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Notas de Yamaguchi Ryota sobre Digimon Savers
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Notas de Yamaguchi Ryota sobre Digimon Savers
Yamaguchi Ryota é o compositor das séries de Digimon Savers. No website dele, há uma página dedicada a Digimon Savers, que contém alguns pensamentos e factos interessantes sobre a série, ainda no tempo que estava a ser planificada. Faz lembrar um pouco a página do Chiaki J. Konaka sobre Digimon Tamers. Este post é uma tradução daquela página.
Geralmente o espectador não faz a mínima ideia das ideias que são descartadas durante a criação de um anime (seja por limitações de tempo, patrocínios, etc). Acho que vão divertir-se com alguns detalhes.
Texto Original: Yamaguchi Ryota
Tradução e adaptação para pt: Rayana_Wolfer
Tradução inglesa: SakuyamonX
Três anos passaram-se desde que a última produção de digimon, até a quinta temporada de Digimon ser lançada. Quando se falou pela primeira vez dela, já tínhamos um esboço geral do que queríamos:
1. Aumentar a idade do protagonista para alguém da escola do 3º ciclo.
2. O protagonista pertence a uma organização para tratar dos crimes dos Digimons.
3. O pai do protagonista, que estava envolvido na trama principal, está desaparecido.
4. O parceiro digimon do protagonista tinha que ser um Agumon.
Sobre o ponto 1: o objectivo foi expandir o público-alvo para um grupo maior de pessoas.
Queríamos chamar a atenção dos adolescentes mais velhos, sem que passasse um simples anime de entretenimento.
Sobre o ponto 2: dar um papel activo ao protagonista, de modo a que esse fosse diferente dos das séries anteriores.
Sobre o ponto 3: enfatizar o que o protagonista É REALMENTE o protagonista.
O predomínio e a distinção são dadas ao herói logo à partida, quando ele usa o Digivice que o pai dele criou.
Um grande número de projectos fazem uso desta técnica: desde Gigantor até Eva.
Sobre o ponto 4: foi um pedido do nosso patrocinador, a Bandai;
O objectivo passava por chamar a atenção dos fãs de Digimon mais velhos, fazendo reaparecer um Digimon das séries mais antigas.
Na fase inicial de propostas, o principal objectivo do protagonista consistia em procurar pelo paradeiro do pai até ao fim; todavia, algumas questões se levantaram em torno disto. Se ele é um estudante do 3º ciclo, estamos a falar de uma altura da vida dele, em que o seu ego de adolescente estaria a atingir o auge. Também não seria nesta altura que uma pessoa se mostraria hostil (a tão famosa idade da rebeldia?) pela imagem do pai (que é do mesmo sexo)? Para que ele respeitasse o pai incondicionalmente, e para que o herói fosse realmente atrás dele, qual deveria ser o limite de simpatia que uma criança da mesma idade poderia nutrir?
Por isso, agimos conforme, e desenvolvemos um protagonista que tivesse um perfil extremo e quase anacrónico de "Fighting Banchou" (lutador de rua), e por causa disto atribuímos-lhe a atitude de "todos os que entram no MEU território, mesmo que sejam digimons, não serão perdoados!". Decidimos que ele tornar-se-ia bastante furioso com os digimons invasores (*1).
Por conseguinte, o protagonista e o seu parceiro digimon deveria comunicar com a dialéctica dos punhos. Por causa deste desenvolvimento, teria nascido uma amizade. Pela mesma altura, senti que o dilema que tínhamos inicialmente nesta produção seria facilmente ultrapassado. (*2).
Daimon Masaru - 大門 大
Na fase de planeamento, decidimos que os personagens principais teriam que ser três pessoas: "o herói, o rival, e a rapariga". Do mesmo modo, "o herói deveria ser a força motora da história", tal como foi pedido pelo produtor da TV-Fuji, o Senhor Kaneda. A imagem do herói era: simples, de cabeça quente, um espírito extremamente viril, e apesar de tudo amigável. Isto foi concretizado até um certo nível.
Na fase das propostas, sugeriram o nome "Daimon Kouhei". Porém, eu tenho a convicção pessoal de que o nome do herói, num Manga Shounen, deve representá-lo. Onde quer que ele vá, acaba causando problemas, e sendo ele "um Grande Problema" [大問題 significa em japonês daimondai (grande problema), e os kanjis 大門 大 também podem ser lidos como "daimon dai"] o herói, com o nome dessa expressão japonesa incluída, tornou-se Daimon Masaru. (*3)
Agora, uma vez chegados à fase do cenário, pensámos que o "Masaru deveria falar de modo grosseiro." Masaru é um delinquente tolo e briguento, mas ele detesta situações injustas. Fazer o Masaru explodir e falando com a dialéctica Banchou, ao confrontar adultos egoístas (ou numa situação desesperadora), é algo que satisfaz o espectador, e torna-se mais fácil assim nutrir simpatia por ele. Se esta ideia é soprada de forma contínua, é um plano que geralmente dá cor ao projecto. Assim, logo no início instruímos os vários escritores do guião para "por favor, insira aqui um dos discursos masculinos do Masaru".
Numa primeira fase, ele deveria ser terrível com o uso de máquinas, e a fraqueza dele deveria ser a acrofobia [medo das alturas], contudo, este foi um detalhe que ficou completamente esquecido, até que alguém se lembrou disso, mas já tarde demais (risos).
Touma H. Norstein - トーマ・H・ノルシュタイン
O rival do protagonista. Ele tem uma mente astuta e é um atleta. Além disso, é um homem rico. Embora na fase de planeamento o tivéssemos como um japonês, enfim, tratando-se de um personagem de perfil "cool" de cabelo louro e olhos azuis, confesso, tenho um bocado de preconceito (risos). Por isso, coloquei-o como um aristocrata da Áustria. Ao princípio ele chamava-se ノルシュテイン [NORUSHUTEIN], mas este nome parecia-se demasiado com o animador Yuri Norstein [ノルシュテイン], por isso, mudámos para ノルシュタイン [NORUSHUTAIN].
Ao escrever "Crush Gear Nitro," queríamos que ele se parecesse um bocado com o personagem rival Akusawa Yuu (também com a voz do actor vocal Nojima Hirofumi), mas, por causa do drama, que tinha uma reviravolta no final, desta vez, com propósitos de vingança, isto foi-nos um grande desafio. Ele perdeu a mãe numa idade muito tenra, e a disputa que tem com o pai, embora seja cliché, cria uma aura negra à volta dele, que, acho, lhe atribui uma personalidade mais complexa. De modo a ajudar a expandir o drama, o guião foi modificado ambos pelo Yokote e pelo Yamatoya, e assim, acredito, este personagem tornou-se alguém com mais compaixão.
