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[One-Shot] Lã, Estrelas, Neve.

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Mensagem por Hinata Plusle Sex Jan 06, 2012 10:25 pm

Essa foi a fic do concurso.

Título: Lã, Estrelas, Neve.
Autor: Hinata Plusle
Gênero: Romance
Classificação: K
Resumo: Uma noite de natal... Normal.

Alguns anos depois de tantas lutas que sacudiram Shinjuku, os envolvidos voltaram a ser simplesmente pessoas anônimas. Na residência Katou, alguém cantarolava. Pedaços de linha enchiam um dos cômodos da humilde instalação. O fofo momento, porém, foi interrompido por uma outra pessoa:
- Nee-chan, tem gente na porta. Pode deixar vir?
A tal pessoa parou um pouco o que fazia para olhar ao menino na porta:
- Quem é? - O filho dos donos da Padaria.
- Ah, Takato-kun? Pode deixar subir.
- Tá bom. O garoto foi embora, deixando a porta entreaberta.
- Esse Masahiko-kun... Esquecendo o rabo* toda hora...
A moça continuou com o seu trabalho, mesmo quando o barulho de passos começou a ser ouvido, indicando que alguém subia as escadas. Os barulhos de passos foram ficando mais fortes até cessarem abruptamente.
- Katou-san? Um garoto de voz suave e palavras polidas bateu à porta e entrou.
- Ah, olá, Takato-kun! Juri deu um sorriso radiante.
- Ué... O que você está fazendo?
Takato viu as linhas e agulhas espalhadas no chão, bem como um montinho de luvas, cachecóis e gorrinhos de várias cores e tamanhos, espalhados num canto da cama.
- Estou terminando os presentes de Natal do pessoal.
- Já não tinha terminado?
- Faltava achar algumas cores e só encontrei ontem.
- Nossa, você fez cores diferentes pra cada um?
- Sim! Juri, então, reparou que Takato ainda estava em pé na frente da porta.
- Pode sentar, Takato-kun.
- A-ah, sim! Takato sentou-se ao lado da moça, ficando vermelho exatamente no mesmo momento. Juri deu uma risadinha.
- O-O que foi?
Takato ficou mais corado ainda.
- Nada, Takato-kun, nada...
Enquanto Juri ainda ria levemente, Takato resolveu prestar atenção em outras coisas para não se embaraçar mais. Resolveu comentar os presentes:
- Você vai dar luva, cachecol e gorrinho pra todo mundo?
- É.
- Não dá trabalho fazer tudo? Dá pra comprar, não é?
- Dá. Mas vale a pena fazer. Não daria pra dar um presente do mesmo nível se eu comprasse pronto. Andamos meio apertados, sabe?
- Época de vacas magras? Entendo.
Takato observou um pouco mais os presentes caprichados.
- Você fez com a cor dos D-arcs de cada um?
- É isso mesmo. Azul para a Ruki-chan, vermelho para você, verde para o Jen, branco** para o Ryou-san, marrom para o Hirokazu-kun, laranja pro Kenta-kun, rosa pra Shiuchon e roxo pra Ai-chan e pro Mako-chan***.
Takato estranhou:
- Laranja pro Kenta?
- Se eu desse da cor do D-arc dele****, ele não ia querer usar, com o Hirokazu toda hora do lado para encher o saco.
- Isso lá é verdade.
Takato observou Juri fazendo um cachecol vermelho em silêncio por alguns minutos até que resolveu perguntar:
- Ué, Katou-san, achei que vermelho fosse uma cor fácil de achar...
- Até é, mas é tudo muito puxado pro bordô. Esse vermelho vivo foi uma guerra pra achar. Takato corou ao lembrar que os artigos vermelhos eram todos para ele.
- Você procurou pelo bairro inteiro só para achar um tom de vermelho mais bonito?
