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Mensagem por LANGLEY002 Sex Nov 03, 2017 3:51 pm

Ah, bem... Achei que era perfeito que Mako manifestasse o amor como sua fonte de força. Afinal, o motivo pelo qual ela sofre tanto com os problemas dos pais ou qualquer outra coisa é o fato de sentir muito esse amor.

O SlashAgumon acabou de "nascer" tecnicamente. Também é algo que parece se encaixar, a inocência dele em contraste com a agressividade de quando luta.

E Sgarfirdramon é originário da palavra "sgarfr" da língua galesa e significa cicatriz. Eu tinha muita dúvida sobre como iria nomeá-lo, mas me pareceu uma boa utilizar essa palavra.

E o tiro que Mako disse ter ouvido veio exatamente do meio da mata onde estava aquela silhueta. Ela nem se deu conta que aquilo atingiu Sgarfirdramon. Só percebeu quando, ao olhar para o lado, viu um SlashAgumon exausto. O que aconteceu foi que a evolução foi desestabilizada. Já o objeto azul, é o multifuncional da ZSC que está sempre mudando de forma, alternando entre formas geométricas espaciais. Ele não matou Birdramon, mas a transportou segundo o comando do usuário.

Sobre o ENEM, estou tentando me esquecer um pouco disso durante essa semana. A minha sorte é que é possível responder o ENEM com base em lógica. A escola em que estudo, uma ETEC, cobra muito dos alunos. Mas ao mesmo tempo que nosso tempo de estudo é tomado pelos montes de trabalhos, a qualidade de ensino não tem sido das melhores. Tenho muito a reclamar de meus atuais professores. Seja como for, não é meu objetivo entrar imediatamente na universidade, apenas não quero uma pontuação que decepcione a mim mesmo.
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Mensagem por LANGLEY002 Sáb Nov 04, 2017 7:16 pm

Capítulo 4 editado. Apenas umas duas ou três palavrinhas que levariam a um enorme furo na história.
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Mensagem por LANGLEY002 Seg Nov 06, 2017 6:35 pm

Capítulo 7: Noite de Perigosa Aventura.