Fujieda Yoshino - 藤枝 淑乃
Ela é uma veterana, uma espécie de irmã mais velha, para o Masaru e o resto. Ao princípio, ela era um bocado como a Kiku-hime do anime Medarotto (Medabot); do tipo que "só luta quando pode ganhar," e que "se curva facilmente perante os mais fortes," - isto esta assumido para a personagem dela - porém, ao ser colocada entre duas pessoas que estão longe de serem "normais", o Masaru e o Touma, ela acaba muitas vezes assumindo o papel da Tsukkomi. Para além disso, ela é uma personagem com o ponto de vista mais próximo do espectador. (*4)
Na mudança de configuração, este papel tinha o interesse da Aragaki Yui, e por isso ela ficou encarregada de fazer a voz dela, o que é algo de grande. Vi-a numa reunião depois das gravações para o episódio 1, e foi uma coisa completamente diferente de vê-la num drama ou comercial, porque ela era uma rapariga ingénua (Episódio 17 ((A voz melodiosa que invoca milagres! A evolução de Lilamon!)) que não seria a mesma noutro episódio, se eu não estivesse a observá-la por detrás da cena).
A frase favorita dela é "Isto é do piorio..." da Yaguchi Mari do grupo Morning Musume [um grupo feminino de J-pop]. Ao ouvi-la repetir aquilo tantas vezes na TV, pensei, decidi que seria uma frase que eu teria que usar algum dia. Pessoalmente, acho que é engraçado falar de si próprio como se estivesse a falar de outra pessoa qualquer, e isto é o que geralmente as pessoas mais novas do japão, hoje em dia, fazem. Acho que combina com a atitude pouco insensível da Yoshino.
Satsuma Rentaro & Yushima Hiroshi - 薩摩 廉太郎&湯島 ヒロシ (*5)
Durante a fase de planificação, pensámos nestes dois como "um chefe pervertido que anda por aí a inspeccionar o território com uma lanterna durante a madrugada" e "um chefe de perfil severo" . Embora não fosse um "Tsuri Baka Nisshi [Diário de um Pescador Louco]," na realidade, pensei que seria muito mais interessante envolver o Masaru e o grupo com chefes de classe adulta, e por isso, tentei uma aproximação diferente. Em adição a isto, já tínhamos decidido por esta altura que os parceiros deles seriam o Kudamon e o Kamemon, e contudo, lidar com isto daria algum trabalho. Se adultos pudessem lutar, então não haveria necessidade de serem crianças a lidar com os crimes dos Digimons. Por esta razão, decidimos que o Kudamon e o Kamemon seriam ambos "guardiões que foram enviados pelo Deus Yggdrasil," que os proibiam de interferir com os casos dos Digimons.
E a propósito, a imagem visual para o Yushima foi inspirada no Masahiko Tsugawa, enquanto Watari Tetsuya deu imagem ao Satsuma (ambos agentes da Polícia do Oeste).
Shirokawa Megumi & Kurosaki Miki - 白川 恵&黒崎 美樹
Duas agentes da DATS. Colocámos as cores delas como preto e branco, porque já estava decidido que os Pawn Chessmons seriam os parceiros delas. Indaguei-me se elas não seriam comparadas a PreCure, todavia, depois de olhar bem para a questão, julgo não haver problema, já que elas são como tinta e neve [uma referência a Cure Black e Cure White de PreCure]. Embora a Kurosaki seja uma personagem com perfil de irmã mais velha, e a Shirokawa uma cabeça de vento, levantou-se o rumor de que a "Shirokawa já foi a líder de um gangue," durante os ensaios.
Na fase de propostas, elas eram "a imagem da Satou Tamao e da Koike Eiko." (*6)
Daimon Sayuri - 大門 小百合 (*7)
Uma mãe natural com uma personalidade despreocupada. Por causa da excentricidade dela, ela e a mãe do Chidori de Medarotto (Medabot) inevitavelmente se sobrepõem, embora ela seja ainda optimista, mesmo perante a probabilidade do seu marido Suguru estar vivo. Embora a voz de algodão doce da Kouda se mostre explosiva como nunca, ela revela uma ligeira amargura. Será sinal de uma pequena sombra escondida por detrás da doçura?
Daimon Chika - 大門 知香
Já agora; na altura da planificação, devo avisar que a Chika não era a irmã mais nova do Masaru, pelo menos até o primeiro esboço do primeiro episódio estar terminado. Ela era para ser uma estudante da escola básica que vivia na porta ao lado do Masaru (Isto é evidente se verificarmos que o nome dela é o único sem um significado simétrico). A Chika suspeitava que a família Daimon escondia grandes segredos, e várias vezes ela deveria espreitar invadindo a privacidade deles. Embora isto fosse retratado apenas como uma forma de comédia e suspense, com o Masaru sempre com medo de receber a ajuda dela, acabámos por descartar esta ideia, por não ser possível aproveitá-la como deve ser. Como resultado final, acabámos por enfatizar o amor do Masaru' pela família dele. Junte-se isto ao episódio que foi produzido da Chika e do Piyomon. Acho que foi uma boa decisão por isto mesmo.
Daimon Suguru - 大門 英
Na fase de planeamento, depois de ficar desaparecido, era suposto ele ficar no caminho do herói como uma encarnação do mal. Este desenvolvimento ocorre frequentemente nos mangas shounen, especialmente nos animes de entretenimento.
"Um rapaz mostra que evoluiu como homem, quando ultrapassa o seu pai" - é uma regra universalmente compreendida, mas será que é justo convertê-lo num inimigo, só porque lhe chamam de pai?
Quis evitar o desenvolvimento clássico do vilão mascarado que de repente afirma "Eu sou o teu pai!" como acontece em "Star Wars - The Empire Strikes Back" por isso, evitámos uma aparição em grande escala tanto quanto possível, e com isso, decidimos aprofundar de que modo o Suguru se tornou uma pessoa terrível. Um pai é uma existência que não se amesquinha assim tão facilmente.
Agumon - アグモン
Também na fase de planeamento, foi decidido que o Agumon apareceria outra vez. Todavia, como diferenciá-lo do Agumon de Digimon Adventure?
