuva.
“Casmurro...”, pensou Yamato enquanto bufava impacientemente, “Não lhe faz mal um bocado de frio para lhe arrefecer as ideias...”
ensou em ir dormir. Ele acabaria por ir para casa. Deu meia volta e regressou aos seus aposentos.
Entretanto, no lado de fora do apartamento, Taichi começava a tremer com o frio que as suas roupas e cabelo encharcados em contacto com a pele. Apesar de estar mais abrigado da chuva debaixo da coberta do balaústre, o vento ainda soprava fortemente, o suficiente para o fazer gelar ainda mais.
Por momentos, aquele desconforto lembrou-lhe de um jogo de futebol das meias-finais de um torneio, em que chovera torrencialmente e tinha terminado a partida totalmente ensopado e gelado.
“Não acredito no que me está a acontecer...”, pensou, indignado pela atitude infantil de Yamato. “Pois bem, se é assim...”, sentou-se no chão e encostou-se à porta, “Fico aqui até me abrires a porta, Yamato!"
Era um quarto para as sete da manhã quando Yamato se virou para o lado da mesa de cabeceira e voltou a olhar para o relógio.
Tinha caído na cama sem sequer ter trocado de roupa, mas passara a noite toda em branco, às voltas na cama... Desta vez, era o Taichi que não lhe saía da cabeça. Sentia-se um pouco arrependido pelo que tinha feito a ele na noite anterior e dificilmente Taichi o iria perdoar.
Não soube bem porquê, foi quase instintivo, quando se levantou para ir até à porta de entrada.
Abriu-a e, para seu espanto, foi encontrar o próprio Taichi Yagami, deitado junto à porta a dormir.
“Inacreditável!”, Yamato pensou, fitando o amigo de olhos muito abertos e denunciando o seu espanto.
- T-Taichi... - tocou-lhe no ombro - Taichi, acorda...
Taichi reagiu, virando-se para olhar nos olhos quem o chamava.
- Ya-Yamato?... - gaguejou de voz empastada, ao reconhecer aqueles olhos azuis - O que é que estás a fazer no meu quarto?...
- Ah, anda lá, entra...
Yamato entrou em casa, enquanto o sonolento Taichi se levantava calmamente até entrar também atrás dele.
Yamato virou-se para ele, olhou-o por uns segundos e disse:
- Tu és completamente louco...
Taichi rapidamente lembrou-se do que tinha sucedido na noite anterior, e os mesmos sentimentos começaram novamente a vir ao de cima:
- Y-Yamato!! Olha lá, tu achas que aquilo me fizeste é normal?!!
Yamato virou costas e foi para o quarto, ignorando Taichi por completo.
- YAMATO! O QUE RAIO É QUE...
Calou-se imediatamente assim que o loiro lhe apareceu à frente com algumas peças de roupa.
- Estás completamente encharcado e gelado. Vai tomar um banho e veste isto. - Yamato disse num tom seco e impaciente.
Um Taichi albardado ficou a olhar fixamente para as peças de vestuário que tinha à frente. Ficou temporariamente mudo... mas não lhe ocorreu ser silenciado tão depressa. Levantou o olhar para Yamato. Quase esteve para retaliar, mas não conseguiu - um espirro traiu-o. Aquilo só deu razões para ser interrompido outra vez.
- Anda lá! - foi a voz quase zangada do amigo, que se fez acompanhada por um ligeiro empurrão. Yamato praticamente forçou-lhe as roupas nos braços e empurrou-o na direcção do quarto de banho.
Houve um “bang” de uma porta a ser fechada. Taichi olhou para trás... e deu consigo fechado no WC, de camisola e calças seca nas mãos. Segundos de silêncio fizeram-se sentir, antes de endireitar-se e respirar fundo, meio enfadado. Resignou-se. Dirigiu-se à banheira... localizou o champô e o gel, e girou a torneira da água quente.
“O que raio é que lhe deu...?” reclamou mentalmente, de sobrolho franzido para a corrente de água, que começava a aquecer “Ontem só queria que ele me deixasse entrar, por causa da chuva...”
Olhou-se ao espelho... e piscou os olhos. Ele realmente estava uma miséria. Tinha que livrar-se daquela roupa primeiro. Os pais deviam estar preocupados, mas se aparecesse em casa naquelas condições, a mãe dele ainda tinha um ataque...
Quando finalmente entrou na banheira, sentiu a corrente cálida da água a aquecer-lhe o corpo, com profundo alívio... e permitiu-se fechar os olhos, para desfrutar daquela sensação. Ainda que não tivesse de consciência totalmente tranquila...
Reabriu os olhos e manteve a atenção fixa nos azulejos à sua frente. A forma absurda em que se metera naquilo... Que diabo? O que tinha feito ele de mal, afinal? Ou será que era o Yamato quem estava algum problema e simplesmente queria que o deixassem em paz...?
Tudo o que ele fizera fora... ter um dia normal, frequentar os treinos... jantar em casa, antes de ir ter com a Sora e...
Franziu o sobrolho.
“A menos que fosse aquilo mesmo?” piscou os olhos para o telefone do chuveiro, com um ar francamente incrédulo “A forma com a Sora reagiu ontem... quando me mandou embora...”
Um fervilhar de fúria despertou-lhe na zona do estômago. Não pensou nem fez mais nada: fechou a torneira, correu as cortinas para o lado e saiu dali rapidamente. Mal usou a toalha para se secar; enfiou as roupas secas à pressa, ainda com o cabelo a pingar. Quando se viu ao espelho, com a camisola preta e as calças azuis, nem sequer vestiu as meias, precipitou-se simplesmente sobre a maçaneta da porta, para abri-la de rompante.
- Yamato! - exclamou em tom tempestivo - YAMATO!
Ouviu ali ao lado uma respiração enfadada; era Yamato a respirar fundo.
- Não sou surdo - estava a tomar café apoiado nas costas do sofá; não tomou sequer contacto visual com ele - O que é que...?