Já passava das nove horas quando Daniel acordou. Ainda na mesa de Noriko. Levantou o rosto dormente e amassado. Ajeitou a jaqueta e fez menção de se levantar. O som da TV estava consideravelmente alto e as falas e sons de um jornal eram entrecortados por um chiado, como se a cada minuto o sinal recebesse uma interferência.
Dorumon ergueu as orelhas. Daniel perguntaria sobre Noriko, mas escutou logo os sons no banheiro. Frascos de plástico batendo contra o chão. Balançou a cabeça, tentou voltar ao que falavam antes de a mulher se levantar e demorar tanto para voltar que acabou pegando no sono.
“Você tem uma irmã?”
“O que?”
“Aquela foto.”
– Você recebeu umas mensagens. – Dorumon empurrou o celular através da mesa. O menino tomou o objeto para checar.
– É só a Sachi. – Colocou novamente sobre a mesa, a tela virada para baixo. Bocejou e se espreguiçou. Apalpou o bule para ver se o chá ainda estava quente e então encheu uma xícara. Bebeu um gole.
– E se for algo importante?
– Vindo da Sachi...? – Suspirou. – Não quero me aborrecer.
O Digimon esticou o pescoço, olhou o aparelho prateado de cima. Era de alguma marca chinesa e o menino o comprou pela fotografia. Fotografara por Tokyo enquanto andava com o parceiro lutando contra a ZSC. Gostava do efeito pálido que a chuva dava às fotos sem a necessidade de edição. Era melancólico, era melancólico como ele.
Onde há água, há ácido, aprendeu cedo. A acidez corrói, é assim que é. As reações são tão fortes. Se sentia como água, onde estava acontecia a corrosão. Aqueles a sua volta... Era assim que se sentia.
– Ela parece gostar muito de você.
– É por isso que... – Parou. Era estranho falar sobre isso. Não era comum ver as pessoas falando sobre isso, então falar sobre isso só poderia ser estranho. – É por isso que não entendo o que se passa na cabeça dela.
Noriko voltou. Tinha o telefone numa mão, um frasco na outra. Pousou o frasco sobre o balcão, foi até a TV. Não parava de falar, mas falava baixo, como se não quisesse que o menino soubesse do que se tratava. Quando desligou o celular e o jogou no sofá, fez sinal para que o garoto fosse até ela. Como ele não atendeu, não imediatamente, ela disse:
– Você tem que ver isso.
Andou despreocupado. Parou bem ao lado da mulher, depois, visualizou o aparelho. Os helicópteros, sob a chuva forte, mostravam um clarão avermelhado descendo do céu e atingindo um prédio. As teorias pipocavam em textos, as imagens eram substituídas por policiais tentando manter a calma e vídeos do prédio atingido.
Terrorismo foi a primeira coisa a ser colocada no topo das possibilidades. Um ataque da Coréia, disseram. Coréia? Não pensou ter escutado bem, mas então se lembrou da situação política do Norte. Seu pai falava daquilo o tempo todo.
Depois surgiram prints de páginas da internet. As redes sociais faziam muitos comentários em tempo real. Alguns vídeos feitos por cinegrafistas amadores também foram expostos. Um americano parecia discordar da teoria, gritava algo sobre extraterrestres. A adolescente japonesa também. Ela dizia ter visto um pássaro gigante pela janela.
O celular de Daniel não parava de apitar. Correu até a mesa, virou o aparelho. Sachi o enchia de mensagens. Infinitas mensagens. Ela sabia. Eles estavam em toda a parte. Queria que Daniel contasse o que estava acontecendo. Tinha certeza de que o menino sabia. Queria fazer parte da gangue também.
Se encheu dela. Não queria mais ver aquelas mensagens, nem escutar o som repetitivo do celular. Queria sair pelas ruas com Dorumon e perseguir o pássaro. Acabar com a ZSC que perturbava tanto o Dorumon. Começou a apertar um dos botões, estava prestes a desligar quando recebeu uma ligação. Uma foto de Daiki tomou a tela.
Atendeu rápido. O menino estava ofegante. Havia um ruído forte e o moreno deduziu que fosse pela chuva. Um chiado da TV. Uma ventania muito forte. Viu o brilho vermelho através da porta de vidro da varanda.
“Lazulitemon em perigo. Digimon na TV. Daniel, tá me escutando? Precisamos segui-lo. A Mako... A Mako está indo pra lá.”
Balbuciou uma afirmação. Desligou.
– Dorumon, se esconde. – Noriko abria a porta da varanda. – Rápido!
O dragão cruzou a sala sem entender, se ocultou na varanda. Alguém bateu na porta. Os olhos castanhos do garoto seguiram os pés descalços de Noriko. A porta se abriu. Um homem muito alto e forte entrou. A figura deu uma sensação estranha nele. Os pensamentos desorganizados e rápidos, o rosto angular do homem de terno, os incidentes que os repórteres narravam, os conhecimentos de Noriko sobre os Digimon.
Um calafrio.
– Esse é o garoto? Não é? É ele. Onde está o monstro;
– Deixe-o em paz, Liam. Isso...
Não via mais nada. Gritou por Dorumon. Um vulto roxo saltou pelo sofá. O homem sacou uma pistola, disparou. O tiro ricocheteou no teto e caiu brilhante sobre o tapete. A cauda peluda roçou o rosto do homem que espirrou, os pés de Dorumon bateram contra as costas dele e ele caiu. Correram os dois para fora do apartamento.
Daniel sentiu a mão de Noriko. Ela se fechou em seu pulso. Segurou firme.
– Lute como um homem.
Soltou. Os dois desceram acelerados pela escada. Daniel pegou o celular e ligou para Daiki. Perguntou onde o menino estava, seguiria para lá. O encontraria. Desde aquela tarde, quando confrontaram Lazulitemon, tinha medo do quanto alguns Digimon podiam ser fortes. Se aquele pássaro era motivo para a bruxa da água estar em apuros, ele não poderia vencer sozinho.
Se esquivara das grandes aglomerações. Ao encontrar Daiki, estava sem fôlego e a chuva o encharcara. Dorumon rosnou. Sentia o cheiro a quilômetros de distância. Suas narinas arredondadas contraíam e se expandiam, sua pupila mudava. O corpo ficou tenso.
– Lazulitemon. Sinto o seu cheiro. – Olhou para cima. – Tem algo mais. Aruraumon e Yasyamon estão por perto.
– Em que direção a Lazulitemon foi?
– Naquela? – Olhou para o beco. – Não. Naquela. – Apontou para a rua. Sabiam que aquilo ia em direção ao templo em que Terriermon se abrigava. – Ela conhece Terriermon?
– Talvez. Não são os dois ex membros da ZSC?
– O que? – Daiki os interrompeu. – Terriermon também?
– Sim. – A princesa se colocou no meio dos três. – Mas foi ele quem me ajudou a entrar no mundo de vocês.
– Daiki, você deve ir. – Daniel puxou o Digivice do bolso, o aparelho era branco, mas, ao refletir a luz dos postes, se dourava. O contorno azul meia-noite chamou a atenção de Daiki. O dele, pensou, era prateado. – Agora. – Apertou o aparelho. O visor se acendeu e o holograma de um círculo purpura surgiu, como um neon. Era possível ver pelas quatro linhas que ele estava girando. Dentro do círculo apareciam as ruas escuras, as casas, a chuva, as sombras que saltavam de um lado para o outro.
– Mas... – O japonês ainda não dera um passo. – Você disse... Aruraumon e Yasyamon. São dois. Não posso...
– Você não pode enfrentar alguém como Yasyamon se não puder evoluir. Vá.
O menino atendeu ao pedido. Correu na direção que fora apontada por Dorumon. Lunamon o seguiu, mas ele parou de repente e ela demorou a perceber, se virou assustada. Ele, Daiki, também apertava o Digivice entre os dedos. Olhava para o chão, para o seu reflexo distorcido pelas gotas que caíam na poça.
Talvez quisesse dizer algo, mas mudou de ideia. Correu. Os pés batendo com força sobre as poças, a água se espirrando, novas gotas, mais gotas. Agarrou Lunamon pelo meio do corpo. Sabia que seria mais rápido para chegar com as suas pernas compridas.
Daniel o esperou sair. A casca trincou e caiu. O seu medo foi exposto. Conhecia Yasyamon, vencera Yasyamon antes. Fora uma batalha difícil, mas venceram. Agora eram muito mais fortes. Lutaram tantas vezes. O que temia de verdade era Aruraumon. Dorumon lhe disse sobre a famosa Aruraumon, uma guerreira sem igual que estava subindo muito rápido dentro do exército da Ellada. Decidiram coloca-la então em sua força secreta, a ZSC. Agora, não via como uma daquelas sombras poderia ser uma Aruraumon. Ela evoluíra. Estava pronta para derrota-lo junto de Yasyamon e depois ir atrás de Mako e Slashagumon.
Não poderia deixar que aquele monstro fosse até Mako. Não queria ver Mako se ferir. A garota tinha coragem, era certo, mas isso não significa necessariamente força. Também não queria ver Daiki se machucar, mesmo que ainda guardasse ódio pelo garoto, um ódio vindo do sentimento de abandono e traição. Mandou Daiki para longe, temia a força dessa nova Aruraumon.
Um barulho chamou atenção de Dorumon. Suas orelhas quase se projetaram para frente, a cabeça girou instantaneamente para seguir o som. Daniel cerrou os dentes, os dedos tão fortes no Digivice, o outro punho tão apertado que os nós das mãos se tornavam brancos. Mais um barulho. O som de pés em água os circulava.
– Yasyamon. – Dorumon rosnou tentando rastrear o oponente pelo cheiro.
Algo pousou entre os dois. Deram um salto para se afastar. Observaram um homem forte, esguio e muito alto, mais de dois metros de altura. As calças cinza estavam danificadas e se apertavam numa cintura muito magra por meio de cinturões de couro pretos. Vinhas muito verdes cruzavam o seu tronco branco em X. Os protetores de madeira ocultando as mãos grandes e cheias de calos, o sinal da mordida de Dorumon ainda presente em um deles. As espadas balançaram e ele, antes ereto, esticava as pernas, seu corpo se abaixava.
Girou. Quase atingiu Daniel. Já o Dragão, esquivara-se de uma das espadas e já se jogara contra o corpo de Yasyamon para impedir que ele continuasse na direção do parceiro humano. Foi surpreendido pela velocidade com a qual as espadas dançaram no ar formando um bloqueio. As lâminas de madeira então balançavam mais uma vez, atingiam as pernas de Dorumon. Ele caía de queixo.
As pernas compridas lhe davam impulso para levantar. Correu em torno do Digimon, olhou para a o rosto estranho e triangular dele, branco, os olhos vermelhos e brilhantes, a cabeleira ruiva e espetada os chifres projetados para cima que brotavam da testa lisa. Não conseguia encontrar brecha. Para a direção que corria, o outro acompanhava fazendo as espadas de madeira bailarem.
– Evolua. Agora. – Levantou o Digivice. Dorumon brilhou.
“Dorumon digivolve para...”
Quando tomou uma nova forma, avançou de asas abertas na direção de Yasyamon.
“Dorugrowlmon.”
O seu novo corpo, azul meia-noite, se chocou com as espadas. Tocou os pés brancos no chão, um ruído veio de dentro do assustador capacete de metal que cobria sua cabeça. Uma cabeleira preta esvoaçava e suas pontas pareciam se desmanchar em formas geométricas que brilhavam em tons de roxo. Os músculos das coxas se contraíram. Continuou empurrando as espadas.
Yasyamon se atrapalhou. As espadas em X na frente do corpo escaparam para trás. Seus braços se abriram e os ombros estralaram. Dorugrowlmon entrou na direção do tronco. As garras vermelhas desceram contra o Digimon que pendia para trás, uma lâmina retrátil se erguia das manoplas de metal que envolviam as mãos e antebraço do Dragão. Faíscas de eletricidade eram visíveis.
Yasyamon sentia o calor daquele golpe antes que qualquer uma das lâminas o acertasse. Se estabilizou, ergueu uma perna e tentou dar um chute frontal contra o parceiro de Daniel. Não esperava, contudo, que uma das lâminas entrasse em sua perna. Gritou de dor quando Dorugrowlmon subiu a lâmina, a torceu dentro de sua carne e o puxou. As lâminas se retraíram no momento que a boca metálica e laminosa da máscara se abriu, os dentes prontos para abocanhar qualquer investida, a garganta brilhando para um disparo.
As espadas o acertaram na face. Yasyamon sentiu a tenção na madeira ao jogar o oponente ao chão. Se continuasse a golpeá-lo onde houvesse metal, as espadas se quebrariam. Nunca vira nada igual àquele inimigo, tinha de admitir. Por isso não deixara que Aruraumon viesse junto dele. Queria vencer sozinho. Meteu o pé no tronco do Dragão e ele foi se arrastando pelo chão.
Aquele símbolo na máscara metálica. O a pedra triangular vermelha era contornada pelo desenho de um círculo. Outros três triângulos se juntavam a ele. O Digital Hazard. Os dados que Dorumon herdou de outro Digimon, ouvira dizer, se manifestariam um dia. E ali estava a sua manifestação. O corpo do guerreiro ferveu.
– Mesmo evoluindo, não podem me vencer. – Estendeu as espadas. Saltou. Seus movimentos aparentavam ser tão precisos. – Eu sou Yasyamon o tempo todo e há muito tempo. Você por vezes é Dorugrowlmon, mas há tão pouco tempo.
– E mesmo assim já lhe vencemos antes. – A vós distorcida vinha do interior da máscara.
– Admito ter sido surpreendido por aquela evolução repentina.
– E vai se surpreender ainda mais com o quanto ficamos mais fortes. – O moreno, apesar do medo, permanecia firme ali. A expressão impassível. – Depois de você, derrotamos muitos outros.
– Também admito que tenham se fortificado ao lutar tantas vezes com meus parceiros mais fracos. – Um riso surgiu. Assim como a voz, era um mistério, não havia boca. Por mais que procurassem, não havia boca. – Mas eu, ao contrário deles, sou especialista em combate e sei de todos os vícios de seu “amigo”. Sei toda a estratégia de vocês.
– Talvez devesse ter passado pela sua cabeça... – Um riso de lado surgiu no rosto de Daniel.
– O que?
Os pés de Yasyamon pousaram sobre o solo. Demorou a ver a ponta da cauda de Dorugrowlmon se abrir em enormes fios desencapados. Linhas roxas, brilhantes como neon, partiram na direção de Yasyamon se manifestando em padrões retos. A água acelerou a transmissão daquela energia. Ouviu-se um estralo. Faíscas cobriram o guerreiro numa explosão de luz, calor e fumaça.
Por um momento aquela rua se iluminou.
– Que tínhamos muito mais estratégias. – Disse Dorugrowlmon com sua voz artificial.
Yasyamon caiu imóvel. O aparelho azul de transporte da ZSC saiu de suas costas, mesmo lugar onde um ursinho azul estava dependurado. Flutuou em torno dele em meio a gemidos de dor. Uma das mãos dele se abriu, os dedos a ergueram como se tentasse apanhar o próprio chão com toda a força que lhe sobrara.
– Os Digimon da Ellada repudiam humanos. – A mão então foi erguida. Agarrou o aparelho oscilante, apertou. Os cacos caíram ao chão. – Mas eu lhe respeito, Daniel da Terra. E lhe respeito, Dorumon ou Dorugrowlmon o Libertador. Minha vida é de vocês e suplico que a tire.
– Não tiramos vidas. – Daniel andou lentamente até Yasyamon. Se agachou, bateu a palma devagar no ombro dolorido dele. – Você vive. Volta para o seu lugar... Quando puder.
Ainda faltava vencer a nova forma de Aruraumon.
– Aruraumon deixou de existir. – Yasyamon levantou a voz. – Quem procuram é Ignifatumon. Ele localizou a feiticeira da água.
O menino balançou a cabeça. Soprou um ruído que significava o entendimento. Correu até Dorugrowlmon, que era muito maior que o Dorumon com quem se acostumara a andar. Subiu nas costas macias do Digimon. Levantaram voo. A chuva ainda aumentando. No alto eles sentiam isso com mais intensidade. E Daniel sentia frio. Se perguntou se os outros também sentiam frio.
Como se o Digimon entendesse a preocupação do garoto, começou a bater as asas com mais força. Mergulhou rápido em direção ao templo. Terriermon vinha em sua direção batendo as enormes orelhas, se agarrou ao seu pescoço, o pediu para saltar de Dorugrowlmon, o que fez. As orelhas do pequeno se abriram como paraquedas enquanto o Dragão avistava um corpo muito musculoso, mas feminino. Uma mulher planta de corpo avermelhado e cabelos prateados.
Tocou as patas no asfalto. As árvores se balançaram com a ventania que vinha junto de suas asas. Derrapou por causa da água, as unhas vermelhas deixaram marcas profundas na pedra. Abriu a boca metálica. Iria atirar quando as mãos grandes apertaram seu pescoço. Ficou confuso sobre o que fazer. Suas pernas patinavam ao tentar empurrar Ignisfatumon. A força bruta do outro era muito maior.
As lâminas de seu braço se abriram. As passou nos braços do oponente que foi obrigado a soltá-lo. Começou a andar em torno da mulher, os braços muito grossos, um tronco enorme e muito definido sob uma roupa colante e futurista, as pernas fortes, as pétalas que se projetavam para trás junto dos cabelos arrepiados e brancos. Um rosto que parecia humano, mas num tom amarelado de âmbar.
Abriu a boca mais uma vez. Do meio dos dentes saíram incontáveis bolas de metal quebradas, delas saíam aquele mesmo brilho, aquelas mesmas partículas que emanavam de seu cabelo. Explodiram contra o corpo musculoso do oponente. Uma onda de calor fez os galhos se balançarem de novo e afetou a própria chuva. As orelhas de Terriermon protegeram o rosto de Daniel dos pedaços de galho e pedra e do calor.
Uma nuvem de poeira e fumaça ocultou o outro. De repente estava saltando por cima, os punhos grandes mergulhando num forte soco contra o capacete de metal. Aquilo não parecia ser suficiente para parar as suas mãos. O estralo poderia ser ouvido a metros e Daniel teve certeza de ter escutado o estralo.
Daniel apertou o aparelho. Seu medo estava prestes a dominá-lo.
Dorugrowlmon caiu num baque surdo.
Apenas a chuva arriscava falar.
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Digimon Synthesis - Página 6 Empty Re: Digimon Synthesis