- É. Não queria dar um presente com cor "morta", muito menos para você.
Takato corou de leve, mas logo deu um largo e radiante sorriso, dizendo uma frase que há muito tempo não enunciava:
- Você é uma boa menina mesmo. J
uri, que não ouvia alguém dizer isso desde muito tempo atrás, ficou vermelha e depois de cara amarrada:
- Takato-kun! Isso foi golpe baixo!
Takato deu uma risadinha. Juri nem teve tempo de processar a cara de quem ia fazer "arte" do rapaz ao seu lado quando foi atacada por um travesseiro. Tirando-o da frente do rosto, disse, com uma cara ainda mais arteira:
- Ah, é?
E devolveu a "travesseirada". Takato não deixou barato, e ambos continuaram "atacando" um ao outro até se cansarem e pararem, rindo descontroladamente.
- Vamos, Katou-san, continua a fazer esse cachecol. Vamos chegar atrasados!
- Como eu vou fazer se você não para de rir do meu lado?
- Mas você também não para! As risadas, invés de diminuírem, ficaram ainda mais altas. Foram necessários vários minutos até que se acalmassem.
- Agora, falando sério, vamos chegar muito tarde, Katou-san. Você ainda não se arrumou.
- Olha quem fala! Toda vez que você chegava na hora na escola chovia! Juri deu um sorriso maroto, enquanto Takato fazia uma careta esquisita. Ainda rindo, a moça continuou fazendo o tal cachecol. Logo ele estava pronto.
- Essa peça era a última. Agora é só embalar e eu me arrumar.
- Quer ajuda?
- Não dispenso agora, não. As luvas, os cachecóis e gorrinhos da mesma cor, você coloca no mesmo saquinho e põe o laço na cor da linha. Só cuidado com os roxos, são dois.
- Ok. Os roxos são pra Ai-chan e pro Mako-chan***, né?
- Isso. Logo os embrulhos estavam feitos.
Takato foi mandado para o andar de baixo e algum tempo depois, Juri desceu as escadas, de banho tomado, roupa de passeio e duas sacolas cheias de presentes.
- Podemos ir?
O rapaz que já “mofava” na sala levantou-se e respondeu alegremente, como uma criança subornada com doces:
- Claro! Em poucos minutos, ambos já estavam na rua, a caminho da casa de Ruki.
- Incrível como ela não deu piti quando perguntamos se a festinha podia ser na casa dela.
- Ela deve ter pensado que pelo menos não era a festa de ano-novo*****.
- Se chegarmos atrasados, toda essa calma dela vai embora.
- Vamos apressar o passo, então, Katou-san?
- Não. O dia está lindo demais para passarmos correndo por ele, não acha? Não estou a fim de ficar com pressa em pleno Christmas Eve******.
- “Dia”? Não seria “noite”?
Foi só aí que Juri reparou que já tinha começado a anoitecer.
- Ih! Já está ficando escuro! Ah, pelo menos a gente pode observar as estrelas.
- Ficou com mania de olhar pra elas e prever o futuro?
- Não, quem faz isso é a Miki*******. Eu só acho que elas são bonitas.
- Mas só tem uma. Takato apontou para a primeira (e no momento única) estrela no céu.
- Por isso mesmo. A primeira estrela, dizem, realiza desejos. Claro que não se deve apoiar nisso, mas um pouco de crendice não faz mal de vez em quando, né? Juri percebeu que Takato apontava a estrela com o dedo.
- Não se aponta diretamente para estrelas, Takato!
- Tá bom, tá bom! Takato recolheu a mão, para apenas observar a estrela naquele céu azul-escuro, de fim de pôr-do-sol. - Mas ela é bonita mesmo, não?