Ouve o som de louça a partir-se. Quando Yamato deu consigo, tinha sido agarrado pelo colarinho, e tinha o rosto nada simpático do amigo, furioso, mesmo à frente dele.
- O qu...? - o escolhido da amizade fora totalmente apanhado desprevenido - O que raio é que te deu?!
- Isso pergunto eu! - vociferou o outro, atiçado - O que raio é que te deu, Yamato?!
Três segundos de silêncio bastaram. Os olhos azuis dele faiscaram de cólera. Atirou-o com força para se libertar, indignado. Taichi quase desequilibrou-se, surpreendido, mas segurou-se a tempo. Recompôs-se, muito rápido, e procurou-o, alarmado... vendo que Yamato lhe tinha virado as costas, como se estivesse a conter-se para evitar o pior.
- Vai-te embora - ordenou ele secamente, com menção de afastar-se.
Mas isto só serviu para espicaçar o Yagami.
- Sem mais nem menos? - ladrou, sem pensar - Não vais nem explicar-me por que carga de água me deixaste ao relento ali fora?!
- Ficaste porque quiseste...
Foi a última gota.
Antes que pudesse identificar o barulho dos passos a martelarem no chão de madeira, um grito de raiva fê-lo olhar para trás - mas Yamato não foi a tempo. Sentiu um baque no maxilar, que praticamente o atirou ao chão, e só teve a reacção de cerrar os dentes de dor. Novamente, um puxão na camisa, e o olhar furioso de Taichi, que já erguia novamente o punho, para uma nova colisão.
- Filho da... - ouviu-o começar a dizer, mas Yamato não se deixou acanhar. Com um rosnado de fúria, descarregou os nervos num novo empurrão; mas desta vez, não se limitou a empurrá-lo, inverteu os papéis e atirou-se para cima dele com o punho cerrado.
Taichi sentiu um osso estalar, com uma alfinetada de dor; ofegante, piscou os olhos para cima. Yamato também ofegava, com o lábio a sangrar, mas erguia outra vez o punho da dextra...
- É A SORA, NÃO É?! - exclamou, antes que o outro tivesse tempo de continuar.
Funcionara.
Os olhos azuis dele faiscaram na sua direcção... Taichi acertara. Tinha-o totalmente vulnerável para levar com aquele punho em cheio no rosto, pela segunda vez, mas... deteve o gancho no ar. Ainda fulminava-or... mas não proferiu palavra. Os segundos de silêncio que advieram, na tensão daquele momento, enquanto ouviam as respirações um dos outro... foram mais do que eloquentes.
Perante tal resposta, Taichi deixou a frustração escapar-lhe da garganta, num som rouco, abandonando o peso da cabeça à força da gravidade. Fixou o tecto e fechou os olhos... sentindo o stress abandoná-lo.
Agora estava explicado...
Novo silêncio caiu... durante o qual sentiu a mão dele afrouxar, libertando-lhe a gola do casaco que lhe emprestara... e Taichi abriu novamente os olhos, desta vez, para observá-lo num misto de indignação e frustração. Yamato arrastou-se para o lado e saiu de cima dele. Deixou o peso do corpo apoiar-se contra as costas do sofá, ali ao lado... Taichi só o ouviu murmurar qualquer coisa. Não entendeu bem o quê...
- Por que raio não disseste nada? - fez um esforço por se recompôr. Sentiu uma nova alfinetada na zona onde ele lhe tinha batido. “Raios... Ele tem mais força do que parece...” praguejou mentalmente.
Yamato respirou fundo e fechou os olhos... como se achasse aquela pergunta uma franca parvoíce. Ele tinha mesmo que lhe dar satisfações?
- Não podias ter DITO alguma coisa? - insistiu Taichi, algo desesperado - Tu achas que eu tenho algum interesse a mais na Sora?
- Baka... e tu achas que eu não sei disso? - interrompeu Yamato com brusquidão. Desta vez, olhou furioso para ele, de um modo que obrigou Taichi a calar-se, perplexo.
Ele percebeu depois... que Yamato não estava zangado consigo. Não soube como... mas a forma como ele falou fê-lo perceber.
- Fiquei o dia todo a pensar... - ouviu-o dizer - Como raio posso ainda ser o escolhido da amizade, se nem em vocês consigo confiar?
Finalmente... estava ali o verdadeiro motivo, pensou Taichi... “Ele está furioso...”
Com ele mesmo...
Yamato fechara os olhos, a cabeça apoiada para trás... como se não soubesse o que mais dizer. Agora que comprometera tudo o que ele quisera evitar até então, o que fazer? Talvez o Taichi deixasse de lhe falar? Como raio ele ainda confiava em si, quando tinha aquilo entalado dentro dele, faltando com a sinceridade? Talvez...
- Seu... BAKA! - ladrou Taichi subitamente.
Yamato pestanejou. Muito devagar, moveu a cabeça para fitá-lo, de olhos muito abertos. Ele tinha-se sentado no chão, e estava agora a observá-lo, francamente exasperado. Ficou ali, a encará-lo... e quando esperava que ele tomasse a decisão de o deixar sozinho ou algo assim... viu-o tomar um grande suspiro.
- CIÚMES, Yamato! - exclamou, com um meio sorriso - Ciúmes fazem parte! Queres parar que de te armar em parvo?
O... o quê?
Não entendeu. Taichi estava mesmo a falar a sério. Mas parecia estar a conter-se agora para... não rir? Yamato estava a imaginar coisas?
Não. Do nada, ele estava mesmo a conter-se para não desatar a rir. Talvez fosse o nervosismo, ou simples loucura. Não sabia. Mas estava claramente a ser gozado... pelo melhor amigo. E não parecia com vontade de parar. Ouviu-o largar um suspiro de auto-controle, mas muito a esforço.
- ...ok, viste a tua miúda a sair com outro. Achas que não é NORMAL sentires-te assim?