Mensagem por LANGLEY002 Seg Nov 06, 2017 9:21 pm

Capítulo 8: Noite de Esperança.

Birdramon deitava-se ali. Não havia outro espaço em que poderia ficar por conta das proporções de seu corpo. Próximo dela se sentava Yasyamon e ao lado dele estava Flarerizamon ardendo em chamas. O calor deixava o guerreiro bastante irritado.
Um homem macaco se pendurava nas estruturas do teto. Dois robôs enferrujados digitavam coisas nos painéis ali do centro. Um mapa holográfico mostrava que estavam acima do Oceano Pacífico, muito próximos da região costeira de Kanto, no Japão.
Aruraumon vestia um capacete metálico. Os braços, que demoravam a se recuperar, foram reforçados por próteses mecânicas que, assim como o capacete, brilhavam em dourado e âmbar. Um holograma maior se abriu defronte a eles e aos robôs que digitavam nos painéis. Repentinamente todos voltaram a atenção para a figura que fez aparição.
O capacete prateado, os olhos verdes, a cabeleira ruiva. Wargreymon, um dos protetores das fortificações da Ellada. Era gigante, e só a sua cabeça, pescoço, ombros e uma pequena parte do peito apareciam. Parecia se apoiar num plano mais baixo. Um Digimon menor, vestido num jaleco, óculos escondendo o rosto, tomou a dianteira.
– Senhor. – Disse Aruraumon.
– Quem disse que ela é quem fala com o chefe? – A voz veio de Flamerizamon.
– Vocês tiveram tempo suficiente para enviar suas reclamações. – Um riso insano se seguiu.
– Sim. Tiveram tempo. – Aruraumon se virou para os outros. – Acontece que, aparentemente, suas explicações sobre a forma como foram derrotados não foram recebidas muito bem, o que impediu que suas reclamações fossem atendidas pelos comandantes da equipe.
– É claro que há exceções. – O Digimon de óculos se inclinou. Parecia que ia saltar do ecrã. – Yasyamon não teve reclamações.
O guerreiro permaneceu em silêncio. Apenas acenou com a cabeça em sinal de respeito para com o superior.
– Com base nos últimos acontecimentos, os confrontos com os humanos em autoridades locais, peço reforço. – Disse Aruraumon.
– Isso será um problema. O rei diz que estamos perdendo tempo com essa operação. Quantos já não foram enviados?
– O reforço que peço, senhor, não é o envio de novas unidades. – Um sorriso se abriu. A planta tinha pouquíssimos dentes em sua longa boca. – Peço apenas o direito de evoluir.
O Digimon do outro lado da tela balbuciou. Pegou um tipo de tablete transparente e passou os dedos por ele. Era possível ver as letras e os gráficos embora com dificuldade. A criança flor continuou encarando com aquele olhar confiante.
– Nos tem servido bem, Aruraumon. – A voz veio de Wargreymon. – Tem representado os interesses da Ellada, da ZSC e do laboratório.
– Também não encontro objeções. – Riu mais uma vez. Apesar da obrigação de respeitá-lo, Yasyamon sentia aquela voz e aquele riso nos nervos, um misto de pavor e nojo. – Só será necessário que compareça a um dos terminais do cruzador. Todos os limitadores serão retirados e poderá evoluir. É uma forma linda que criei para você.
– Há mais uma coisa.
–  Estou ouvindo.
–  Encontramos uma Lazulitemon por aqui.
 