Primeiro, o tamanho. As diferenças para com o prejecto anterior foram enfatizadas ao eliminar qualquer comparação com aquele personagem. Além disso, penso que aquele sentimento de inquietação que se gera ao tentar integrar os Digimons no quotidiano da vida real pode ser enfatizado ao mostrá-los bem maiores (O cenário mais bizarro, um Agumon maior do que o próprio Taichi).
Outra, a "voz". Embora respeite a imagem passada pelo Agumon interpretado pela Sakamoto Chika, aqui temos o senhor Matsuno Taiki que actua com uma voz que reforça o aspecto "masculino", assim como uma amizade desenvolvida da comunicação com o Masaru e os seus punhos.
Para além disto, temos o design; enfatizámos que ele era diferente do Agumon anterior ao adicionar-lhe cintos de couro em ambos os braços. (*8)
Gaomon - ガオモン
O cão fiel que se importa mais com o Touma do que com qualquer outra pessoa. A personalidade calma dele também vem do Touma. É triste que tenhamos ficado com um episódio por fazer, onde daríamos desenvolvimento a este personagem; todavia, se a história tivesse sido criada (não foi!), suponhamos que teria uma atmosfera parecida com a primeira temporada; ele foge de casa envergonhado pela sua covardia e lidera os cães vadios e ataca pessoas com um cão Digimon rival.
A voz dele é do senhor Nakai Kazuya, que é famoso como Roronoa Zoro (One Piece). Apesar de ser uma pessoa que frequentemente faz dramas sérios, na altura ele pareceu radiante com a ideia de dar voz a um personagem fofo.
Lalamon - ララモン
A parceira da Yoshino. Com o aspecto físico de uma Haniwa, não é possível saber no que está ela a pensar, todavia, ela é de facto mais confiável do que a Yoshino, e é como uma irmã mais velha para ela, sendo mais estável. Isto foi estabelecido intencionalmente com a esperança de criar momentos interessantes de humor. Levando mais longe, de modo perverso, ela brande matracas de salsicha e torna-se uma força imparável (lol). Havia muita admiração pelo trabalho da senhora Yukana, cujos personagens são talentosamente performados pela voz fininha da Lilamon, e pela voz feminina e acetinada da Rosemon, mas durante as gravações da Sunflowmon as gargalhadas soavam inevitavelmente no estúdio de gravação.
Ikuto - イクト
Um rapaz selvagem que foi criado na Digital World. Estabelecido com um "Tarzan", o tema principal, "o confronto entre as culturas dos Digimons e dos Humanos," que o personagem representa, foi feito para receber destaque, afirmando-se como a única escolha. Quando escrevemos em Kanji, é 郁人 [Significado: Pessoa da Cultura], mas quando é dito em voz alta, tem uma nuance que nos faz duvidar se ele é Japonês ou se é uma pessoa de outro lugar. Ele só diz algumas palavras, porque é um rapaz selvagem. (*9)
Para evitar que a obsessão dele sobre vingar-se contra os humanos se tornasse demasiado conspícuosa, atrevi-me a diminuir a faixa etária dele em relação ao Masaru e aos outros. Claro, isto também firma o sentimento de empatia com os espectadores originais da franquia, os rapazes da escola básica.
Falcomon - ファルコモン
Digimon parceiro do Ikuto. CV é a senhora Koujiro Chie que é famosa por interpretar o famoso Obocchama-kun. Ela mesmo disse: "Apesar de sentir-me confortável com o Falcomon, como aplicar a voz quando ele evolui...? Estive numa situação hesitante, chegando ao cúmulo de me encontrar com a posição das sobrancelhas igual às da Nakashima Mika. (lol)" o que não deixa de ser verdade. O desenvolvimento sério da segunda parte das séries tornou-se mais suavizado e foi grandemente ajudado pela qualidade vocal do Falcomon.
Kurata - 倉田
O cientista louco que tem três tesouros sagrados que são: óculos, bata branca e cabelo comprido. Um homem desafortunado que falhou no sucesso na vida, já que a grande muralha Daimon Suguru sempre esteve no seu caminho. Ele tem alergia aos Digimons, e quando um Digimon está por perto, não consegue parar de espirrar.
Se não fosse o Kurata, será que os Digimons e Humanos não poderiam existir em harmonia? É um grande erro, embora eu ache que há muitas maneiras de se pensar sobre isto. Muitas vezes no drama se diz que "Humanos não são maus. O único mau é o Kurata". É por causa do Kurata que enfrentamos a realidade de que nós somos apenas metáforas da escuridão.
O que é a escuridão? Quero que todos pensem na resposta, de todas as maneiras possíveis.
NOTAS:
*1 O enredo que propuz como alternativa foi que houvessem Banchou(s) por todo o Japão, com parceiros Digimon, e que o herói quisesse ganhar uma competição a nível nacional através dos punhos, contra os Digimons (obviamente, isto foi rejeitado de imediato). Se as circunstâncias o permitissem, a Yoshino seria a líder feminina de uma gangue, da zona de Kansai, experiente com matracas; e o Touma seria o lobo solitário americano que teria derrotado a máfia de Nova Iorque sozinho.
*2 O dilema constante de se lidar com um trabalho onde o "herói usa monstros para lutar", sendo Pokemon o primeiro exemplo que vem à memória. "Quando se trata de lutar, o herói é enviado para fora da área de batalha. Não importa quantas palavras bonitas se digam sobre "laços do coração" ou "somos como alma e corpo"... se a única coisa que o herói faz é torcer pelo parceiro que está em sarilhos, penso que a mensagem de "laços" de "amizade" e "amor" falha redondamente.
Assim, formou-se a ideia de que "o Digisoul não se forma, a menos que ele bata nos Digimons". Em cenas de algum constrangimento, pensámos: "os inimigos tornam-se muito maiores na segunda parte das séries, e isto pode ser inconveniente de muitas maneiras, por isso, talvez não seja boa ideia". Muitas discussões similares apareceram, porém, acabaram não surtindo efeito, e Savers acabou seguindo em frente com este conceito. Embora a pessoa que escreve isto não imaginasse sequer que se viria a quebrar o dente de um Digimon do nível Perfeito (lol), isto é também a verdadeira adrenalina de uma série de TV com duração de um ano; é uma posição muito interessante.