Pensou que ainda estava a ser zoado... mas o sorriso com que Taichi lhe dirigiu aquelas palavras de modo algum pareceu com intenções maliciosas. Yamato piscou os olhos... ao vê-lo... aliviado? Não. Ele estava a ser sincero.... e assustadoramente compreensivo.
- Se me perguntares, até agradeço... - riu finalmente - Se ontem me tivesses visto, talvez não tivesse saído daqui vivo...
Yamato revirou os olhos.
- Não gozes...
Silêncio.
- Não estou a gozar...
Não era mentira. Taichi sorria, mas estava a falar a sério. Yamato reconheceu aquele ar de quem tenta não perder a compostura, num acesso de excêntrica sensatez.
- ...da próxima vez.... - pausa. Taichi desviou o olhar da madeira do chão para ele - ...tenta só avisar-me. Sinceramente, não me passou pela cabeça...
Desta vez, Yamato teve que reconhecer. A situação tinha mais de comédia do que outra coisa... e antes que percebesse porquê, também ele sentiu os lábios torcerem-lhe-se num sorriso... um misto de vergonha e timidez.
- Desculpa...
Ouviu-o outra vez... a conter-se. Aquele maldito riso contagiante. Só que desta vez não era um riso zombeteiro, tampouco racional. Simplesmente, o riso provocado pela maluqueira dele. Ou seria a situação tosca em que tinham acabado?
- Pára com isso... - Yamato protestou... mas estava a ser traído por ele próprio, tentou disfarçar o sorriso.
Taichi ouviu isto e não aguentou mais. Explodiu em gargalhadas. Histericamente.
Yamato fitou-o, indignado. Mas teve que admitir... que em tudo ele tinha motivos para aquilo. Deixou-se contaminar completamente pelo riso dele... e quando percebeu, estava a rir-se com ele.
“Se calhar, não foi por desconfiar da amizade dele que me afastei... talvez tenha sido eu... que não quis que ela acabasse...”
Ficaram ali, relaxados, por longos segundos... e quando achou que já tinha ouvido a chuva o suficiente, Yamato suspirou... aliviado. Um enorme peso tinha-lhe saído do coração. Talvez Taichi nunca perdesse aquele dom...
Um raio de sol, lentamente, penetrou pela janela... e começou a aquecê-los.
- Tens fome? - perguntou, por fim.
Taichi reagiu com entusiasmo.
- Tou esfomeado! ‘bora lá!
Esta fanfic nasceu umas semanas depois do @Ishida_Yamato e do @Yagami_Taichi começarem à porrada. Motivo? Aparentemente, o Taichi foi ver uns filmes na casa da @Takenochi_Sora e o Yamato não gostou. A fic está um bocado diferente do que aconteceu no twitter, mas não faz mal. xDD
Os tweets que inspiraram esta história...
http://twitter.com/#!/Takenochi_Sora/status/29197292256
http://twitter.com/#!/Yagami_Taichi/status/29196681151
http://twitter.com/#!/Ishida_Yamato/status/29196781342
http://twitter.com/#!/Yagami_Taichi/status/29200943703
http://twitter.com/#!/Takenochi_Sora/status/29200040176
Enjoy!
«Ciúmes»
by dmem4e & Rayana_Wolfer
by dmem4e & Rayana_Wolfer
- Sora!!
A escolhida do amor piscou os olhos ao perceber que aquela voz lhe era familiar. Teve que deter-se no meio da estrada para perscrutar com o olhar a multidão de alunos vestidos de verde - os mesmos que conversavam e se aglomeravam em frente ao portão da escola secundária de Odaiba...
Quase pensou que estava a imaginar coisas, mas foi então que o descobriu: Taichi Yagami, ligeiramente mais alto do que a média dos alunos, fez notar-se pelo seu habitual sorriso, ao vê-la. Veio a correr, com a sacola de desporto ao ombro.
- Taichi! - ela ficou aliviada... mas não o demonstrou. Em vez disso, pousou a mochila pesada no chão, indignada - Onde raio estiveste? Passei a última hora à tua procura, e nada...!
- Desculpa, desculpa! - o escolhido interrompeu-a, na ansiedade de não a se fazer zangar. Parou à frente dela, ofegante, e induziu o gesto nervoso de quem o lamenta profundamente - É que o Daisuke saiu lesionado do treino. Estive com ele até agora...
Resultou. A expressão facial dela suavizou-se um pouco, ao vê-lo acalorado e de colarinho desabotoado. Parecia que se tinha vestido à pressa, nos balneários.
- Ele está bem?
Taichi fungou.
- Hikari estava a vê-lo.
O ar preocupado da escolhida fez-se substituir a um gemido de frustração. Percebeu exactamente o que o amigo queria dizer, mas Taichi não pareceu queixar-se. Em vez disso, riu-se da reacção dela.
- Só desta vez, deixei-o estar...
- Podias ter-me dado um toque - ela suspirou - Se soubesse, tinha ido com o Yama...
Mas ele não deu sinais de que a estivesse a ouvir. Curvou-se para apanhar a mochila dela e puxou-a, para pendurá-la ao ombro, com desenvoltura, e pôr-se a andar. Sora ficou a olhar para ele, encabulada, até que percebeu o que ele tinha feito. Teve que protestar.
- Taichi! - avançou - Deixa que eu levo!
Yamato Ishida estava à entrada da porta principal da escola, em pé, encostado à parede, e de mochila no chão. Já tinha passado alguns minutos desde o último toque da campainha, e o loiro continuava à espera dela...
Cansado de esperar, suspirou e agarrou na mochila, que colocou ao ombro. Será que ela já tinha ido embora? Dirigiu-se aos portões da escola ao ocorrer-lhe que a rapariga podia ter saído já, sem ele ter dado conta. Talvez por isso, mal os transpôs, a primeira coisa em que reparou foi exactamente a pessoa que procurava. A meros metros de distância, encontrou Sora e Taichi, a conversar entre risos e brincadeiras, a caminho de casa...