 
Daiki não entendeu o motivo de ter saído de casa naquela chuva. Só pensava nas implicações de seus atos. Tudo que o acalmou foi o fato de já terem jantado em família. Disse que dormiria mais cedo por conta de uma prova. Há quanto tempo não mentia? A mãe era bastante respeitosa quanto ao sono. Sabia que ela jamais entraria em seu quarto durante a noite.
Agora se separou de Daniel. Conseguia ver a silhueta do outro, cada vez menos nítida, sempre perdendo cor e forma, sendo coberta pelo esbranquiçado da chuva, o azul escuro e o negro da noite. Lunamon pesava em seus braços, mas pesava muito pouco. Demoraria muito tempo para chegar até o templo. Torcia para que Mako estivesse bem e pudesse ir também na direção de Lazulitemon.
Queria poder voar. Voar como Lazulitemon fizera. Chegaria rapidamente e poderia impedir que qualquer coisa ruim acontecesse. Aquele Digimon era importante para Natsui como Lunamon era importante para ele. Não queria mais o choro da criança.
Depois de metros e metros, parou ofegante. Havia uma máquina escondida sob a varanda de um pequeno prédio. A loja estava fechada, mas poderia adquirir qualquer um dos produtos da máquina a hora que quisesse. Deixou Lunamon num banco e tirou dois refrigerantes, entregou um deles para a princesa. Ela não sabia bem o que fazer, mas ficou observando quando o menino abriu a lata e levou à boca.
Ela também abriu, virou o cilindro de metal na boca. Assustou-se quando o líquido gelado se espalhou pela língua e desceu pela garganta. As bolhas faziam a sua boca arder. Ardia de um jeito muito gostoso, mas mesmo assim afastou o objeto, os olhos fecharam na mesma expressão de quem chupou um limão.
– O que é isso, Daiki?
– Refrigerante.
Lunamon olhou apreensiva para a lata. Girou-a nas mãos. Analisou os amassados, as cores, os desenhos e as letras. Aprendera a ler aquilo pesquisando sobre a escrita japonesa na internet e com ajuda dos cadernos de Daiki. Bebida gaseificada, era o que dizia. Se lembrou da água com gás que era servida no palácio. A sensação de amargor na boca, algo de que nunca gostara muito. Aquela bebida tinha algo daquilo, mas ao mesmo tempo, era totalmente diferente.
Bebeu de novo. Percebeu que era doce e então não queria mais parar. Bebeu até que se acabasse. Daiki já colocava a lata dele numa lixeira. Estendeu a mão para pegar a outra que estava com Lunamon.
– Precisamos ir. – Os calafrios fizeram com que as palavras saíssem aos saltos.
– Daiki, você está todo molhado. – Tocou na perna do garoto.
– Não... não tem problema. – Se inclinou, abriu os braços para Lunamon subir. – Temos que ajudar a Lazulitemon e a Mako.
– A Mako está bem. – Não disse para confortá-lo, apenas acreditava nisso. Acreditou que seria impossível ferir a garota desde que vira SlashAgumon agindo. Nunca vira um Digimon criança ter tanta força bruta e ainda uma agilidade que se equiparava a de Dorumon.
Lunamon subiu. O menino olhou para o céu, tentou encontrar algo, mas só havia chuva e mais chuva. As nuvens tapavam qualquer estrela e impediam de enxergar a lua. As luzes dos postes, dos prédios e dos helicópteros que buscavam por Birdramon eram tudo o que havia além da chuva. Suspirou.
– Será mesmo?
– É claro que sim. SlashAgumon é muito forte. – Fitou o rosto do menino, empalidecido pelo frio que sentia nas roupas molhadas. – Por que se preocupa tanto com ela?
– É que... – Tentou encarar a parceira. Os olhos dela, mesmo que cheios de ternura, lhe deixaram encabulado. A vergonha o fez olhar para o chão para a água que pingava, que se juntava em poças, que distorcia os reflexos. – É como se nunca tivesse conhecido uma menina como ela.
A princesa franziu a testa.
– Uma menina humana... como ela... – Viu a expressão da outra. – Mas ela e você são diferentes. O que quero dizer é que...
– Daiki, eu também me apaixonei uma vez.
Os olhos do menino se arregalaram. Por pouco não deixou que Lunamon caísse de seus braços, tamanho o choque que aquele comentário lhe deu.
– Eu não... eu não estou...
– Daiki, quando a chuva de hoje passar, é melhor que diga o que sente.
Sabia que a chuva de que ela falava não era literalmente a chuva. Era uma metáfora para o que estavam enfrentando naquela noite. Não conseguiu responder, Lunamon estava provavelmente certa e ele deveria falar com Mako sobre o que sentia. Sobre como o rosto arredondado da menina era bonito, sobre como gostava daquele sotaque que ganhara na América, dos perfumes ocidentais que sentia ao se achegar, daqueles cabelos castanhos e ondulados que tocavam levemente os ombros, as franjas a cobrir as sobrancelhas e os olhos grandes.
Apertou Lunamon. A princesa o apertou como pôde, os braços eram pequenos demais para envolve-lo por inteiro. Se lembrou da vez em que se apaixonara. Se lembrou do modo como conheceu o seu amor. Uma revolta que estourara contra a Ellada. Seu coração se agitou apenas para fazer com que uma dor a invadisse. Mas o amor de Daiki por Mako a alegrava e dava esperança.
Lutaria com todas as forças naquela noite para que a ZSC fosse embora e Daiki pudesse ser um menino apaixonado que só precisa se preocupar com a escola.
Continuaram o caminho até os templos. Daiki se perguntava se Daniel ainda estava lá atrás, se ele realmente enfrentava dois Digimon.
 