*3 Embora eu soubesse que os nomes de todos os protagonistas de Digimon anteriores começam com "Ta" ou "Da" (た ou だ) a diferença já estava estabelecida na fase de propostas. Concordei de forma entusiasta em criar algo de totalmente diferente das series anteriores e decidi aproveitar o impulso. Por isso o nome escreve-se como 大, mas lê-se como Masaru, com origem no nome do Nagai Masaru, 永井大 (Ranger do Espaço). Já agora, é simétrico quando escrito na vertical. Apesar de eu não ser lá muito bom com ocultismo sobre os nomes, este nome parece carregar um bom futuro.
*4 Foi oficialmente estabelecido que "frases-moto são um palanquim adornado de jóias" [expressão idiomática que faz menção às "mulheres que estão predestinadas a casar"], ou algo parecido com isso; é apenas uma memória que tenho daquela altura.
*5 Embora reconheça que alguns itens tenham ajudado a esconder a identidade, o Professor Yushima revelou que "O homem velho é a autoridade máxima da pesquisa dos Digimons". Isto surpreendeu toda a gente; são truques que estão lá mesmo para que a a história não se torne tão previsível.
*6 ...preferência de quem? (lol)
*7 O realizador Itou contratou Kouda Mariko. Apesar da senhora Akiko de Kanon ser também extremamente nova, era consideravelmente pecaminoso ter a senhora Kouda a actuar no papel de mãe, quando ela actuava o papel da filha Nayuki.
*8 No design inicial, não era apenas os braços, ele tinha um colar também.
*9 É engraçado, se constatarmos que o Falcomon e o resto dos digimons falam japonês com fluência.
Geralmente o espectador não faz a mínima ideia das ideias que são descartadas durante a criação de um anime (seja por limitações de tempo, patrocínios, etc). Acho que vão divertir-se com alguns detalhes.
Notas de Yamaguchi Ryota sobre Digimon Savers
Texto Original: Yamaguchi Ryota
Tradução e adaptação para pt: Rayana_Wolfer
Tradução inglesa: SakuyamonX
Três anos passaram-se desde que a última produção de digimon, até a quinta temporada de Digimon ser lançada. Quando se falou pela primeira vez dela, já tínhamos um esboço geral do que queríamos:
1. Aumentar a idade do protagonista para alguém da escola do 3º ciclo.
2. O protagonista pertence a uma organização para tratar dos crimes dos Digimons.
3. O pai do protagonista, que estava envolvido na trama principal, está desaparecido.
4. O parceiro digimon do protagonista tinha que ser um Agumon.
Sobre o ponto 1: o objectivo foi expandir o público-alvo para um grupo maior de pessoas.
Queríamos chamar a atenção dos adolescentes mais velhos, sem que passasse um simples anime de entretenimento.
Sobre o ponto 2: dar um papel activo ao protagonista, de modo a que esse fosse diferente dos das séries anteriores.
Sobre o ponto 3: enfatizar o que o protagonista É REALMENTE o protagonista.
O predomínio e a distinção são dadas ao herói logo à partida, quando ele usa o Digivice que o pai dele criou.
Um grande número de projectos fazem uso desta técnica: desde Gigantor até Eva.
Sobre o ponto 4: foi um pedido do nosso patrocinador, a Bandai;
O objectivo passava por chamar a atenção dos fãs de Digimon mais velhos, fazendo reaparecer um Digimon das séries mais antigas.
Na fase inicial de propostas, o principal objectivo do protagonista consistia em procurar pelo paradeiro do pai até ao fim; todavia, algumas questões se levantaram em torno disto. Se ele é um estudante do 3º ciclo, estamos a falar de uma altura da vida dele, em que o seu ego de adolescente estaria a atingir o auge. Também não seria nesta altura que uma pessoa se mostraria hostil (a tão famosa idade da rebeldia?) pela imagem do pai (que é do mesmo sexo)? Para que ele respeitasse o pai incondicionalmente, e para que o herói fosse realmente atrás dele, qual deveria ser o limite de simpatia que uma criança da mesma idade poderia nutrir?
Por isso, agimos conforme, e desenvolvemos um protagonista que tivesse um perfil extremo e quase anacrónico de "Fighting Banchou" (lutador de rua), e por causa disto atribuímos-lhe a atitude de "todos os que entram no MEU território, mesmo que sejam digimons, não serão perdoados!". Decidimos que ele tornar-se-ia bastante furioso com os digimons invasores (*1).
Por conseguinte, o protagonista e o seu parceiro digimon deveria comunicar com a dialéctica dos punhos. Por causa deste desenvolvimento, teria nascido uma amizade. Pela mesma altura, senti que o dilema que tínhamos inicialmente nesta produção seria facilmente ultrapassado. (*2).
Os Personagens
Daimon Masaru - 大門 大
Na fase de planeamento, decidimos que os personagens principais teriam que ser três pessoas: "o herói, o rival, e a rapariga". Do mesmo modo, "o herói deveria ser a força motora da história", tal como foi pedido pelo produtor da TV-Fuji, o Senhor Kaneda. A imagem do herói era: simples, de cabeça quente, um espírito extremamente viril, e apesar de tudo amigável. Isto foi concretizado até um certo nível.
Na fase das propostas, sugeriram o nome "Daimon Kouhei". Porém, eu tenho a convicção pessoal de que o nome do herói, num Manga Shounen, deve representá-lo. Onde quer que ele vá, acaba causando problemas, e sendo ele "um Grande Problema" [大問題 significa em japonês daimondai (grande problema), e os kanjis 大門 大 também podem ser lidos como "daimon dai"] o herói, com o nome dessa expressão japonesa incluída, tornou-se Daimon Masaru. (*3)
Agora, uma vez chegados à fase do cenário, pensámos que o "Masaru deveria falar de modo grosseiro." Masaru é um delinquente tolo e briguento, mas ele detesta situações injustas. Fazer o Masaru explodir e falando com a dialéctica Banchou, ao confrontar adultos egoístas (ou numa situação desesperadora), é algo que satisfaz o espectador, e torna-se mais fácil assim nutrir simpatia por ele. Se esta ideia é soprada de forma contínua, é um plano que geralmente dá cor ao projecto. Assim, logo no início instruímos os vários escritores do guião para "por favor, insira aqui um dos discursos masculinos do Masaru".
Numa primeira fase, ele deveria ser terrível com o uso de máquinas, e a fraqueza dele deveria ser a acrofobia [medo das alturas], contudo, este foi um detalhe que ficou completamente esquecido, até que alguém se lembrou disso, mas já tarde demais (risos).