- Mas o que é que aqueles dois...?
Começou a encaminhar-se para junto deles, curioso por saber o motivo de tanta alegria...
- Taichi, hoje é Sexta-feira! Que tal vires a minha casa hoje à noite para fazemos uma sessão de filmes?
Yamato parou subitamente de andar, ficando a alguns metros deles.
“Sessão de filmes à noite?” questionou-se, um pouco indignado, enquanto via Taichi a aceitar o convite animadamente e os dois a seguirem caminho.
- Yamato! - um rapaz passou pelos portões e correu até chegar ele.
- Hum?... - o loiro virou-se, surpreendido e confuso - Takashi? O que se passa?
- Ensaio, agora! - recuperou o fôlego antes de continuar - Anda lá! O Yutaka afinal pôde vir!
Antes que Yamato pudesse responder, o rapaz deu-lhe um ligeiro puxão no braço para o fazer começar a andar. Yamato ainda olhou para trás, para os dois amigos, por míseros segundos... mas deixou-se conduzir pelo colega...
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- Então, qual vai ser?
Ela ergueu uma sobrancelha, inspeccionando a pilha de DVDs que o amigo lhe tinha passado para as mãos. Era uma filmografia generosa. Taichi seleccionara-a a dedo antes de ir a correr para casa da família Takenouchi.
- Ring, Mirrors, O Exorcista... - Sora enumerou, até obrigar-se a fazer uma pausa para observá-lo, espantado - Por que é que só tens aqui filmes de terror?
Taichi atirou-se para o sofá, como se estivesse na própria casa. Visitava aquele lugar desde que se lembrava como gente, e, talvez por isso, não reparou no olhar que ela lhe deitou. Ele simulou um ar de inocente.
- Qual é o problema? - esboçou um leve sorriso - Se tiveres medo, podes agarrar-te a mim que eu protejo-te!
- Taichi!! - Sora exclamou, indignada. Desviou o olhar, algo acalorada... mas, de algum modo, aquilo mexeu com o seu orgulho. Lá por ser mulher, tinha de passar por fraca?! Ela não era a Mimi, e podia provar isso. Fez má cara para um DVD qualquer, e agarrou-o com os dedos.
- Pronto! Vamos a isto!
Taichi esticou-se para aceitar o DVD e houve uma pausa, antes de piscar os olhos para o título. Um leve sorriso tomou-lhe os lábios.
- Actividade Paranormal?
Sora não gostou da forma como ele se riu: parecia-lhe demasiado contente... e o modo entusiasta com que saltou para o sofá confirmou-o. Viu-o precipitar-se sobre o leitor de DVDs, a titubear baixinho.
- Apaga aí a luz!
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- Yamato, qual é o teu problema? O que se passa contigo hoje?
Yamato parou de afinar o baixo e pousou-o no chão, suspirando impacientemente...
- O meu problema? É que pensava que ia ter esta tarde livre e alguém lembrou-se de aparecer à última da hora!
Levantou-se em seguida para pegar na sua mochila e para se ir embora...
- Yamato! Ei! Vais-te já embora?
- Já olhaste bem para as horas? Já é de noite e já estou cansado... Até Segunda!
O loiro dirigiu-se para a saída, de mochila ao ombro. Ainda chegou a ouvir os restantes membros da banda sussurrarem algo a seu respeito, que não conseguiu entender bem. Ignorou-os; resolveu ir para casa...
Ele sabia que o colega da banda não tinha culpa, mas não conseguia evitar... Não conseguia pensar noutra coisa. Como esconder o facto de que a ideia de Taichi e Sora estarem tão chegados o incomodava? Notava que a sua proximidade com Sora estava cada vez mais comprometida, desde que estava na banda, enquanto que ela e Taichi sempre tinham sido amigos de infância e sempre se davam muito bem, unidos pelo futebol, unidos pela escola... por aquele forte laço de amizade.
Amizade...
Emitiu um suspiro de impaciência. Todo o tipo de pensamentos circulavam pela sua mente, por isso, quando deu por si, já tinha chegado.
Tirou as chaves do bolso das calças e com elas abriu a porta do apartamento... que, tal como esperava, estava vazio. Gabumon estava na Digital World e o seu pai ainda não tinha chegado do trabalho, provavelmente, disposto a ausentar-se a noite inteira...
Sem a mínima paciência para cozinhar ou fazer trabalhos de casa, Yamato resolveu ir para o quarto, para ligar o computador e ouvir música. Talvez aquilo ajudasse a passar o tempo...
Mal o ambiente de trabalho carregou, abriu a pasta das músicas. Lembrou-se de abrir uma página da Internet, à parte, e ir espreitar o Twitter. Mas, ao aceder a sua conta, a primeira coisa que lhe saltou à vista foi um par de nomes familiares: @Yagami_Taichi e @Takenouchi_Sora.
Tinham estado no Twitter nessa tarde e Yamato não perdeu tempo; quando deu por si, estava a ler a troca de tweets entre os dois amigos... Tinham estado a falar sobre qual o filme que deveriam ver, e tinham estado até a perguntar a outros colegas da escola se tinham alguma sugestão de filme para uma noite de Sexta-feira.
Não podia negar que se sentia um pouco incomodado à medida que ia lendo os tweets por ordem, dos mais antigos, para os mais recentes. O último que leu dizia:
@Yagami_Taichi: A ir para casa da @Takenouchi_Sora para a noite de filmes! Sayonara!
Começou a crescer dentro de Yamato uma sensação estranha... Uma ligeira mistura entre ciúmes e raiva...
“Vá lá, Yamato...”, pensou para si próprio, enquanto fechava a janela, pondo à mostra o ambiente de trabalho. Ele achava que já tinha maturidade suficiente para não ter aquele tipo de sentimentos... Sabia bem que o Taichi não era pessoa de intrigas. Tudo bem que às vezes podia agir sem pensar mas, com todo o tempo que tinham passado no mundo digital, não tinha ele provas da fidelidade dele? Com Sora não era igual? Como duvidar dos sentimentos da escolhida do amor? Se eram só bons amigos de infância, ele, escolhido da amizade, devia saber...