 
Dorugrowlmon se ergueu novamente. Era fato que se sentia cansado como nunca e o corpo todo doía, mas manteve em mente que poderia vencer. Assim, com essa determinação, podia contrair os músculos além do limite, acima daquilo que os fazia queimar, arder.
Daniel corria acompanhando a batalha entre o parceiro e Ignifatumon. Terriermon voava ao redor. De sua boca atirava aqueles projéteis verdes e luminosos que irritavam a mulher planta e a distraíam para um novo ataque do dragão.
Lazulitemon, que surgira pouco antes jogando os disfarces para o chão, tentava ajudar no combate, mesmo que com todo o corpo debilitado. Sempre que corria, os puxões e pontadas a de sua carne e músculos a lembravam do quanto o grupo de Digimon da ZSC a tinham ferido.
Uma sombra surge no estremo da rua. Uma menina vem cansada, ela tosse. É Mako. SlashAgumon vem junto dela, ainda mais abatido. Daniel começa a imaginar o que pode ter ocorrido. Ela encontrou Birdramon, deduz. O pássaro parecia extremamente forte e a única forma de tê-lo vencido é a evolução. Mas mesmo com a evolução, ele estava tão cansado.
Dorugrowlmon, vendo a situação dos dois, decidiu que deveria segurar a batalha um pouco mais. Se surpreendeu quando SlashAgumon avançou contra Ignifatumon, retornando logo ao chão com as sequências de socos do oponente. Mako gritou, correu até ele e se debruçou ali. A guerreira da ZSC saltou para pegá-la, mas o dragão azul meia noite abriu asas e se atirou contra ela. A desviou no ar. Caíram os dois juntos.
Conseguiu lhe dar um choque com a ponta da cauda antes de ser atirado por um chute duplo. Agora não conseguia se levantar. Sentia a água fria e a aspereza do asfalto. Escutava com perfeição as vibrações do solo agora que suas orelhas se colavam a ele. Viu as pernas grossas se movendo em sua direção. Punhos se fechando em torno de seu capacete e o erguendo, os gritos abafados do desespero de Daniel e Mako.
Nesse momento, Terriermon irrompeu. Brilhou. Ganhara um corpo magro e comprido. Não havia Digivice. Haviam enormes armas no lugar de suas mãos. Mas não havia nenhum humano portando um Digivice. Deu uma joelhada contra o rosto de Ignifatumon, ela decolou. Mas não havia como explicar a evolução de Terriermon. Podia ele evoluir quando bem quisesse.
As armas se levantaram. Os disparos eram tão rápidos que só era possível ver as faíscas da saída das balas. A evolução de Aruraumon se defendia ponto os antebraços na frente do corpo. Andava lentamente contra a força exercida pelos projéteis.
Estava tão perto de acertar aquilo que Terriermon havia se tornado, mas Lazulitemon saltou. Era como uma bailarina. Dançava apenas com os pés e a água o seguia como um acompanhante. Um enorme pé feito de água chutou Ignifatumon. Resistente como era, caiu de joelhos sendo arrastada até as árvores.
A bruxa da água continuou avançando. A cada passo ou salto, um espasmo de dor. Ela resistia soltando o ar de seus pulmões a cada vez que surgiam. A outra, vendo aquilo como um desafio, correm em sua direção. Se desviou por pouco pela lateral. Um chicote de água desceu cortando as costas rígidas.
Os tiros então recomeçavam e Ignifatumon se via pela primeira vez encurralada. Ela então urrou, todo o seu ódio se transmitiu por aquela voz grave. Bateu os punhos e o impacto deles fez com que Lazulitemon e a nova forma de Terriermon se desequilibrassem. Foi então que vinhas grossas começaram a se espalhar pelo chão a partir de seus pés. Envolveram as armas de um, as pernas finas e brancas da outra.
Terriermon atirou, conseguiu destruir alguns dos cipós, mas logo outros surgiam para imobilizá-lo. A feiticeira, na mesma luta, cortava as vinhas com golpes rápidos de água, até se ver completamente tomada por eles. Queria gritar com todas as suas forças e do seu grito surgiu uma onda, quando a onda passou, a mulher planta continuava em pé. Estava com as costas curvadas, os cabelos, agora molhados, caíam sobre o rosto raivoso. Os olhos amarelos cruzaram com os azuis de Lazulitemon.
– Você. – Apontou. – Vocês traidores da Ellada. Desertores malditos, serão punidos pelas nossas leis. Serão massacrados pelos meus punhos.
Lazulitemon engoliu em seco. O chão se rachou sob os pés de Ignifatumon que pulou. Mergulhou contra a bruxa que não teve tempo para se defender. Estava indefesa sob o corpo pesado da outra.
– Daiki! – É a voz de Mako. A menina se levanta com dificuldade. Começa a tossir. Perde todo o fôlego tossindo.
Daiki não consegue entender. Todos aqueles caídos pela ação de um só Digimon. Lunamon avança até Mako, depois olha para trás, seus olhos encontram os do menino.
– Ora se não é a nossa princesa. – Um sorriso se abre sob os cabelos prateados e molhados de Ignifatumon. – Pois virá também.
– Sim. Isso acaba aqui.
Daiki aperta o Digivice. Lunamon se ilumina.
“Lunamon evolui para...”
– Pois saiba que terá o mesmo destino daquele maldito Coronamon! – Se levanta jogando Lazulitemon para o lado. – Aquele com que fez uma união indecente.
Ainda mudando, Lunamon sentiu aquelas palavras. Seus dentes se apertavam com força, os punhos crescentes tremiam. Quando parou de brilhar, avançou com uma velocidade incomparável. Tinha coxas muito grossas e pernas altas ligadas a um tronco fino, assim como os braços que acabavam em manoplas desproporcionalmente grandes. Uma viseira caía sobre os olhos e atrás do capacete azul saíam as suas orelhas rosadas e longas de coelho.
“Dynalepmon.”
As manoplas azul-prateadas se expandem antes que a guerreira coelho atinja Ignifatumon com uma sequência muito rápida de socos. Os olhos dos presentes não conseguem acompanhar a movimentação dela, mas os estalos ecoam por quilômetros e as ondas de impacto fazem com que todos e tudo estremeça.
– É como quando eu e Coronamon.
Ela sente o corpo quente do amado como se esse se contrapusesse ao dela e aos poucos se unisse ao dela. Então a mente de um era a mente do outro, as moléculas de um eram as moléculas do outro, a vontade de um era a do outro.
Estourou num gancho que atirou Ignifatumon para cima. Então se atirou envolta em luz, como um cometa. Atingiu a oponente no abdômen e o capacete dela se quebrou. A boca e olhos se abriam, a saliva voava, barriga e costas se distorcendo sob pressão dos punhos de Dynalepmon.
A princesa junta as duas mãos e as manoplas se transformam num martelo. Atinge as costas da mulher planta e ela retorna ao chão abrindo uma cratera no asfalto.
– Se pensa que... – Se esforça para reerguer o corpo pesado após aquela sequência de golpes. – ...vou deixar que uma criminosa como você vença e se salve... – Tosse. – Está muito enganada. Você não tem a moral para nos vencer.
– A moral? – Os pés dela tocam o chão. Sua voz de mulher forte reconforta todos os que se feriram naquela noite. – Isso não me importa. O que me importa está ao meu lado. O que me importa são meus amigos e o amor que eles têm por mim. É por isso que eu sou... – Se adianta, as manoplas novamente se tornam um martelo, mas agora se separam de suas mãos por um longo cabo. Ela gira a arma e atinge Ignigatumon concentrando todas as energias de seu corpo. Seu corpo, como um projétil, derruba as árvores em seu caminho. – que sou mais forte que você!
O corpo sinuoso de Dynalepmon se desmancha em cubos transparentes e luminosos. Lunamon caí exausta. Daiki corre para acolhe-la. Mako, SlashAgumon, Daniel e Dorumon (que há pouco havia regredido) se juntam aos dois no meio da rua. Terriermon também volta ao normal e, batendo suas orelhas, vai até eles. Lazulitemon se coloca de pé com a força dos pés. Todos ficam entre a admiração pela linda evolução da princesa (Dorumon admitindo finalmente o poder da mesma) e a forma como, mesmo debilitada, a feiticeira da água resistia.
– Isso... é um absurdo! – A silhueta da mulher ressurgia. Lentamente vai crescendo, conforme se aproxima. É finalmente iluminada de novo. O capacete foi perdido e as rachaduras se espalham por todo o corpo, como se todo ele fosse como uma espessa casca de árvore. – Isso... não... acaba... assim!
A Digimon fecha o punho num dos braços de Lazulitemon.
– Solte... ela! – Lunamon toma a dianteira.
– Deixe-a em paz! – Daniel também avança, aperta muito as mãos fechadas.
Lazulitemon estremece ao som do riso de Ignifatumon.
– Você diz que... diz que Coronamon lhe deu poder? – Continua rindo. Sua voz dá calafrios em todos. – Que isso a torna forte? – A boca se arreganha num riso histérico. Lazulitemon não consegue se soltar por mais que se esforce. – Pois bem... Usarei desse... desse poder! Usarei dele para defender o nosso mundo de traidores como vocês!
Ninguém consegue acreditar no que vê. O corpo de Lazulitemon começa a ser consumido pelo de Ignifatumon. As duas se iluminam como ocorre durante a evolução de um Digimon. Várias vinhas começam a brotar de um corpo disforme que mistura o verde, o âmbar e o azul. Como se ainda lutasse, um rosto, como o de Lazulitemon, porém distorcido, surge em um dos lados da criatura e grita.
Lunamon é tomada por ódio e desespero. As lágrimas rolam e ela se joga na direção daquela coisa, mas, antes que consiga fazer qualquer coisa, o aparelho responsável pelo transporte da ZSC envolve a criatura numa esfera azul. Elas se encolhem até desaparecer.
– Não. – Lunamon caí. Ela bate no chão. – Não. – Todos se juntam em torno dela, Daiki a tenta confortar, mas a princesa não para de se debater. – Isso está errado! Errado!
Mako tem um espasmo. É como se toda a dor de Lunamon viesse também para si. Ela sentia o amor de Lunamon por alguém e o quanto aquilo que viram era uma afronta a esse amor. Sentiu algo vindo de Daiki também. Não sabia o que fazer quanto a confusão de sentimentos que a atingiam. SlashAgumon se encostou nas costas dela e a abraçou, como se soubesse exatamente o que se passava. Ela relaxou.
– Nós vamos resolver isso. – Disse Daniel. – Mas...
Olhou para todos. Todos encharcados pela chuva. Manteve o olhar por mais tempo em Mako. Ela parecia ferida de alguma forma.
– Mas a gente tem que ir, não é? – Daiki se levantou com Lunamon nos braços.
– Sim. – Continuava a olhar para a expressão perdida de Mako.
 
 

Continua em “Chamando Todas as Unidades”.
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Mensagem por LANGLEY002 Ter Nov 07, 2017 12:30 pm

O Wargreymon não é necessariamente mal. Na verdade o ponto é que os guerreiros da Ellada, o que inclui a ZSC, lutam pelos seus líderes e acreditam na Ellada como muitas pessoas acreditam em sua nações. Dentro de seu contexto, posso dizer que Wargreymon é justo, mesmo que compartilhe alguns dos problemas dos Digimon da Ellada, como o repúdio aos humanos. 
A voz era do Digimon cientista, mas darei uma descrição mais específica dele mais tarde... Digo, num arco que se aproxima.

Existem muitos outros Flarerizamon no Digital World, mas não irei acompanhar nenhum deles como um personagem fixo. Por outro lado, Dorbickmon já era de meu interesse. Demorará a fazer uma aparição, mas é algo praticamente confirmado.

O que parou Liam não foi Noriko, mas o golpe de Dorumon. Algo sobre o Dorumon dessa fanfic é a sua agilidade. Noriko o pediu para se esconder, mas foi Daniel que temeu a presença de Liam e pediu para que o parceiro retornasse. O disparo de Liam se seguiu e Dorumon conseguiu desviar com alguma facilidade, acertou o homem nas costas e ele caiu. Quem Noriko realmente segura é Daniel, ela pega em seu pulso e o encoraja para a luta.

O Liam é mesmo um tipo de Frank Castle. Sua perseguição é especificamente com os Digimon. Os tamers para ele são vítimas disso tudo, geralmente jovens e inocentes demais para entenderem com o que exatamente estão lidando. Ele não faria nada com Daniel, faria apenas com Dorumon. Já os armamentos dele eu imagino que são como os do Soldier 76 de Overwatch.

A evolução de Dorumon é como uma mistura entre Dorugreymon, a versão Death-X e alguns pontos do Growlmon. Os detalhes dele que fazem alusão ao Death-X estão ali justamente por ele ser uma evolução de atributo vírus para o Digimon. Yasyamon eu enxerguei como o menos idealistas dos Digimon da Ellada até o momento. Ele se preocupa mais com a própria visão de honra do que com defender o império a qualquer custo. Talvez por isso tenha respeitado Daniel e Dorumon como guerreiros.

E Aruraumon é certamente a maior representação do desejo de proteger a Ellada. Toda a sua busca por poder esta pautada em se tornar forte o suficiente para impedir que qualquer um possa destruir aquilo que ela tem como nação. Mesmo que a fusão de Digimon (eu explico melhor depois) seja algo malvisto dentro da Ellada, ela faz o uso do "mal necessário" ao forçar que Lazulitemon se funda a ela.

O resultado foi mesmo grotesco. Isso acontece pela falta de sincronia entre as duas. Tudo o que as mantem juntas naquele corpo é a força de Ignifatumon. Se Ignifatumon se deixar levar por um momento, Lazulitemon pode escapar.