Touma H. Norstein - トーマ・H・ノルシュタイン
O rival do protagonista. Ele tem uma mente astuta e é um atleta. Além disso, é um homem rico. Embora na fase de planeamento o tivéssemos como um japonês, enfim, tratando-se de um personagem de perfil "cool" de cabelo louro e olhos azuis, confesso, tenho um bocado de preconceito (risos). Por isso, coloquei-o como um aristocrata da Áustria. Ao princípio ele chamava-se ノルシュテイン [NORUSHUTEIN], mas este nome parecia-se demasiado com o animador Yuri Norstein [ノルシュテイン], por isso, mudámos para ノルシュタイン [NORUSHUTAIN].
Ao escrever "Crush Gear Nitro," queríamos que ele se parecesse um bocado com o personagem rival Akusawa Yuu (também com a voz do actor vocal Nojima Hirofumi), mas, por causa do drama, que tinha uma reviravolta no final, desta vez, com propósitos de vingança, isto foi-nos um grande desafio. Ele perdeu a mãe numa idade muito tenra, e a disputa que tem com o pai, embora seja cliché, cria uma aura negra à volta dele, que, acho, lhe atribui uma personalidade mais complexa. De modo a ajudar a expandir o drama, o guião foi modificado ambos pelo Yokote e pelo Yamatoya, e assim, acredito, este personagem tornou-se alguém com mais compaixão.
Fujieda Yoshino - 藤枝 淑乃
Ela é uma veterana, uma espécie de irmã mais velha, para o Masaru e o resto. Ao princípio, ela era um bocado como a Kiku-hime do anime Medarotto (Medabot); do tipo que "só luta quando pode ganhar," e que "se curva facilmente perante os mais fortes," - isto esta assumido para a personagem dela - porém, ao ser colocada entre duas pessoas que estão longe de serem "normais", o Masaru e o Touma, ela acaba muitas vezes assumindo o papel da Tsukkomi. Para além disso, ela é uma personagem com o ponto de vista mais próximo do espectador. (*4)
Na mudança de configuração, este papel tinha o interesse da Aragaki Yui, e por isso ela ficou encarregada de fazer a voz dela, o que é algo de grande. Vi-a numa reunião depois das gravações para o episódio 1, e foi uma coisa completamente diferente de vê-la num drama ou comercial, porque ela era uma rapariga ingénua (Episódio 17 ((A voz melodiosa que invoca milagres! A evolução de Lilamon!)) que não seria a mesma noutro episódio, se eu não estivesse a observá-la por detrás da cena).
A frase favorita dela é "Isto é do piorio..." da Yaguchi Mari do grupo Morning Musume [um grupo feminino de J-pop]. Ao ouvi-la repetir aquilo tantas vezes na TV, pensei, decidi que seria uma frase que eu teria que usar algum dia. Pessoalmente, acho que é engraçado falar de si próprio como se estivesse a falar de outra pessoa qualquer, e isto é o que geralmente as pessoas mais novas do japão, hoje em dia, fazem. Acho que combina com a atitude pouco insensível da Yoshino.
Satsuma Rentaro & Yushima Hiroshi - 薩摩 廉太郎&湯島 ヒロシ (*5)
Durante a fase de planificação, pensámos nestes dois como "um chefe pervertido que anda por aí a inspeccionar o território com uma lanterna durante a madrugada" e "um chefe de perfil severo" . Embora não fosse um "Tsuri Baka Nisshi [Diário de um Pescador Louco]," na realidade, pensei que seria muito mais interessante envolver o Masaru e o grupo com chefes de classe adulta, e por isso, tentei uma aproximação diferente. Em adição a isto, já tínhamos decidido por esta altura que os parceiros deles seriam o Kudamon e o Kamemon, e contudo, lidar com isto daria algum trabalho. Se adultos pudessem lutar, então não haveria necessidade de serem crianças a lidar com os crimes dos Digimons. Por esta razão, decidimos que o Kudamon e o Kamemon seriam ambos "guardiões que foram enviados pelo Deus Yggdrasil," que os proibiam de interferir com os casos dos Digimons.
E a propósito, a imagem visual para o Yushima foi inspirada no Masahiko Tsugawa, enquanto Watari Tetsuya deu imagem ao Satsuma (ambos agentes da Polícia do Oeste).
Shirokawa Megumi & Kurosaki Miki - 白川 恵&黒崎 美樹
Duas agentes da DATS. Colocámos as cores delas como preto e branco, porque já estava decidido que os Pawn Chessmons seriam os parceiros delas. Indaguei-me se elas não seriam comparadas a PreCure, todavia, depois de olhar bem para a questão, julgo não haver problema, já que elas são como tinta e neve [uma referência a Cure Black e Cure White de PreCure]. Embora a Kurosaki seja uma personagem com perfil de irmã mais velha, e a Shirokawa uma cabeça de vento, levantou-se o rumor de que a "Shirokawa já foi a líder de um gangue," durante os ensaios.
Na fase de propostas, elas eram "a imagem da Satou Tamao e da Koike Eiko." (*6)
Daimon Sayuri - 大門 小百合 (*7)
Uma mãe natural com uma personalidade despreocupada. Por causa da excentricidade dela, ela e a mãe do Chidori de Medarotto (Medabot) inevitavelmente se sobrepõem, embora ela seja ainda optimista, mesmo perante a probabilidade do seu marido Suguru estar vivo. Embora a voz de algodão doce da Kouda se mostre explosiva como nunca, ela revela uma ligeira amargura. Será sinal de uma pequena sombra escondida por detrás da doçura?
Daimon Chika - 大門 知香
Já agora; na altura da planificação, devo avisar que a Chika não era a irmã mais nova do Masaru, pelo menos até o primeiro esboço do primeiro episódio estar terminado. Ela era para ser uma estudante da escola básica que vivia na porta ao lado do Masaru (Isto é evidente se verificarmos que o nome dela é o único sem um significado simétrico). A Chika suspeitava que a família Daimon escondia grandes segredos, e várias vezes ela deveria espreitar invadindo a privacidade deles. Embora isto fosse retratado apenas como uma forma de comédia e suspense, com o Masaru sempre com medo de receber a ajuda dela, acabámos por descartar esta ideia, por não ser possível aproveitá-la como deve ser. Como resultado final, acabámos por enfatizar o amor do Masaru' pela família dele. Junte-se isto ao episódio que foi produzido da Chika e do Piyomon. Acho que foi uma boa decisão por isto mesmo.
Daimon Suguru - 大門 英
Na fase de planeamento, depois de ficar desaparecido, era suposto ele ficar no caminho do herói como uma encarnação do mal. Este desenvolvimento ocorre frequentemente nos mangas shounen, especialmente nos animes de entretenimento.