- As primeiras estrelas que vemos são invariavelmente muito brilhantes. Se aparecem mesmo quando o Sol não se pôs totalmente e com todas as luzes da cidade, é porque a luz delas realmente é muito forte. Não é algo de se admirar?
- De certa forma, sim. Mas mesmo as que só vêm depois, ou que nem vemos, têm seu mérito, não acha? Só de estarem ali, brilhando...
- Isso é verdade.
Um silêncio se formou, enquanto Takato e Juri observavam a estrela sem sequer se mexerem.
- Sabe, Takato-kun?
- Hum?
- Lá no Ocidente, há quem diga que o deus máximo, que chamam simplesmente de “Deus”, mandou o seu filho pra cá há mais de dois mil anos, e que o nascimento dele foi no Natal. Dizem também que três reis magos seguiram uma estrela para chegar até esse filho, para presenteá-lo com... Ih, não lembro mais o que era. Não sei até onde isso é verdade, ou se há alguma verdade nisso tudo. Mas não seria legal se pudéssemos seguir essa tal estrela guia, se ela existisse de verdade?
- Contanto que fosse com gente que gosto, jamais acharia ruim.
- Será que ela é a Ichibanboshi********? Será que é a estrela do Norte? Alguma estrela de Subaru*********? Ou será que seria Orihime**********, sem ter nada a ver com o Natal? Não seria divertido segui-la?
- Imagino que sim.
Juri percebeu, então, que Takato estava “nas nuvens” de novo.
- Ei! Você está me ouvindo? Ela deu-lhe um cutucão.
- Aaah! Que susto!
- Você estava distraído de novo, viu!
- Ah, Katou-san, desculpa! Mas é que é a primeira vez que paro para prestar atenção no céu esse ano, mesmo ele já no fim... E não é que não termos neve valeu a pena, no final das contas?
Juri, só então, percebeu que não havia neve.
- Verdade seja dita, eu não tinha nem notado que não tinha. Bem... É que faz pouco tempo que eu realmente gosto de Natal, neve e coisas do gênero, sabe?
- Por quê, Katou-san? Juri, de repente um pouco melancólica, suspirou e olhou um pouco para um laguinho próximo. Atirou uma pedra, que quicou duas vezes antes de cair.
- É que minha mãe faleceu dia 23 e nevava naquele dia.
Aquela aura ligeiramente tristonha desapareceu, pelo menos no exterior, tão rápido quanto tinha aparecido.
- Mas tudo bem. Hoje em dia eu associo dia 23 aos preparativos da festinha de Natal e neve a brincadeiras.
Juri olhou para o céu mais uma vez. Em questão de pouquíssimos minutos, o céu já se tornara um breu e milhares de estrelas brilhavam.
- Mas ainda gosto mais de estrelas. Olhe, aquelas ali são a constelação de Orion!
Juri apontou para as estrelas, mas não de forma tão direta como Takato tinha feito alguns momentos antes.
- Onde?
- Ali, ó, ali! Takato não conseguia achá-la.
- Não consigo ver! É por isso que eu acho mais prático apontar logo!
- Ah, Takato-kun, desisto! Vamos logo pra festa!
Juri saiu correndo, dando risadinhas.
- Eeeeei! Espere aí!!!!!!
Takato saiu correndo atrás da moça.
- Me alcance se conseguir!
- Aaaaah! Eu não devia ter cabulado tanta aula de Educação Física pra dar pão pro Guilmooooooon!
Takato e Juri continuaram correndo, entre risos e caretas, até chegarem à casa de Ruki, onde todos os já esperavam; Hirokazu já reclamando abertamente, mas com uma cara que desmentia tudo o que ele dizia (olhos brilhantes e sorriso maroto não condizem com impaciência, certo?) e escondendo (ou tentando esconder) um pedaço de visco***********.