Agora, muita coisa para o próximo capítulo. "Chamando Todas as Unidades" é o início de nosso terceiro arco. O fim da noite em que lutaram para salvar Lazulitemon terá grandes repercussões.
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Mensagem por LANGLEY002 Qua Nov 08, 2017 2:50 pm

Capítulo 9: Chamando Todas as Unidades.

Uma menina descia na estação de Shinjuku. As roupas certamente não estavam de acordo com o clima quente. A chuva havia parado e o sol brilhava intensamente. Tirou o casaco e amarrou na cintura. Vários meninos e jovens passavam olhando para ela, com interesse especial no rosto estrangeiro e nos longos e acobreados. Na mão apertava o aparelho azul, sentia as suas pontas se encolhendo antes que tomasse uma nova forma.
Uma fuinha branca farejava dali do pescoço onde se enrolava. Seu corpo era todo branco e coberto de tatuagens roxas. Um anel metálico refletia entre a cabeça e as patas dianteiras. Os olhos grandes e amarelos encontraram com os olhos da garota. Ela sussurrou algo em russo e ele confirmou que ela não precisaria temer a comunicação, o Digivice poderia facilmente liga-la aos outros.
Então saiu para as ruas. Eram muito movimentadas. Totalmente diferente da cidadezinha de que viera. Também pensou que o povo japonês se comportava de alguma forma diferente do povo russo. Mas não sabia dizer qual era exatamente a diferença. Ficou paralisada enquanto todas aquelas pessoas em trajes formais passavam balançando suas maletas. Ao longe, helicópteros militares sondavam os prédios atingidos pelo ataque de ontem à noite.
– ZSC. – Disse o Digimon em seu pescoço.
 
 
Liam se levantou. As costas doíam como se fosse um velho. Se espreguiçou empurrando a lombar com as mãos. Começou a recapitular os acontecimentos da noite passada. A forma como perseguira aqueles Digimon, a bagunça deixada por um deles, a TV alertando sobre os incidentes, indo a público a possibilidade de terrorismo e fenômenos naturais. Ligara para Noriko enquanto corria para o apartamento, quando abriu a porta, encontrou um garoto. O menino parecia muito assustado.
Foi então que aconteceu. O Digimon saltou pelo sofá, ele atirou em vão. Os pés da criatura o acertaram nas costas. Mas não tinha chance de ter ficado desacordado toda a noite por um chute nas costas. Passou as mãos pelo pescoço em busca de alguma coisa, qualquer coisa. Uma marca, um furo, um inchaço, o que for.
A TV estava ligada. As escolas de Shinjuku estavam paralisadas até segunda ordem. As empresas, contudo, não pareciam querer parar. Homens usavam roupas de proteção bioquímica. A câmera pegava os macacões amarelos por detrás de furgões pretos. Eles coletavam amostras. Ao olhar pela varanda, avistou os helicópteros militares sobrevoando a cidade.
Depois, mirou o prédio governamental. As duas torres que se erguiam dele, as antenas rodeando as estruturas do topo. Sentiu um calafrio. Em tempos assim, aquele edifício se agitava. Lembrou da Orpheus, das vezes que foram levados até aquele mesmo prédio, do interrogatório feito pelos agentes do governo antes de as Nações Unidas dissolverem a organização que mantinha sede também em Shinjuku.
A chuva parou e a luz forte do Sol, além de irritar aos seus olhos, mostravam todo o estrago que se escondera nas sombras.
“Não há confirmação de mortes. Há pelo menos quinze feridos e dois desaparecidos. Os prédios atingidos foram evacuados até segunda ordem. As autoridades afirmam que encontraram vestígios nos arredores, incluindo duas escolas da região e a estação de Shinjuku. Apesar disso, a estação não deve parar e está em funcionamento. Moradores de Shibuya se depararam essa manhã com árvores derrubadas e crateras próximas aos templos. Ainda não há confirmação de ligação entre os incidentes.”
 
– Quinze feridos... Dois desaparecidos?
Sentiu o cheiro de café. Noriko colocou uma garrafa sobre a mesa, voltou para a cozinha para pegar um prato com a sua refeição. Liam arrastou os pés até a mesa. A ficou encarando, sem se sentar. A mulher já se cansava daquilo. Totalmente irritada com a expressão dele, estava pronta para bater os punhos contra a superfície da mesa. Não importava a sujeira que poderia fazer na possibilidade de virar o prato ou a xícara de café.
Liam se vira. Encara o céu azul. Noriko acompanha o caminhar dele até o vidro que separa a sala da varanda. Os olhos dela também se prendem no céu, conta os helicópteros que aparecem como pontinhos, vai descendo até encontrar o prédio governamental.
– As férias de verão estão tão perto. – Diz. – Que alívio.
O homem nada responde.
– O que fez comigo? – Apalpou o pescoço. Não encontrava nenhum ponto sobressalente ou dolorido.
– Ontem? – Encostou a xícara nos lábios. Pressionou a louça. – Só te botei para dormir?
– Como?
– Acho que está se esquecendo, Liam. Não sou só uma professora do ginásio.
– O que você usou em mim?
– Que importância isso tem? – O rosto dele surge acima dos ombros. Os olhos marcados pela sombra das sobrancelhas franzidas. Ela o encara no fundo, sem medo de fazê-lo e continua: –Você não tem nem uma especialidade em medicina ou farmacologia.
Os pés dele batiam com força no chão. Por onde andou, derrubou coisas. Foi pegando todas as caixas de medicamento que via pela frente, lia o rótulo por um instante e já a atirava contra a pia ou a lixeira. Noriko se levantou. Avançou contra ele.
– Ei! Ei! Ei!
Não atendeu. Ela deu um soco contra as costas dele. Os músculos eram grandes e rígidos, mas isso não o impediu de sentir dor, ainda mais quando havia sido derrubado por um monstro de outra dimensão. Liam se controlou para não soltar algum grito relacionado a dor. Virou-se tentando acertá-la com as mãos. As pernas esguias e compridas dela chutaram um dos punhos e num salto se prenderam aos dois ombros.
Há quanto tempo não fazia nada assim? Tinha medo de o abdômen ou as coxas já não serem fortes o suficiente. Deum um impulso, torceu as pernas. Sentiu o baque. A dor se alastrando pelo corpo. A perna presa sob o corpo pesado do outro. Mas ele foi quem recebeu o maior dano pela queda.
Noriko conseguiu se levantar com facilidade. Mancava com a perna que recebera o impacto. Agachava-se para pegar as caixas que foram jogadas. Olhou para Liam. Ele estava observando o teto, ainda no lugar em que caíra.
– A propósito, essa é minha casa. Se você tenta ferir um dos amigos daquelas crianças, ainda mais aqui dentro, você não é bem-vindo.
Ela aponta para a porta. Ele se encostou numa parede, depois se levantou. Foi pisando todo desajeitado, a roupa toda amassada. Parou na porta para arrumar as golas. Arriscou encontrar o rosto de Noriko mais uma vez. Estava vermelha e ofegante. Bateu a porta.
Voltou a se sentar. Tomou o café e comeu. Depois lavou a louça. Não sabia muito o que fazer durante aquele dia, então pensou em ligar para Daniel para saber se as crianças estavam bem após os eventos da noite passada, mas, desencorajada, ficou presa na lista de contatos por muito tempo. Desistindo dos alunos, baixou a lista. Encontrou um nome, Sana, e pressionou o dedo sobre a tela.
Estava chamando. Colocou na orelha. Minutos e ninguém atendeu.
“Mas é claro. O que você esperava? Deve ter ficado a madrugada toda...”
Mesmo o seu pensamento foi interrompido. Um helicóptero passou muito próximo, o viu nitidamente em sua janela. O som. As antenas no prédio governamental refletiam a luz forte do céu de verão. Teve a impressão de enxergar algum entranho brilho nas duas torres. Pressionou o tecido da roupa.
 