"Um rapaz mostra que evoluiu como homem, quando ultrapassa o seu pai" - é uma regra universalmente compreendida, mas será que é justo convertê-lo num inimigo, só porque lhe chamam de pai?
Quis evitar o desenvolvimento clássico do vilão mascarado que de repente afirma "Eu sou o teu pai!" como acontece em "Star Wars - The Empire Strikes Back" por isso, evitámos uma aparição em grande escala tanto quanto possível, e com isso, decidimos aprofundar de que modo o Suguru se tornou uma pessoa terrível. Um pai é uma existência que não se amesquinha assim tão facilmente.
Agumon - アグモン
Também na fase de planeamento, foi decidido que o Agumon apareceria outra vez. Todavia, como diferenciá-lo do Agumon de Digimon Adventure?
Primeiro, o tamanho. As diferenças para com o prejecto anterior foram enfatizadas ao eliminar qualquer comparação com aquele personagem. Além disso, penso que aquele sentimento de inquietação que se gera ao tentar integrar os Digimons no quotidiano da vida real pode ser enfatizado ao mostrá-los bem maiores (O cenário mais bizarro, um Agumon maior do que o próprio Taichi).
Outra, a "voz". Embora respeite a imagem passada pelo Agumon interpretado pela Sakamoto Chika, aqui temos o senhor Matsuno Taiki que actua com uma voz que reforça o aspecto "masculino", assim como uma amizade desenvolvida da comunicação com o Masaru e os seus punhos.
Para além disto, temos o design; enfatizámos que ele era diferente do Agumon anterior ao adicionar-lhe cintos de couro em ambos os braços. (*8)
Gaomon - ガオモン
O cão fiel que se importa mais com o Touma do que com qualquer outra pessoa. A personalidade calma dele também vem do Touma. É triste que tenhamos ficado com um episódio por fazer, onde daríamos desenvolvimento a este personagem; todavia, se a história tivesse sido criada (não foi!), suponhamos que teria uma atmosfera parecida com a primeira temporada; ele foge de casa envergonhado pela sua covardia e lidera os cães vadios e ataca pessoas com um cão Digimon rival.
A voz dele é do senhor Nakai Kazuya, que é famoso como Roronoa Zoro (One Piece). Apesar de ser uma pessoa que frequentemente faz dramas sérios, na altura ele pareceu radiante com a ideia de dar voz a um personagem fofo.
Lalamon - ララモン
A parceira da Yoshino. Com o aspecto físico de uma Haniwa, não é possível saber no que está ela a pensar, todavia, ela é de facto mais confiável do que a Yoshino, e é como uma irmã mais velha para ela, sendo mais estável. Isto foi estabelecido intencionalmente com a esperança de criar momentos interessantes de humor. Levando mais longe, de modo perverso, ela brande matracas de salsicha e torna-se uma força imparável (lol). Havia muita admiração pelo trabalho da senhora Yukana, cujos personagens são talentosamente performados pela voz fininha da Lilamon, e pela voz feminina e acetinada da Rosemon, mas durante as gravações da Sunflowmon as gargalhadas soavam inevitavelmente no estúdio de gravação.
Ikuto - イクト
Um rapaz selvagem que foi criado na Digital World. Estabelecido com um "Tarzan", o tema principal, "o confronto entre as culturas dos Digimons e dos Humanos," que o personagem representa, foi feito para receber destaque, afirmando-se como a única escolha. Quando escrevemos em Kanji, é 郁人 [Significado: Pessoa da Cultura], mas quando é dito em voz alta, tem uma nuance que nos faz duvidar se ele é Japonês ou se é uma pessoa de outro lugar. Ele só diz algumas palavras, porque é um rapaz selvagem. (*9)
Para evitar que a obsessão dele sobre vingar-se contra os humanos se tornasse demasiado conspícuosa, atrevi-me a diminuir a faixa etária dele em relação ao Masaru e aos outros. Claro, isto também firma o sentimento de empatia com os espectadores originais da franquia, os rapazes da escola básica.
Falcomon - ファルコモン
Digimon parceiro do Ikuto. CV é a senhora Koujiro Chie que é famosa por interpretar o famoso Obocchama-kun. Ela mesmo disse: "Apesar de sentir-me confortável com o Falcomon, como aplicar a voz quando ele evolui...? Estive numa situação hesitante, chegando ao cúmulo de me encontrar com a posição das sobrancelhas igual às da Nakashima Mika. (lol)" o que não deixa de ser verdade. O desenvolvimento sério da segunda parte das séries tornou-se mais suavizado e foi grandemente ajudado pela qualidade vocal do Falcomon.
Kurata - 倉田
O cientista louco que tem três tesouros sagrados que são: óculos, bata branca e cabelo comprido. Um homem desafortunado que falhou no sucesso na vida, já que a grande muralha Daimon Suguru sempre esteve no seu caminho. Ele tem alergia aos Digimons, e quando um Digimon está por perto, não consegue parar de espirrar.
Se não fosse o Kurata, será que os Digimons e Humanos não poderiam existir em harmonia? É um grande erro, embora eu ache que há muitas maneiras de se pensar sobre isto. Muitas vezes no drama se diz que "Humanos não são maus. O único mau é o Kurata". É por causa do Kurata que enfrentamos a realidade de que nós somos apenas metáforas da escuridão.
O que é a escuridão? Quero que todos pensem na resposta, de todas as maneiras possíveis.
NOTAS:
*1 O enredo que propuz como alternativa foi que houvessem Banchou(s) por todo o Japão, com parceiros Digimon, e que o herói quisesse ganhar uma competição a nível nacional através dos punhos, contra os Digimons (obviamente, isto foi rejeitado de imediato). Se as circunstâncias o permitissem, a Yoshino seria a líder feminina de uma gangue, da zona de Kansai, experiente com matracas; e o Touma seria o lobo solitário americano que teria derrotado a máfia de Nova Iorque sozinho.
*2 O dilema constante de se lidar com um trabalho onde o "herói usa monstros para lutar", sendo Pokemon o primeiro exemplo que vem à memória. "Quando se trata de lutar, o herói é enviado para fora da área de batalha. Não importa quantas palavras bonitas se digam sobre "laços do coração" ou "somos como alma e corpo"... se a única coisa que o herói faz é torcer pelo parceiro que está em sarilhos, penso que a mensagem de "laços" de "amizade" e "amor" falha redondamente.