FIM

Notas: * Esquecer o rabo: “Shippo wo wasureru”, significa fazer as coisas pela metade. Abrir gaveta e não fechar, jogar o lixo e não pôr saquinho novo, salvar arquivos e não escaneá-los, etc.
** O do Ryou até é Roxo/azul/whatever, mas se considerarmos a parte que “dá” a cor aos D-arcs de cada um, o dele é branco. Além do mais, não seria uma boa ideia dar o presente para ele e Ruki da mesma cor...
*** Mesmo Makoto sendo menino, por ser muito pequenininho, pode ser chamado com o sufixo “-chan” sem ter necessariamente segundos significados.
**** Pra quem não se lembra, o D-arc de Kenta é rosa bebê.
***** No Japão, o Natal não tem conotações religiosas, sendo bem mais discreto que no Ocidente, e o ano-novo é bem mais importante, tendo muito mais alvoroço e festas (que são maiores também). Por isso, lá não é “desconsideração” passar a noite de Natal com amigos, sem a família.
****** Sim, no Japão o dia 24 é mais importante que o dia 25. Calendários japoneses marcam o dia 24, e não 25 (na verdade, marcam por marcar, Natal não é feriado por lá).
*******Miki Nakajima: Uma das amigas de Juri, aparece pouco na série. É uma menina de cabelos castanhos, curtos, que usa um jumper dress azul. Essa garota aqui: [One-Shot] Lã, Estrelas, Neve. Miki
******** No Japão a primeira estrela a aparecer à noite tem nome! Ichibanboshi (literalmente, primeira estrela).
********* Subaru: Plêiades (aglomerado de estrelas), muito conhecido no Japão.
********** Lenda do Tanabata: A princesa Orihime (literalmente, Princesa Tecelã), fazia belos tecidos. Foi apresentada a um rapaz jovem e belo, Kengyu (Literalmente, Pastor do gado). Ambos se apaixonaram e dedicaram suas vidas apenas a esse amor, esquecendo das suas obrigações. O pai de Orihime, não gostando disso, os separou. Orihime, muito triste, recebeu mais tarde a autorização de ver seu amado uma vez por ano, em 07/07 (sete de julho), e nesse momento, diz-se que os desejos que as pessoas escrevem em Tanzakus (pedaços de papel pendurados em bambu) tornam-se realidade.
*********** Visco: Para quem não sabe, é o velho Mistletoe.




Tinha sido escrito na pressa. O resultado foi esse.
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Mensagem por Takuya Qua Jan 18, 2012 8:55 am

Nossa, gostei muito da sua fic, mesmo. O tempo todo dava pra sentir o clima de Natal na narração, e com leves pitadas de romance, ficou ótimo! Alguns errinhos bobos aqui e ali, mas levando em conta que foi escrito na pressa, como você mesma disse, ficou excelente! A parte da conversa sobre as estrelas foi o ápice, pra mim. Excelente!

Lendo as notas, tem algumas coisas no Natal do Japão que são melhores que no Natal do Ocidente, por exemplo, eu adoraria passar o Natal com os amigos, em vez de ter que passar sempre com a família... tipo aquele Natal de DA02, na casa do Ken. Adoraria comemorar o Natal daquela forma, com a família e os amigos... :(

Enfim, adorei a fic. Mesmo tendo passado o Natal, ainda consegui sentir todo o clima natalino. Parabéns!
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Mensagem por Hinata Plusle Dom Jan 22, 2012 10:11 pm

O//////O Sério?
Obrigada mesmo! A minha intenção era escrever algo leve, sem drama (nos dois sentidos), nada que realmente revolucionasse alguma coisa. Acho que consegui. O que eu realmente não esperava era que a minha fic tivesse virado uma espécie de "mini-guia sobre costumes natalinos no Japão" (como eu percebi que foi considerado), já que pra mim tudo aquilo era mero plano de fundo, mas se essas informações ajudaram, ainda bem (aquelas notas de rodapé deram um trabalho infernal!).

Ah, sim, o Natal de lá é bem do tipo do DA02. Aquilo lá é praticamente um modelo. Juntam o pessoal e fazem uma festa. Às vezes parece até aniversário, porque tem gente que compra bolo, acende vela e assopra a criançada toda junta. Ainda que eu prefira o jeito brasileiro de comemorar (se bem que os costumes da minha família são bem misturados), deve ser bem divertido.
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