O que é a Assexualidade? (Video)

Faz tempo que eu não leio a Bíblia, mas pelo que eu lembro Salomão se converteu à religião das concubinas e por isso Deus ficou com ciúmes e fudeu com o resto do reinado dele. Nada a ver com sexo realmente.

Takuya escreveu:Faz tempo que eu não leio a Bíblia, mas pelo que eu lembro Salomão se converteu à religião das concubinas e por isso Deus ficou com ciúmes e fudeu com o resto do reinado dele. Nada a ver com sexo realmente.

As 900 concubinas de Salomão queriam altares próprios para adorar seus deuses, ele foi construindo altar que nem um louco e quando se deu por si todo o povo de Israel tinha se convertido aos deuses das concubinas. Mas tem a ver com sexo sim, porque o único propósito das concubinas era fazer sexo com ele. Concubina é um nome bonito para escrava sexual, uma mulher com quem ele não se envolvia amorosamente. Se especula que ele tinha tantas assim porque ele via uma mulher que lhe agradava os olhos, ia pra cama com ela e depois pagava o dote para deixar ela como concubina, assim "não seria" pecado. Provavelmente deviam ter algumas com quem ele deve ter se deitado uma única vez e nunca mais visto, tudo isso para satisfazer seus desejos por sexo. Então ao meu ver foi essa falta de moderação que destruiu o reinado de Salomão.

Takuya escreveu:Faz tempo que eu não leio a Bíblia, mas pelo que eu lembro Salomão se converteu à religião das concubinas e por isso Deus ficou com ciúmes e fudeu com o resto do reinado dele. Nada a ver com sexo realmente.

E concubina serve pra que, jovem?

Foi através delas que o coração de Salomão se desviou. Fora que ele tinha muitas, mas muitas mais concubinas que ele realmente precisava. Se é que tem um limite pra isso...
Enfim, não lembro números, mas no ultimo estudo de jovens, chegamos a conclusão que ele poderia ficar com uma concubina diferente todos os dias durante 2 anos. '-'

Aliás, o assunto segue a mesma linha de raciocínio porque Salomão pegou mulheres de outras culturas pra serem concubinas. Julgo desigual.

Encontrei essa imagem ao acaso no Twitter. Fiquei surpresa com a quantidade de perfis de assexuais existentes.

Será que isso é mais comum com mulheres? Minha mãe não tem qualquer tipo de relação desde que eu nasci, e ela diz que nem sente falta. E será que é algo que pode surgir mais tarde na vida do indivíduo, e não algo que acompanha desde sempre? No caso da minha mãe depois de ter tido filho.

Takuya escreveu:Será que isso é mais comum com mulheres? Minha mãe não tem qualquer tipo de relação desde que eu nasci, e ela diz que nem sente falta. E será que é algo que pode surgir mais tarde na vida do indivíduo, e não algo que acompanha desde sempre? No caso da minha mãe depois de ter tido filho.

Andei fuçando umas comunidades online de assexuais e há bastante homens usando o jargão "prefiro bolo". O que eu acho possível é o fato de as mulheres conseguirem assumir com mais facilidade, já que na pós-modernidade elas deixaram de sofrer tanta pressão social pelo fato de não quererem manter relações.

No caso da tua mãe não sei dizer. Assexuais tendem a ter baixo libido sexual, mas nem todas as pessoas com baixo libido são necessariamente assexuais. É complicado dizer =/

Ray, você acha que algum assexual pode um dia se apaixonar?

GodFire escreveu:Ray, você acha que algum assexual pode um dia se apaixonar?

Acho que sim?
Depende do que para ti seja "ficar apaixonado".
Já foi dito neste tópico, acho eu (preguiça de ler XD), que entre os assexuais há os que gostam de outras pessoas e que se "apaixonam". Mas o conceito de paixão difere.

A algumas pessoas, só acontece depois de um período de convívio e de amizade muito prolongado com a pessoa. Pode acontecer. (Usam nomes como "Demissexual" ou "Demiromântico")

Outros apaixonam-se, num sentido puramente platónico.

Outros ainda, mesmo sendo assexuais, são capazes de gostar tanto do parceiro, que, para o ver feliz e satisfeito (pois respeitam a sexualidade dele), acham que vale a pena abrir mão e conceder relações íntimas (se o parceiro souber respeitar a assexualidade do outro, isto pode até funcionar; mas não é fácil articular. Há muitos casais que têm discussões por aí pela simples razão de que um deles é assexual, sem saber disso).

Para mim, "ficar apaixonado" traduz-se em partilhar experiências de vida, confiança mútua, felicidade pura. Já me senti intelectualmente atraída por outra pessoa e é uma sensação maravilhosa. :)

Para outra pessoa que goste de sexo, eu penso que "estar apaixonado" pode significar querer ver e tocar a pessoa com abraços e beijos, mas, não sei, talvez com as relações íntimas e os jogos eróticos no meio.
Pelo que eu tenho percebido, é muito importante para a maioria das pessoas haver relações e contacto físico constante - e se não existe, pode levar a discussões e tristeza, ou depressão, ou dúvidas sobre a existência de interesse. Isto é coisa que eu não questiono porque para mim sexo ou contacto físico não são necessariamente provas de amor e reduzem-se a algo completamente insignificante numa relação (até entendo a ideia, mas não consigo entender no sentido de "experiência absolutamente necessária para tudo fazer sentido"...).

Enfim...
Eu acho que cada pessoa deve olhar para si mesma e simplesmente descobrir-se e aceitar-se como é, independentemente dos rótulos ou dos nomes que existam por aí. Deve aceitar-se como é, até mesmo para aprender a aceitar os outros como são.