Assim, formou-se a ideia de que "o Digisoul não se forma, a menos que ele bata nos Digimons". Em cenas de algum constrangimento, pensámos: "os inimigos tornam-se muito maiores na segunda parte das séries, e isto pode ser inconveniente de muitas maneiras, por isso, talvez não seja boa ideia". Muitas discussões similares apareceram, porém, acabaram não surtindo efeito, e Savers acabou seguindo em frente com este conceito. Embora a pessoa que escreve isto não imaginasse sequer que se viria a quebrar o dente de um Digimon do nível Perfeito (lol), isto é também a verdadeira adrenalina de uma série de TV com duração de um ano; é uma posição muito interessante.
*3 Embora eu soubesse que os nomes de todos os protagonistas de Digimon anteriores começam com "Ta" ou "Da" (た ou だ) a diferença já estava estabelecida na fase de propostas. Concordei de forma entusiasta em criar algo de totalmente diferente das series anteriores e decidi aproveitar o impulso. Por isso o nome escreve-se como 大, mas lê-se como Masaru, com origem no nome do Nagai Masaru, 永井大 (Ranger do Espaço). Já agora, é simétrico quando escrito na vertical. Apesar de eu não ser lá muito bom com ocultismo sobre os nomes, este nome parece carregar um bom futuro.
*4 Foi oficialmente estabelecido que "frases-moto são um palanquim adornado de jóias" [expressão idiomática que faz menção às "mulheres que estão predestinadas a casar"], ou algo parecido com isso; é apenas uma memória que tenho daquela altura.
*5 Embora reconheça que alguns itens tenham ajudado a esconder a identidade, o Professor Yushima revelou que "O homem velho é a autoridade máxima da pesquisa dos Digimons". Isto surpreendeu toda a gente; são truques que estão lá mesmo para que a a história não se torne tão previsível.
*6 ...preferência de quem? (lol)
*7 O realizador Itou contratou Kouda Mariko. Apesar da senhora Akiko de Kanon ser também extremamente nova, era consideravelmente pecaminoso ter a senhora Kouda a actuar no papel de mãe, quando ela actuava o papel da filha Nayuki.
*8 No design inicial, não era apenas os braços, ele tinha um colar também.
*9 É engraçado, se constatarmos que o Falcomon e o resto dos digimons falam japonês com fluência.
Última edição por Rayana_Wolfer em Qui Set 01, 2011 11:45 am, editado 3 vez(es) (Motivo da edição : correcção na formatação)
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Re: Notas de Yamaguchi Ryota sobre Digimon Savers
OMG! Muito bom. Legal saber o que o criador tinha em mente ao fazer a série e os personagens, as idéias que tiveram e os rumos diferentes que a história poderia seguir. Gostei principalmente de saber sobre a reutilização do Agumon e sobre a personalidade do Masaru. Interessante notar que as comparações com Pokémon ainda são uma preocupação (bom, eram até Savers, não sei agora :roll: ).
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Re: Notas de Yamaguchi Ryota sobre Digimon Savers
Sempre foi, e creio que ainda seja, notada as diferenças de Pokémon e Digimon.
Só falam quem é plágio um do outro quem é idiota. Nem as próprias empresas (que elas sim deveriam prestar atenção nisso) não consideram plágio. Por isso eu nem comparo. -.-
Parece que tudo que o criador tinha em mente de certo. A temporada ficou ótima! :D
Só falam quem é plágio um do outro quem é idiota. Nem as próprias empresas (que elas sim deveriam prestar atenção nisso) não consideram plágio. Por isso eu nem comparo. -.-
Parece que tudo que o criador tinha em mente de certo. A temporada ficou ótima! :D
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Re: Notas de Yamaguchi Ryota sobre Digimon Savers
Queria saber o que o criador de 02 tinha em mente... poderia explicar muita coisa que aconteceu nessa temporada... :(
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Re: Notas de Yamaguchi Ryota sobre Digimon Savers
Peço desculpa se o texto parece um bocado confuso, mas devo dizer que a tradução inglesa não é lá grande jóia. Alguns tempos verbais estão mesmo confusos no inglês. Talvez faça depois uma revisão e coloque um texto mais fluído, embora isso tenha o risco de se afastar do original...
Quando foi o aniversário de Adventure, no Japão, lançaram boxes especiais de DVD.- Tem lá entrevistas com os actores vocais e com o realizador de Zero Two; embora não seja dita muita coisa; posso tentar traduzir. Ah, e no livro de Adventure também tem lá alguns comentários.
TakeruTK escreveu:Queria saber o que o criador de 02 tinha em mente... poderia explicar muita coisa que aconteceu nessa temporada... :(
Quando foi o aniversário de Adventure, no Japão, lançaram boxes especiais de DVD.- Tem lá entrevistas com os actores vocais e com o realizador de Zero Two; embora não seja dita muita coisa; posso tentar traduzir. Ah, e no livro de Adventure também tem lá alguns comentários.
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Re: Notas de Yamaguchi Ryota sobre Digimon Savers
É sempre bom saber como as temporadas foram produzidas, pensadas. E também é interessante termos uma ideia do que os criadores montaram o enredo e a personalidade de cada personagem. Quando vi Savers pela primeira vez pensei: "Por que diabos eles usaram um Agumon de novo?". Bem. Acho que foi explicado. E realmente de todos os protagonistas, de todas as temporadas, Masaru se destaca e realiza muito bem no seu papel.
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Re: Notas de Yamaguchi Ryota sobre Digimon Savers
Interessante.
Realmente, um material onde se encontra os motivos que deram vida a uma série é uma raridade.
Explicações são sempre bem-vindas, porém mesmo Digimon Savers tendo sido bem pensado e que tenha feito sucesso, muita coisa não me desceu, a começar pelo excesso de protagonismo da parte de Masaru.
Enfim, a ideia de repetir o Agumon estava mesmo simples que fora uma jogada de marketing, e até que foi boa, porém acho que estamos todos cansados de seguir-se um padrão com relação aos protanistas e seus parceiros digimons.
Realmente, um material onde se encontra os motivos que deram vida a uma série é uma raridade.
Explicações são sempre bem-vindas, porém mesmo Digimon Savers tendo sido bem pensado e que tenha feito sucesso, muita coisa não me desceu, a começar pelo excesso de protagonismo da parte de Masaru.
Enfim, a ideia de repetir o Agumon estava mesmo simples que fora uma jogada de marketing, e até que foi boa, porém acho que estamos todos cansados de seguir-se um padrão com relação aos protanistas e seus parceiros digimons.