Mas aquele laço entre eles dificilmente podia ser quebrado. A verdade era que os sentia demasiado próximos um do outro, e ele... cada vez mais afastado...
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Uma penumbra azulada isolava a sala de estar, imersa em escuridão. A única fonte de luz e também único foco de atenção dos dois escolhidos era o grande ecrã da televisão. Taichi sentia a respiração contida da amiga... com um sorriso miudinho nos lábios. Sentia-o. Sentia o suspance que ele sentira no primeiro contacto com aquela parte do filme. Um plano fixo, de uma câmara de vigilância a filmar uma sala. Uma sala muito parecida com aquela que eles ocupavam... e um silêncio de morte. Um silêncio de sinistra expectativa. No ecrã apenas se via um cão a dormir, quieto... que acordou. Mas Taichi já assistira àquele filme pelo menos umas duas vezes. Ele já sabia o que vinha a seguir. Só não esperava... sentir uma mão agarrará-lo, instintivamente, pelo braço...
Olhou discretamente para o lado... e viu, sentiu, o braço dela. Elevou o queixo... e arriscou uma espreitadela ao rosto da amiga. Mas Sora tinha os olhos muito abertos, pregados à televisão.... Não percebia exactamente o que estava a agarrar... quando, de repente... um enorme estrondo ressoou pela casa...
BANG!
Os dois gritaram; um grito agudo escapou-se da garganta de Sora, e Taichi só teve tempo de olhar para trás, alarmado.
- TAICHI!!
Alguém abraçou-se a ele com muita força.
- Tadaimaaa!! - uma voz feminina ressoou, anunciando a sua chegada. Nem Sora nem Taichi perceberam quem era, até que um vulto, surgido do nada... acendeu a luz.
Os dois ficaram especados a olhar. A iluminação do tecto da sala revelou nada mais nada menos que o semblante de Toshiko Takenouchi. Era a mãe de Sora.
- Mãe!! - a escolhida do amor exclamou, com um profundo suspiro de alívio, mas ainda francamente chocada.
A senhora ergueu uma sobrancelha ao perceber que os dois tinham estado às escuras, sozinhos. Tinha uma mala na mão, o que significava que tinha acabado de regressar ao seu lar. Sora engoliu em seco ao sentir o olhar espantado da senhora fixo neles... e percebeu nesse instante que estava abraçada ao amigo. Olhou para Taichi, atrapalhada, e largou-o imediatamente, vermelha como um tomate.
- Oh! Taichi-kun! - Toshiko sorriu um pouco, entrando - Pensei que fosse o Yamato que estivesse cá... Bem estranhei os sapatos à entrada serem diferentes.
Taichi gaguejou, tentando a todo o custo não olhar para Sora, também ele atrapalhado. Fez um esforço épico por parecer que tudo aquilo era muito natural... ainda que, por alguma razão, se sentisse culpado. Não sabia bem porquê...
- O... Okaeri! - esboçou um sorriso nervoso - Desculpe não ter avisado...
- Ora, fica à vontade! - Toshiko entrou, para pousar a mala na mesa da sala de estar, num tom jovial - Já comeram?
A embalagem vazia de piza que estava em cima da mesa devia ter sido suficientemente eloquente para responder àquela pergunta... mas Taichi teve que admitir que não se importava de ingerir mais qualquer coisa. Só que...
- Ele... - a voz de Sora respondeu primeiro - Ele já está de saída! Não é, Taichi?
- Eh? - Taichi disparou o olhar para ela, sem perceber.
Sentiu um mau presságio. A amiga não olhou para ele quando proferiu aquelas palavras. Em vez disso, mostrou-lhe as costas, desviou o olhar para a televisão, e foi simplesmente desligar o aparelho. Por alguma razão, parecia chateada... e Taichi não gostou nada da entoação de voz dela. Ali de pé, com ela afastada... teve a sensação que estava a mais.
Um vago suspiro escapou-se-lhe dos lábios... Talvez aquilo não tivesse sido tão boa ideia...
- E... Etto... - começou a dizer - É! - exclamou e sorriu para a senhora Takenouchi, que piscava os olhos, confusa - Obrigado! Mas já se está a fazer tarde, não é?
Na verdade, nem sabia que horas eram. Mas não ficou propriamente à espera que a anfitriã insistisse; relanceou para trás. Foi rapidamente seguido por Sora, que apareceu sabe-se lá de onde, para vir empurrá-lo. Quando Taichi deu consigo, estava no hall de entrada. Até que conseguiu, por fim, dialogar com ela.
- O... oi! - murmurou - O que é que te deu?!
Sora engoliu e permitiu-se uns segundos de silêncio. Quando ergueu a cabeça e finalmente tomou contacto visual com ele, Taichi descobriu-a com um ar sério. Não parecia zangada. Notava-se apenas que não estava à vontade.
- Desculpa... - foi o que ouviu da parte dela. Taichi piscou os olhos - A minha mãe tem razão. Tu... - ela hesitou. Foi o tempo suficiente para conseguir forçar um sorriso - ...amanhã, vais estar ocupado, não é?
Taichi não soube exactamente o que dizer. Não percebia o que se passava. Por que ficara ela tão... distante?
- É... vou ter jogo com a escola de Tamashi - respondeu, pressentindo que aquela não era exactamente a pergunta que ela queria ter feito. Sora pareceu todavia satisfeita com o que ouviu... e como ele não imaginou como reagir, ponderou que era melhor não insistir. Respirou fundo e deixou-se ir. Sentou-se para calçar os ténis. Sentiu os olhos dela acompanharem cada movimento seu... até dar o último nó aos atacadores... e apoiar as mãos nos joelhos, para se levantar. Pôs-se de pé num salto e abriu a porta... mas estacou.
Teve que olhar para trás, com o sorriso que lhe era característico.