 
Mako ainda tossia muito. O avô trazia a sopa e o remédio de febre. A menina não sabia o que fazer. Precisava saber dos amigos, mas nunca despistaria o avô. Quando chegou em casa, foi logo parada por ele. Queria saber o que uma menina da idade dela fazia naquela hora na rua embaixo de chuva. Ela não soube o que dizer, não poderia explicar sobre os Digimon o a ZSC. Isso tudo seria uma loucura.
Viu a expressão de decepção e o seu estômago se contorceu. Sabia que ele iria telefonar para a sua mãe ou pai contando sobre o que ocorrera. E ela, estava de castigo, disse. Tudo que poderia fazer era ir até a escola. Não poderia mais ir ao parque e mesmo dos clubes teria de faltar nas próximas semanas. Temeu que ele lhe deixasse naquela situação durante todo o verão. Ainda mais agora que aguardavam uma resposta e que os Digimon iriam embora, SlashAgumon iria embora.
Não conseguia aceitar que corria o risco de não se despedir dele.
Uma TV estava ligada em algum lugar. Daniel deixara uma mensagem em seu celular falando sobre a escola. Tirara Dorumon e SlashAgumon de lá antes que as autoridades chegassem. Não sabiam que tipo de vestígio de ataque poderia existir lá, mas não queria arriscar a ter os parceiros descobertos. O menino também contou sobre os quinze feridos. Na TV, o número de feridos crescia aos poucos.
Quando perceberam que a febre não passaria e as tonturas começaram a atingir a menina, o avô temeu que os hospitais estivessem demasiadamente cheios por conta do que ele pensava ser um atentado.
– Eu não preciso... de... hospital. – Levava a sopa à boca, não com hashis, mas com colher. E aquilo até lhe deu conforto, pois era assim que comia em Seattle.
O velho continuava andando em círculos.
– Você vai contar... para a mamãe?
O avô queria dizer nada. Continuou sua trajetória repetitiva até o horário de retornar à padaria. Assim que ele saiu, Mako foi checar as mensagens. Recebera algumas de Sachi, alegre por terem paralisado a escola, das amigas americanas, mas nenhuma de Daniel ou Daiki. Começou a se preocupar.
Puxou o Digivice. Estava escondido sob o travesseiro. Girou o aparelho nas mãos procurando por todos os botões. Ao encontrar todos, queria saber se, de alguma forma, um deles poderia ajudá-la a falar ou ver SlashAgumon. Desistiu do aparelho.
 
 
Daniel andava pela estação de Shibuya. Parou no terminal e aguardou. Era raro vê-lo de bermuda, mas era um desses dias muito quentes. As cigarras anunciavam suas trocas de pele por toda a cidade e os asfaltos estalavam junto delas. O calor era como uma sinfonia também, uma sinfonia de cigarras, se suspiros e de estalos.
Daiki acenou para ele. Apenas levantou a mão para o outro. O alto se aproximou todo desajeitado, esbarrando nas pessoas que via pela frente. Parou ao lado do moreno. Também usava bermudas dessa vez. As pernas estavam muito pálidas e o outro teve vontade de rir disso, mas se segurou. Lunamon vinha com ele, apenas a cabeça aparecendo para fora da bolsa.
Daniel sentiu pena da princesa, por ter de se submeter àquela situação num dia quente como aquele. Iria sofrer muito por esconder o corpo dentro de uma mochila, pensou. Mas ela, se sentia, não deixava isso transparecer em irritação ou inquietação. Nem mesmo parecia suar. Era exatamente como um bichinho de pelúcia deveria ser.
– Para onde vamos? – Perguntou Daiki.
– Akihabara. – Coçou a parte detrás da cabeça. – Tenho de comprar algumas coisas para o meu computador. O Dorumon disse que seria bom se eu levasse uns equipamentos para ele também. Ele acha que pode conseguir localizar a Ignifatumon usando o aparelho quebrado do Yasyamon.
– Como era esse Yasiamon? – Daiki levou a mão ao queixo.
– Os Yasyamons são guerreiros com espadas de madeira.
– Se a Mako estivesse aqui, ela poderia lhe mostrar um com aquele aplicativo no celular. – Parou de coçar a cabeça. Teve uma sensação bastante estranha. Olhou em torno, mas não havia nada de diferente além dos helicópteros sobrevoando os prédios atingidos. Mas de alguma forma, a silhueta do prédio governamental, muito ao longe, em Shinjuko, lhe atraiu. Um calafrio.
– Ela não vem? – Daniel deu um salto ao escutar a voz de Daiki. – Ei, o que foi?
– N-nada. – Teve a impressão de que alguma luz saía das torres do edifício. Esfregou os olhos. Devia ser o calor. Tinha visto algo na internet sob a temperatura modificar o índice de refração do ar o que poderia causar muitas ilusões, até mesmo a de ver o céu em partes do asfalto. – A Mako não viria. Ela parece ter pego um resfriado e está de castigo.
– De castigo? – Lunamon tentou virar a cabeça de dentro da bolsa.
– Por quê? – O moreno achava estranho o fato de a voz do outro sair tão trêmula quando o assunto era Mako.
– Parece que o avô percebeu que ela não estava de casa durante a noite.
Um trem parou. As portas se abriram e as pessoas começaram a sair. Os dois caminharam para entrar o quanto antes. Daniel sentiu um novo calafrio. Olhou para a esquerda e viu uma menina ruiva. Iria se virar, mas quando o fez, ela já havia sumido no meio da multidão. Daiki o puxou para dentro do trem. Se acomodaram nos bancos que já não estavam tão lotados naquele horário.
– Está bem? – Perguntou Lunamon, a bolsa no colo de Daiki. Várias pessoas olharam em volta procurando pela voz infantil. Jamais imaginariam que aquele coelho rosado e fofinho estava falando.
– Estou, mas é que... – Apontou para as janelas do trem. Depois voltou o dedo até a boca, não conseguia encontrar a menina. – Tinha uma menina ruiva e... – Se virou para Lunamon, a expressão insinuativa dela fez suas bochechas incandescerem. – Ei, não é isso! Eu só tive a sensação de que ela é como nós.
– Uma menina ruiva, hum? – Daiki colou o rosto contra a janela. – Eu acho que vi uma garota assim.
A menina, que saía de mais uma estação, levantava o Digivice para o alto. O círculo holográfico tinha uma seta azul nas bordas. Ela girava. Apontou para baixo e assim que o trem começou a se mover, foi mudando de direção.
– Eles estavam aqui. – A fuinha se levantou por detrás do pescoço da ruiva. Olhou para o trem que partia.
– Droga. – Bateu o pé. – Tenho que descobrir pra onde foram.
Os olhos do Digimon se expandiram. Ele se enrolou novamente e a encarou.
– Um Digimon.
– O que? Onde? – Um pequeno corpo esverdeado passou planando sobre a cabeça dela. Conseguiu avistá-lo indo na direção do trem, mas haviam muitas pessoas. Chamaria atenção demais. – Ele? Esse lugar está cheio, Kudamon. Vai chamar muita atenção.
– Não ele. Tem outro. Na rua.
Terriermon pousou sobre o trem em movimento. Abaixou as orelhas e agarrou as estruturas de metal com as mãos para que não fosse arremessado. O trem já estava distante da estação quando uma tampa de bueiro estourou e o que parecia ser vapor começou a vazar com muita intensidade. As pessoas correram se afastando.
– Ele acabou de atingir este plano. – Abaixou o Digivice. Esperou que todo mundo corresse para mandar que Kudamon saltasse.
O Digimon saiu rápido com um relâmpago. Batia contra as superfícies e ricocheteava como se seu corpo fosse uma mola. Assim ficou rodeando o bueiro até que um inseto gigante e vermelho rachasse o asfalto para sair.
– Kuwagamon, Digimon adulto do tipo inseto, atributo vírus. – Leu no holograma de seu Digivice. – Cuidado com os braços dele, Kudamon.
Mas era impossível para o inseto agarrar o outro com as suas mãos cortantes. Além de se esquivar com tamanha facilidade, sempre ricocheteava contra o chão e acertava o outro como uma bala envolta em eletricidade. O besouro tombou.
– Aproveite que ele ainda está instável.
Naquele último golpe, começou a ficar borrado, como uma imagem digital formada por pixels, até estourar em partículas multicoloridas.
– Ele não tem ligação com a ZSC. – Kudamon se atirou contra o pescoço da menina. Ela sentiu alguma dor quando ele bateu e se enrolou. – Era muito fraco.
 
 
O trem fazia sua parada. Daniel e Daiki desceram esticando braços e pernas. Foram até uma máquina de refrigerantes. O japonês comprou duas, pois uma delas era para Lunamon, que dessa vez bebeu tudo sem nenhuma reação negativa. Seria fácil se acostumar com aquela bebida, pensou, deveria ter saído mais da casa de Daiki onde só se viam os sucos naturais.
A estação de Akihabara era toda branca e iluminada em seu interior. Saíram direto para uma ampla calçada de paralelepípedos muito limpos. Já ao lado estavam algumas entradas para lojas. Os olhos de Daniel brilharam ao avistar todos aqueles painéis coloridos anunciando tecnologia.
Algumas meninas andavam pelas ruas com roupas de empregada e orelhas de gato para entregar panfletos e atrair clientes para os maid-cafés em que trabalhavam. Daniel conseguia se tornar impassível, mas Daiki realmente não sabia o que fazer sempre que uma delas se aproximava dele. Começava logo a ficar vermelho.
Acabaram indo em um dos cafés. Daiki jurava que nunca tinha entrado em um daqueles. Ficou o tempo todo com as mãos escondendo o rosto. A garçonete da mesa dos dois não parava de falar sobre isso numa voz fina, imitando alguma personagem de anime moe. A cada uso de sufixos, o menino ficava mais vermelho, já se via a hora em que soltaria fumaça pelo nariz.
Lunamon encarava tudo aquilo com a testa franzida, muito irritada com a voz que a moça forçava. Ao saírem dali, foram em direção a uma loja de tecnologia que Daniel visitara uma vez. Passaram por uma mulher muito jovem que parecia tentar esconder o rosto com um capuz.
– Oh.
– O que foi? – Daiki e Lunamon disseram em uníssono.
– Tenho certeza de que já vi aquela menina antes.
– Hoje é o dia do Daniel falar sobre meninas! – Gritou Lunamon. Um grupo de garotas que passava se aglomerou em torno de Daiki para dizer o quanto o coelho de pelúcia era bonitinho.
O moreno suspirou e continuou quando o grupo se foi:
– Ela é uma streamer de jogos. Pink LopLop.
– Por que ela está tentando se esconder?
 