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Re: Notas de Yamaguchi Ryota sobre Digimon Savers
Pessoalmente não acho que o protagonismo do Masaru seja um problema, mas compreendo as razões por afirmarem isso. Penso que o pessoal se queixa disso por estas razões:
- Por causa da falta de desenvolvimento da Yoshino e de certos outros personages, como o Gaomon (interessante saber que cortaram um episódio que seria dedicado a ele); pessoalmente acho que uma coisa não tem nada a ver com a outra e que seria possível dar algum crédito a estes personagens sem comprometer o motor da história, que é o herói.
- Porque nas temporadas anteriores havia um protagonismo mais distribuido (Tamers e Adventure principalmente, ambas são as séries melhor sucedidas em termos de satisfação do público; já Frontier tb é acusado de excesso de protagonismo, mas podemos falar disso noutro tópico) e isso acabou acostumando os fãs de digimon a um padrão que, todavia, não é normal em séries shounen. Numa série de TV é normal que tudo se foque num protagonista. Ele é o herói, e a série existe para explicar por que motivo ele é o herói.
É errado pensar que o público se projecta no herói. Bem pelo contrário, o público está sempre alerta e desconfiado. É por isso que é tão necessário estar sempre a provar que o herói merece o seu lugar de destaque, e porquê, mostrando as atitudes dele perante desafios.
O que faz as pessoas pensarem que o Masaru tem protagonismo a mais, penso eu, é também o facto de ele ter uma personalidade tão extrema e passar a imagem de poder lutar sozinho, sem ajuda do Agumon. Mas eu acho que o episódio 6 conseguiu corrigir um pouco essa imagem. =D
- Por causa da falta de desenvolvimento da Yoshino e de certos outros personages, como o Gaomon (interessante saber que cortaram um episódio que seria dedicado a ele); pessoalmente acho que uma coisa não tem nada a ver com a outra e que seria possível dar algum crédito a estes personagens sem comprometer o motor da história, que é o herói.
- Porque nas temporadas anteriores havia um protagonismo mais distribuido (Tamers e Adventure principalmente, ambas são as séries melhor sucedidas em termos de satisfação do público; já Frontier tb é acusado de excesso de protagonismo, mas podemos falar disso noutro tópico) e isso acabou acostumando os fãs de digimon a um padrão que, todavia, não é normal em séries shounen. Numa série de TV é normal que tudo se foque num protagonista. Ele é o herói, e a série existe para explicar por que motivo ele é o herói.
É errado pensar que o público se projecta no herói. Bem pelo contrário, o público está sempre alerta e desconfiado. É por isso que é tão necessário estar sempre a provar que o herói merece o seu lugar de destaque, e porquê, mostrando as atitudes dele perante desafios.
O que faz as pessoas pensarem que o Masaru tem protagonismo a mais, penso eu, é também o facto de ele ter uma personalidade tão extrema e passar a imagem de poder lutar sozinho, sem ajuda do Agumon. Mas eu acho que o episódio 6 conseguiu corrigir um pouco essa imagem. =D
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Re: Notas de Yamaguchi Ryota sobre Digimon Savers
"por favor, insira aqui um dos discursos masculinos do Masaru"
HAUAHUAHAUHAH Essa parte sempre me arranca gargalhadas xDD
Mas bem, imagino como seria a série se ela toda fosse focada em lutas de gangues, seria engraçado xD E achei muito interessante a preocupação em não parecer uma drama como em Star Wars, geralmente os produtores se espelham em star wars xD
Enfim, imagino como eram essas reuniões de planejamento pra Hunters hauahauhauha
HAUAHUAHAUHAH Essa parte sempre me arranca gargalhadas xDD
Mas bem, imagino como seria a série se ela toda fosse focada em lutas de gangues, seria engraçado xD E achei muito interessante a preocupação em não parecer uma drama como em Star Wars, geralmente os produtores se espelham em star wars xD
Enfim, imagino como eram essas reuniões de planejamento pra Hunters hauahauhauha
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Re: Notas de Yamaguchi Ryota sobre Digimon Savers
Rayana Wolfer escreveu:- Porque nas temporadas anteriores havia um protagonismo mais distribuido (Tamers e Adventure principalmente, ambas são as séries melhor sucedidas em termos de satisfação do público; já Frontier tb é acusado de excesso de protagonismo, mas podemos falar disso noutro tópico) e isso acabou acostumando os fãs de digimon a um padrão que, todavia, não é normal em séries shounen. Numa série de TV é normal que tudo se foque num protagonista. Ele é o herói, e a série existe para explicar por que motivo ele é o herói.
Sim, até entendo a importância de um protagonista para a série, já que a mesma foi feita para rodar ao redor do protagonista, e isso é fato. No entanto, eu discordo quando diz que séries shounens mantém um padrão de enfoque total no protagonista. Posso não ser lá muito conhecedor da cultura japonesa, mas sei de certo que uma boa história só vai fazer sucesso se tiver personagens que caiam no gosto do público, personagens que mesmo não representando seus espectadores, sejam até agradáveis por serem desagradáveis na história.
Existe uma importância MUITO grande quando se trata de desenvolvimento dos personagens. E a série Digimon tem o trunfo de poder representar esse desenvolvimento nos momentos de evolução mais do que em cada episódio em si. Porém, vejamos, Yoshino e alguns outros personagens ficaram apagados enquanto Masaru ganhava todo o destaque. Nem mesmo quando era a vez de Lalamon alcançar sua evolução, as parceiras podiam receber seus créditos sem que Masaru tomasse parte dele seja derrotando o inimigo por elas, seja se metendo no desenvolvimento dela de alguma forma para enfatizar exageradamente que ele é o único que importa na série, e o único que consegue fazer tudo.
Felizmente, temos Touma para mostrar que a série se chama "Digimon", e não "Masaru Daimon", entretanto devemos lembrar que fora o Touma, os outros ali estão mais fazendo papéis de figurantes do que de personagens.
Tudo bem Masaru ter sua personalidade forte, mas criar um personagem que é capaz de fazer tudo sozinho e que rouba o destaque de todos os outros faz com que os fãs não se identifiquem com Digimon tanto quanto devia ser, sem mencionar que outros pontos importantes da história mesmo (como o 1º arco da série e a importância da DATS), ficam de lado por parecerem banais assim que Masaru toma a cena.
PS: Acho que fugi um pouco do assunto do tópico. Empolguei-me, sorry.
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