- Ah! Da próxima vez, tenta não gritar, ok?
- O... o quê? - Sora foi completamente apanhada desprevenida. Piscou os olhos... mas quando percebeu do que estava ele a falar, sentiu o rubor subir-lhe às faces, e perdeu a compostura - B-baka!!! Quem é que gritou?!
Taichi não conteve uma gargalhada.
- Jaa ne!!
Saiu, e fechou a porta atrás de si, sem mais cerimónias... secretamente aliviado, por vê-la ir aos arames com ele no último segundo.
Saiu do apartamento da família Takenouchi com um vago sorriso nos lábios, quando foi saudado pela noite e pelo sopro frio de Novembro. Sabia que anoitecia sempre mais cedo no inverno, mas tinha certeza que já passava da hora das onze. A casa de Sora ficava a três quarteirões do lote de apartamento que ele habitava... mas não longe o bastante que justificasse apanhar um transporte. Por isso, foi a pé...
Pensou no que dizer a Hikari, quando o visse mais cedo. Será que ela ainda estava em casa, com o Takeru? Oxalá não ficasse chateada. Agora que pensava nisso...
Caiu-lhe um pingo de água na cabeça. Taichi bloqueou mentalmente, para piscar os olhos e pôr-se a observar as nuvens... quando mais um pingo de água lhe caiu em cima.
- Bolas... - praguejou.
Começava a chover... mas não um chuva qualquer. Percebeu que o céu estava carregado, e até ele conseguia prever que vinha aí um temporal dos bons.
Engoliu, e não pensou mais. Tinha que acelerar o passo. Sem mais, desatou a correr pela estrada fora.
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Os minutos passavam devagar no apartamento dos Ishida. O pai do Yamato ainda não tinha regressado do trabalho e o loiro continuava sozinho em casa, deitado na sua cama, fitando o tecto, pensativo.
Sentia-se ainda incomodado por ter o pressentimento de algo lhe estar a escapar acerca de Taichi e Sora... ao mesmo tempo que conseguia sentir-se um pouco ridículo pela situação fazê-lo sentir-se assim.
De relance, olhou para o relógio digital sobre a sua mesa de cabeceira que marcava já a madrugada e em seguida concentrou-se no barulho da chuva a bater contra a janela do seu quarto. Talvez aquilo o pudesse distrair de alguma maneira...
Mas quando ia a fechar os olhos, ouviu a campainha da porta...
Não estranhou muito ao princípio. Podia ser o seu pai que tivesse chegado a casa e que tivesse esquecido das chaves para entrar.
Yamato levantou-se da cama, saiu do quarto, atravessou toda a sala até chegar à porta.
Estranhou estarem a bater com tanta força e resolveu espreitar pelo olho de boi, para confirmar quem estava do lado de fora...
- TAICHI?! - exclamou, perplexo, não só por não estar à espera daquela visita, como também pelo estado lastimável em que o amigo se encontrava.
O som da voz de Taichi era abafado pela porta fechada e pelo barulho da chuva e do vento, mas Yamato percebeu claramente que ele estava a pedir para entrar, por causa da chuva.
O loiro ia a abrir a porta mas foi quando, no momento em que agarrou a maçaneta, hesitou...
Afinal... Ele estivera todo este tempo com a sua namorada, certo?
- YAMATO! Que raio te deu?! Sei que estás aí! Abre a porta ou ainda morro de frio aqui fora!
Taichi continuou a insistir, batendo à porta com força e fazendo-se ouvir por cima do barulho ensurdecedor da chuva.
“Casmurro...”, pensou Yamato enquanto bufava impacientemente, “Não lhe faz mal um bocado de frio para lhe arrefecer as ideias...”
ensou em ir dormir. Ele acabaria por ir para casa. Deu meia volta e regressou aos seus aposentos.
Entretanto, no lado de fora do apartamento, Taichi começava a tremer com o frio que as suas roupas e cabelo encharcados em contacto com a pele. Apesar de estar mais abrigado da chuva debaixo da coberta do balaústre, o vento ainda soprava fortemente, o suficiente para o fazer gelar ainda mais.
Por momentos, aquele desconforto lembrou-lhe de um jogo de futebol das meias-finais de um torneio, em que chovera torrencialmente e tinha terminado a partida totalmente ensopado e gelado.
“Não acredito no que me está a acontecer...”, pensou, indignado pela atitude infantil de Yamato. “Pois bem, se é assim...”, sentou-se no chão e encostou-se à porta, “Fico aqui até me abrires a porta, Yamato!"
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Era um quarto para as sete da manhã quando Yamato se virou para o lado da mesa de cabeceira e voltou a olhar para o relógio.
Tinha caído na cama sem sequer ter trocado de roupa, mas passara a noite toda em branco, às voltas na cama... Desta vez, era o Taichi que não lhe saía da cabeça. Sentia-se um pouco arrependido pelo que tinha feito a ele na noite anterior e dificilmente Taichi o iria perdoar.
Não soube bem porquê, foi quase instintivo, quando se levantou para ir até à porta de entrada.
Abriu-a e, para seu espanto, foi encontrar o próprio Taichi Yagami, deitado junto à porta a dormir.
“Inacreditável!”, Yamato pensou, fitando o amigo de olhos muito abertos e denunciando o seu espanto.
- T-Taichi... - tocou-lhe no ombro - Taichi, acorda...
Taichi reagiu, virando-se para olhar nos olhos quem o chamava.
- Ya-Yamato?... - gaguejou de voz empastada, ao reconhecer aqueles olhos azuis - O que é que estás a fazer no meu quarto?...
- Ah, anda lá, entra...
Yamato entrou em casa, enquanto o sonolento Taichi se levantava calmamente até entrar também atrás dele.
Yamato virou-se para ele, olhou-o por uns segundos e disse:
- Tu és completamente louco...