Rayana escreveu:

GodFire escreveu:Ray, você acha que algum assexual pode um dia se apaixonar?

Para mim, "ficar apaixonado" traduz-se em partilhar experiências de vida, confiança mútua, felicidade pura. Já me senti intelectualmente atraída por outra pessoa e é uma sensação maravilhosa. :)

Explica mais essa parte, de ficar intelectualmente atraída por outra pessoa.

E você sentiu vontade mesmo ,do tipo... morar com a pessoa, irem sempre juntos em museus e restaurantes, andar de mãos dadas etc.? Sem beijo ou safadeza, claro.

GodFire escreveu:

Rayana escreveu:

GodFire escreveu:Ray, você acha que algum assexual pode um dia se apaixonar?

Para mim, "ficar apaixonado" traduz-se em partilhar experiências de vida, confiança mútua, felicidade pura. Já me senti intelectualmente atraída por outra pessoa e é uma sensação maravilhosa. :)

Explica mais essa parte, de ficar intelectualmente atraída por outra pessoa.

E você sentiu vontade mesmo ,do tipo... morar com a pessoa, irem sempre juntos em museus e restaurantes, andar de mãos dadas etc.? Sem beijo ou safadeza, claro.

Não, não é bem isso... Tipo, como explicar? Desculpa, acho vou ter que escrever uma muralha de texto (XD).
Bom, eu nunca quis ficar com ninguém em especial. Não sei se alguma vez tive um sentimento de "propriedade" em relação a outra pessoa.

Não vejo nada de mal em "safadeza", fique claro. Eu não compro a mentalidade de que sexo é uma coisa impura e que quem não pratica seja mais puro ou inocente. Respeito a sexualidade como uma das muitas necessidades humanas que alguém pode ter.

O facto de eu não gostar de beijos, nem de abraços, nem ver sentido nesses códigos sociais que supostamente simbolizam afecto (pois para mim são apenas gestos que as pessoas copiam umas das outras e que têm significado porque está assim convencionado - durante muito tempo eu pensei mesmo que as pessoas fingiam essas coisas e que tudo não passava de um jogo de faz de conta), enfim, isto não significa que desprezo quem o faça, nem faz de mim ninguém especial. Todas as pessoas são diferentes à sua maneira. Que isto fique bem claro.


Deixa eu explicar um aspecto cultural daqui do país (e da cidade) onde vivo.

Quando a gente está na universidade, podemos viver uns com os outros em casas a que damos o nome de "repúblicas". Estas são "casas de estudantes". Vários alunos de vários cursos diferentes (e até de nacionalidades diferentes) podem viver e conviver, comer juntos, enfim. Partilham a mesma cozinha, sala, etc.
Tudo por um preço consideramente mais reduzido do que alugar um quarto independente qualquer no centro da cidade.

Estou a explicar isto porque conheci brasileiros que me garantiram que não existia nada igual no país deles e que, se um grupo de alunos quisesse partilhar uma casa ou dividir quartos, teriam que combinar juntos e fazer tudo por iniciativa própria.

Portanto, aqui na cidade de Coimbra, por exemplo, há determinados cafés ao redor da universidade que podemos associar a uma determinada ideologia política ou simplesmente o lugar onde sabes exactamente o tipo de pessoas que vais encontrar (muitas vezes, pessoal das repúblicas).

Há um forte ambiente académico, o que não admira, porque muitos dos nomes que estudamos hoje na faculdade foram alunos que estiveram a conversar nos mesmos cafés e que viveram nas mesmas repúblicas que a gente (alguns edificios são tão velhos que chove lá dentro, mas, enfim XD).

Eu não cheguei a viver numa república, mas convivi e fui convidada para jantar por várias da quais os meus colegas de curso faziam parte. Fiz parte de uma geração, a meu ver, de todo especial, e estive rodeada de colegas que eram muito mais inteligentes e experientes do que eu, com quem aprendi bastante.
Acho que éramos extraordinariamente unidos (nem no Secundário experimentei algo assim) e passávamos HORAS nos cafés a discutir matéria, a criticar "ismos", e a filosofar sobre ideias que depois usávamos nos nossos roteiros de filme e peças de teatro - algumas delas a gente nunca chegou a apresentar propriamente em contexto de aula, mas a gente divertia-se. Mas o tempo para a gente passava a voar sem que déssemos conta. Cometíamos algumas loucuras (como ir filmar para uma linha de comboio sem sinalização)... mas, a meu ver, eu aprendi mais sobre a vida, política, filosofia, arte, etc, com estas pessoas do que com qualquer professor que eu tive até hoje. Eu sempre gostei destes ambientes, onde pessoas muito diferentes estão juntas mas ainda assim respeitam-se, provocam-se, e brincam, sem tabus.

Foi tudo gente que me concedeu os melhores anos da minha vida.

Uns colegas foram mais especiais do que outros, não vou dizer que não, mas se "paixão" significar uma profunda admiração e respeito por alguém... se "paixão" significar uma vontade de descobrir mais a respeito, e de ficar perto da fonte de prazer para saboreá-la... Se "paixão" significar ficar horas sem dormir a pensar ansiosa pelo dia seguinte para continuar as conversas e projectos que deixavamos pententes...

Eu imagino que tenha experimentado um delírio parecido com isso com pelo menos umas 7 ou 8 pessoas diferentes (talvez mais), durante o tempo que estive na faculdade. Mas não é nada como "querer viver com eles", mas sim "apreciar cada momento que estou com eles". E de vez em quando experimento a mesma sensação quando estou com os meus amigos.

Já sei que vai haver pessoas que vão franzir o sobrolho e perguntar "o que isso tem a ver com paixão?", mas foi justamente essa a questão, não foi?