 
As paredes em forma de cúpula eram cobertas por telas. O lugar estava consideravelmente escuro e as telas eram multicoloridas. Alguns homens de terno adentraram e então as telas começaram a transmitir imagens da cidade toda. Muitas delas mostravam o que acontecia ao vivo na cidade e outras mostravam imagens de Digimon que haviam sido capturadas anteriormente.
Conseguiram captar quando Kuwagamon estourou um dos bueiros para sair e uma menina junto de Kudamon o derrotou. Não conseguiam captar com precisão a imagem da fuinha. Os homens começaram a discutir sobre as cenas, sobre o risco que aquelas crianças estavam correndo ao se juntar àqueles monstros.
Um deles tomou a dianteira. Focou nas imagens de homens em roupas de proteção bioquímica retirando amostras dos edifícios atingidos por Birdramon e das crateras, resultados da luta contra Ignifatumon.
– O que a mídia sabe sobre isso?
– Conseguimos contorna-los com as teorias de terrorismo.
– Veem? Precisam de nosso projeto em funcionamento o quanto antes. – Disse firme aquele que tomou a dianteira. – Quanto mais adiarem, mais difícil será de conter os incidentes. Assim que eles tomarem proporções, será impossível esconder do público o que está ocorrendo e então todos entrarão em pânico. Imagino que não é isso que o senhor secretário deseja para o nosso país.
– E como exatamente ele funciona?
– Apesar de os testes de campo terem sido impedidos anteriormente, temos a ideia de que ele consegue agir sob as cadeias moleculares artificiais dos Digimon, que apresentam ligações muito frágeis, e, assim, transforma-los novamente em dados que são sugados em direção aos nossos receptores e enviados de volta à rede. Com o avanço do projeto, poderemos não só empurrar aqueles que estão em plano físico de volta para o seu mundo, mas também tapar todas as fendas que permitem a sua entrada e aos poucos dissolver a própria rede.
– Dissolver a rede? Isso teria implicações em nosso mundo?
– Sim. Sempre que executado, poderemos ter uma queda no rendimento da internet e alguma interferência em aparelhos eletrônicos. Isso acontece num piscar de olhos e, de qualquer forma, os usuários estão acostumados a problemas de rede e nem chegariam a perceber uma queda tão insignificante.
 
 
Alguém bate à porta de Noriko. A mulher teme que possa ser Liam, mas ao sondar pelo olho mágico percebe uma jovem. Abre a porta e o cabelo castanho balança sobre o rosto e ombros no momento da entrada. As duas se abraçam. Ao se separar, olham uma para a outra como se não acreditassem que estavam mesmo se encontrando.
– Você demorou. Achei que nunca viria. – Noriko sorriu de cima, pois a outra era um tanto mais baixo que ela, como a média das mulheres. – Faz quanto tempo que está em Tokyo, Sana?
– Três dias? Não sei. – Vai até as portas de vidro da varanda. Olha para as luzes piscando no prédio governamental de Shinjuku. – Você tem um lugar legal aqui. – Noriko balança a cabeça afirmativamente. – Eu tinha me enjoado de Seoul.
– Sana, eu tinha que falar com você... – Vai arrastando os dedos pela beirada da mesa. Para. Os olhos das duas se encontram. Sana tem uma expressão preocupada. – É sobre os Digimon e a Orpheus.
– Queria que isso fosse uma surpresa. – Tirou o casaco e a mochila. – Mas eu estou em Tokyo exatamente por isso. Eu sabia que você entenderia.
– Faremos isso?
 
 
Os meninos desceram do trem em Shibuya. Começava a escurecer.
Ao chegarem à rua, se assustaram com os furgões que estavam mais uma vez checando o local. Daiki empurrou a cabeça de Lunamon para dentro da bolsa, ela esbravejando e tentando impedi-lo, e fechou o zíper. Os homens passavam um aparelho muito semelhante a um detector de metais. Uma luz vermelha próxima das pontas, ficava oscilando.
Os dois se desviaram daquele caminho e correram em direção a um beco para pegar um atalho para longe daqueles carros. Embora a mídia apresentasse o tempo todo a possibilidade de um atentado, eles desconfiavam que o governo sabia muito bem o que estava acontecendo. Sabiam sobre os Digimon.
Daniel chegara a ligar a professora Noriko ao pensamento. Ela sabia de muito mais coisas sobre os Digimon do que ele próprio que tinha um parceiro junto dele. Quando chegaram a um lugar aberto, olharam em volta. Não havia sinal dos homens do governo. Daiki deixou que Lunamon tirasse a cabeça para fora novamente e a princesa se aliviou.
Naquele momento a menina ruiva parou de frente com eles, o Digivice estendido, pois o usara para encontra-los. Abaixou o braço. Kudamon se esticou e ficou em pé no ombro dela. Daniel sabia que era ela quem ele viu no trem mais cedo.
– Ela não parece ser daqui. – Daiki olhava para as roupas e o rosto da menina.
– Eu não sou. –  Chegou mais perto. – Sou da Rússia. E, na verdade, o único motivo de conseguir entender você é por também terem Digivices.
– Não sabia que ele tinha esse tipo de função. – O moreno pegara o Digivice dele também. O círculo holográfico se abriu e ele leu sobre Kudamon. – O que fazem aqui?
– Estávamos procurando por vocês. – Os olhos verdes dela se levantaram. – Tem algo que nós temos que mostrar. – Tirou o objeto azul do bolso, estava em forma de cubo. Assim que pressionou o dedo indicador contra ele, começou a brilhar e oscilar o formato. Flutuou. – Nós sabemos onde a ZSC está se escondendo na Terra.
– Como assim? – O alto olhou com estranheza. – Achei que eles estavam vindo direto do Mundo Digital.
– Não. – Disse Lunamon.
– Não mesmo. – Disse Kudamon. – Isso seria arriscado demais. Talvez tivessem esse descuido se não fosse o cientista que tem coordenado a equipe.
– Me lembro de quando cheguei ao mundo humano. Meu corpo parecia que se desmancharia por um simples toque.
– Além do gasto de energia, os corpos dos Digimon são muito instáveis quando acabam de atingir o plano físico. – Explicou Kudamon. – A Ellada tem utilizado da tecnologia para controlar a evolução de seus Digimon e tornar mais seguro o transporte para esse mundo.
– Então... – Daniel ergueu uma das sobrancelhas. Olhava para o chão enquanto refletia.
– Poderemos resgatar Lazulitemon. – Lunamon terminou.
 
 
Sana retirara toda a aparelhagem de dentro da mochila. Um dos objetos, em forma de prisma retangular, ligava todos os outros. A menina o plugou no laptop de Noriko por meio de vários cabos. Uma esfera metálica flutuava em torno delas. Era uma cabeça com grandes olhos vermelhos. Uma engrenagem dourada envolvia essa cabeça e outras duas flutuavam como se fossem os seus braços.
– Me ajuda aqui, Hagurumon. – Ele se aproximou do prisma, brilhou e desapareceu. O objeto cresceu, como se tivessem se fundido. A tela do laptop mudou. Sana digitou alguns códigos. – Está pronto.
Noriko balançou a cabeça. Se sentou, puxou o microfone. Uma câmera posta sobre a mesa começou a focalizar o seu rosto. Sana se sentou atrás dela.
– A todos os agentes da Orpheus... – Balançou a cabeça. Apertou uma tecla e reiniciou a transmissão. – Vamos, vamos... – Sibilava. As mãos tremiam muito e Sana puxou uma delas para si. Apertou. Queria encorajar a amiga. – Aos ex-agentes da Orpheus... – Abaixou a cabeça. Respirou fundo. Olhou para a câmera, tinha apreensão nos olhos e a nostalgia fazia o peito arder com o coração batendo muito forte. Reiniciou a transmissão mais uma vez. – Chamando todas as unidades da Orpheus. Todas as unidades da Orpheus...
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