Taichi rapidamente lembrou-se do que tinha sucedido na noite anterior, e os mesmos sentimentos começaram novamente a vir ao de cima:
- Y-Yamato!! Olha lá, tu achas que aquilo me fizeste é normal?!!
Yamato virou costas e foi para o quarto, ignorando Taichi por completo.
- YAMATO! O QUE RAIO É QUE...
Calou-se imediatamente assim que o loiro lhe apareceu à frente com algumas peças de roupa.
- Estás completamente encharcado e gelado. Vai tomar um banho e veste isto. - Yamato disse num tom seco e impaciente.
Um Taichi albardado ficou a olhar fixamente para as peças de vestuário que tinha à frente. Ficou temporariamente mudo... mas não lhe ocorreu ser silenciado tão depressa. Levantou o olhar para Yamato. Quase esteve para retaliar, mas não conseguiu - um espirro traiu-o. Aquilo só deu razões para ser interrompido outra vez.
- Anda lá! - foi a voz quase zangada do amigo, que se fez acompanhada por um ligeiro empurrão. Yamato praticamente forçou-lhe as roupas nos braços e empurrou-o na direcção do quarto de banho.
Houve um “bang” de uma porta a ser fechada. Taichi olhou para trás... e deu consigo fechado no WC, de camisola e calças seca nas mãos. Segundos de silêncio fizeram-se sentir, antes de endireitar-se e respirar fundo, meio enfadado. Resignou-se. Dirigiu-se à banheira... localizou o champô e o gel, e girou a torneira da água quente.
“O que raio é que lhe deu...?” reclamou mentalmente, de sobrolho franzido para a corrente de água, que começava a aquecer “Ontem só queria que ele me deixasse entrar, por causa da chuva...”
Olhou-se ao espelho... e piscou os olhos. Ele realmente estava uma miséria. Tinha que livrar-se daquela roupa primeiro. Os pais deviam estar preocupados, mas se aparecesse em casa naquelas condições, a mãe dele ainda tinha um ataque...
Quando finalmente entrou na banheira, sentiu a corrente cálida da água a aquecer-lhe o corpo, com profundo alívio... e permitiu-se fechar os olhos, para desfrutar daquela sensação. Ainda que não tivesse de consciência totalmente tranquila...
Reabriu os olhos e manteve a atenção fixa nos azulejos à sua frente. A forma absurda em que se metera naquilo... Que diabo? O que tinha feito ele de mal, afinal? Ou será que era o Yamato quem estava algum problema e simplesmente queria que o deixassem em paz...?
Tudo o que ele fizera fora... ter um dia normal, frequentar os treinos... jantar em casa, antes de ir ter com a Sora e...
Franziu o sobrolho.
“A menos que fosse aquilo mesmo?” piscou os olhos para o telefone do chuveiro, com um ar francamente incrédulo “A forma com a Sora reagiu ontem... quando me mandou embora...”
Um fervilhar de fúria despertou-lhe na zona do estômago. Não pensou nem fez mais nada: fechou a torneira, correu as cortinas para o lado e saiu dali rapidamente. Mal usou a toalha para se secar; enfiou as roupas secas à pressa, ainda com o cabelo a pingar. Quando se viu ao espelho, com a camisola preta e as calças azuis, nem sequer vestiu as meias, precipitou-se simplesmente sobre a maçaneta da porta, para abri-la de rompante.
- Yamato! - exclamou em tom tempestivo - YAMATO!
Ouviu ali ao lado uma respiração enfadada; era Yamato a respirar fundo.
- Não sou surdo - estava a tomar café apoiado nas costas do sofá; não tomou sequer contacto visual com ele - O que é que...?
Ouve o som de louça a partir-se. Quando Yamato deu consigo, tinha sido agarrado pelo colarinho, e tinha o rosto nada simpático do amigo, furioso, mesmo à frente dele.
- O qu...? - o escolhido da amizade fora totalmente apanhado desprevenido - O que raio é que te deu?!
- Isso pergunto eu! - vociferou o outro, atiçado - O que raio é que te deu, Yamato?!
Três segundos de silêncio bastaram. Os olhos azuis dele faiscaram de cólera. Atirou-o com força para se libertar, indignado. Taichi quase desequilibrou-se, surpreendido, mas segurou-se a tempo. Recompôs-se, muito rápido, e procurou-o, alarmado... vendo que Yamato lhe tinha virado as costas, como se estivesse a conter-se para evitar o pior.
- Vai-te embora - ordenou ele secamente, com menção de afastar-se.
Mas isto só serviu para espicaçar o Yagami.
- Sem mais nem menos? - ladrou, sem pensar - Não vais nem explicar-me por que carga de água me deixaste ao relento ali fora?!
- Ficaste porque quiseste...
Foi a última gota.
Antes que pudesse identificar o barulho dos passos a martelarem no chão de madeira, um grito de raiva fê-lo olhar para trás - mas Yamato não foi a tempo. Sentiu um baque no maxilar, que praticamente o atirou ao chão, e só teve a reacção de cerrar os dentes de dor. Novamente, um puxão na camisa, e o olhar furioso de Taichi, que já erguia novamente o punho, para uma nova colisão.
- Filho da... - ouviu-o começar a dizer, mas Yamato não se deixou acanhar. Com um rosnado de fúria, descarregou os nervos num novo empurrão; mas desta vez, não se limitou a empurrá-lo, inverteu os papéis e atirou-se para cima dele com o punho cerrado.
Taichi sentiu um osso estalar, com uma alfinetada de dor; ofegante, piscou os olhos para cima. Yamato também ofegava, com o lábio a sangrar, mas erguia outra vez o punho da dextra...
- É A SORA, NÃO É?! - exclamou, antes que o outro tivesse tempo de continuar.
Funcionara.
Os olhos azuis dele faiscaram na sua direcção... Taichi acertara. Tinha-o totalmente vulnerável para levar com aquele punho em cheio no rosto, pela segunda vez, mas... deteve o gancho no ar. Ainda fulminava-or... mas não proferiu palavra. Os segundos de silêncio que advieram, na tensão daquele momento, enquanto ouviam as respirações um dos outro... foram mais do que eloquentes.
Perante tal resposta, Taichi deixou a frustração escapar-lhe da garganta, num som rouco, abandonando o peso da cabeça à força da gravidade. Fixou o tecto e fechou os olhos... sentindo o stress abandoná-lo.
Agora estava explicado...
Novo silêncio caiu... durante o qual sentiu a mão dele afrouxar, libertando-lhe a gola do casaco que lhe emprestara... e Taichi abriu novamente os olhos, desta vez, para observá-lo num misto de indignação e frustração. Yamato arrastou-se para o lado e saiu de cima dele. Deixou o peso do corpo apoiar-se contra as costas do sofá, ali ao lado... Taichi só o ouviu murmurar qualquer coisa. Não entendeu bem o quê...
- Por que raio não disseste nada? - fez um esforço por se recompôr. Sentiu uma nova alfinetada na zona onde ele lhe tinha batido. “Raios... Ele tem mais força do que parece...” praguejou mentalmente.
Yamato respirou fundo e fechou os olhos... como se achasse aquela pergunta uma franca parvoíce. Ele tinha mesmo que lhe dar satisfações?
- Não podias ter DITO alguma coisa? - insistiu Taichi, algo desesperado - Tu achas que eu tenho algum interesse a mais na Sora?
- Baka... e tu achas que eu não sei disso? - interrompeu Yamato com brusquidão. Desta vez, olhou furioso para ele, de um modo que obrigou Taichi a calar-se, perplexo.
Ele percebeu depois... que Yamato não estava zangado consigo. Não soube como... mas a forma como ele falou fê-lo perceber.
- Fiquei o dia todo a pensar... - ouviu-o dizer - Como raio posso ainda ser o escolhido da amizade, se nem em vocês consigo confiar?
Finalmente... estava ali o verdadeiro motivo, pensou Taichi... “Ele está furioso...”
Com ele mesmo...
Yamato fechara os olhos, a cabeça apoiada para trás... como se não soubesse o que mais dizer. Agora que comprometera tudo o que ele quisera evitar até então, o que fazer? Talvez o Taichi deixasse de lhe falar? Como raio ele ainda confiava em si, quando tinha aquilo entalado dentro dele, faltando com a sinceridade? Talvez...
- Seu... BAKA! - ladrou Taichi subitamente.
Yamato pestanejou. Muito devagar, moveu a cabeça para fitá-lo, de olhos muito abertos. Ele tinha-se sentado no chão, e estava agora a observá-lo, francamente exasperado. Ficou ali, a encará-lo... e quando esperava que ele tomasse a decisão de o deixar sozinho ou algo assim... viu-o tomar um grande suspiro.
- CIÚMES, Yamato! - exclamou, com um meio sorriso - Ciúmes fazem parte! Queres parar que de te armar em parvo?
O... o quê?
Não entendeu. Taichi estava mesmo a falar a sério. Mas parecia estar a conter-se agora para... não rir? Yamato estava a imaginar coisas?
Não. Do nada, ele estava mesmo a conter-se para não desatar a rir. Talvez fosse o nervosismo, ou simples loucura. Não sabia. Mas estava claramente a ser gozado... pelo melhor amigo. E não parecia com vontade de parar. Ouviu-o largar um suspiro de auto-controle, mas muito a esforço.
- ...ok, viste a tua miúda a sair com outro. Achas que não é NORMAL sentires-te assim?
Pensou que ainda estava a ser zoado... mas o sorriso com que Taichi lhe dirigiu aquelas palavras de modo algum pareceu com intenções maliciosas. Yamato piscou os olhos... ao vê-lo... aliviado? Não. Ele estava a ser sincero.... e assustadoramente compreensivo.
- Se me perguntares, até agradeço... - riu finalmente - Se ontem me tivesses visto, talvez não tivesse saído daqui vivo...
Yamato revirou os olhos.
- Não gozes...
Silêncio.
- Não estou a gozar...
Não era mentira. Taichi sorria, mas estava a falar a sério. Yamato reconheceu aquele ar de quem tenta não perder a compostura, num acesso de excêntrica sensatez.
- ...da próxima vez.... - pausa. Taichi desviou o olhar da madeira do chão para ele - ...tenta só avisar-me. Sinceramente, não me passou pela cabeça...
Desta vez, Yamato teve que reconhecer. A situação tinha mais de comédia do que outra coisa... e antes que percebesse porquê, também ele sentiu os lábios torcerem-lhe-se num sorriso... um misto de vergonha e timidez.
- Desculpa...
Ouviu-o outra vez... a conter-se. Aquele maldito riso contagiante. Só que desta vez não era um riso zombeteiro, tampouco racional. Simplesmente, o riso provocado pela maluqueira dele. Ou seria a situação tosca em que tinham acabado?
- Pára com isso... - Yamato protestou... mas estava a ser traído por ele próprio, tentou disfarçar o sorriso.
Taichi ouviu isto e não aguentou mais. Explodiu em gargalhadas. Histericamente.
Yamato fitou-o, indignado. Mas teve que admitir... que em tudo ele tinha motivos para aquilo. Deixou-se contaminar completamente pelo riso dele... e quando percebeu, estava a rir-se com ele.
“Se calhar, não foi por desconfiar da amizade dele que me afastei... talvez tenha sido eu... que não quis que ela acabasse...”
Ficaram ali, relaxados, por longos segundos... e quando achou que já tinha ouvido a chuva o suficiente, Yamato suspirou... aliviado. Um enorme peso tinha-lhe saído do coração. Talvez Taichi nunca perdesse aquele dom...
Um raio de sol, lentamente, penetrou pela janela... e começou a aquecê-los.
- Tens fome? - perguntou, por fim.
Taichi reagiu com entusiasmo.
- Tou esfomeado! ‘bora lá!
1001110011101011010010010011 THE END (???) 110101100101010101010111101
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